Montadoras americanas pedem socorro urgente e imediato

NOVA YORK (AFP) – A indústria automobilística americana precisa da ajuda imediata do Estado para sobreviver e não pode esperar pelo fim de janeiro, até que Barack Obama, mais sensível do que seu predecessor a essas dificuldades, assuma a direção da primeira economia mundial.
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Sinal da preocupação dos mercados, a ação da General Motors perdia 16,37%, a 2,81 dólares, nesta terça-feira, por volta das 15h40 GMT (13h40 de Brasília), após despencar 22% na segunda.

General Motors e Ford, os dois maiores fabricantes de automóveis dos Estados Unidos, acumularam quase 30 bilhões de dólares em perdas líquidas este ano. Desde a publicação, na sexta-feira, de seus resultados trimestrais, os apelos a um socorro de urgência são ainda mais prementes.

"É uma questão para qual é preciso se voltar com urgência", frisou o presidente-executivo da GM, Rick Wagoner, em declarações ao jornal especializado "Automotive News".

No topo da lista de solicitações do setor está uma dotação de 25 bilhões de dólares, votada no início de setembro pelo Congresso para ajudar a indústria automobilística americana a reorientar sua produção para modelos mais ecológicos. Por razões burocráticas, esse dinheiro ainda não foi desbloqueado.

O fato é que essa soma já não é suficiente e precisa ser dobrada para 50 bilhões de dólares, valor cada vez mais consensual em Washington.

O presidente eleito, Barack Obama, que seria favorável à medida, pediu ontem a George W. Bush que libere os fundos, sem esperar mais. Bush se diz, por sua vez, favorável ao pacote para as montadoras, mas sob condições, de acordo com fontes próximas às discussões citadas nesta terça-feira pelo jornal "New York Times".

Os parlamentares democratas escreveram ao secretário do Tesouro, Henry Paulson, para que ele permita que o setor automobilístico se beneficie das ajudas disponibilizadas pelo plano de estabilização do sistema financeiro, de 700 bilhões de dólares. Segundo o canal financeiro CNBC, a Casa Branca estaria decidida a estudar essa opção.

A GM, que emprega 250 mil pessoas somente nos EUA, foi totalmente franca sobre sua capacidade de atingir suas metas nos próximos meses. Na sexta, o grupo admitiu que seu caixa – e, conseqüentemente, sua capacidade de financiar suas operações -, deve estar vazio a partir do início de 2009.

Mas, na verdade, é a capacidade de sobrevivência da "indústria americana em seu conjunto" que está sendo posta em xeque por Wagoner. Para o CEO da GM, uma ajuda do governo permitiria ao setor conseguir se manter respirando – sem dispensar, defende ele, uma forçosa reestruturação, devido à derrocada prolongada do mercado automobilístico americano.

Este ano, o número de carros vendidos nos EUA deve atingir seu nível mais baixo desde o início da década de 1980, com uma queda de mais de 25% em relação a 2007, de acordo com algumas estimativas.

Entre os três fabricantes nacionais (GM, Ford e Chrysler), é a GM que concentra as preocupações do mercado em curto prazo, com os outros dois se beneficiando de um caixa um pouco mais confortável.

Na segunda-feira, os analistas do Deutsche Bank divulgaram que "sem ajuda do governo, uma falência da GM é inevitável, e isso precipitará um risco sistêmico difícil de superar para os construtores, fornecedores e concessionárias".

O Deutsche Bank acredita que a GM precisará, sozinha, de 35 bilhões de dólares para voltar a ter fluxo de caixa e financiar sua reestruturação até 2010.

GM, Ford e Chrysler gastam suas reservas há vários trimestres, a um ritmo desenfreado, precisando de quantias significativas para reestruturar sua produção, enquanto que as vendas caem sem parar.

Nem a Ford, nem a GM podem fazer um novo apelo no mercado para levantar capital, diante da queda livre de suas cotações. A menos de 2 dólares por ação, a Ford vale menos de 4 bilhões de dólares na Bolsa. A GM, ex-número um mundial, está avaliada agora em menos de 2 bilhões de dólares

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