Desemprego nos EUA e na Europa indica que a crise do capitalismo ainda está longe do fim

 As últimas estatísticas sobre a evolução do desemprego nos Estados Unidos e na Europa arrefeceram o ânimo de alguns analistas que previam para o segundo semestre deste ano o fim da crise do capitalismo mundial e o início da recuperação das economias mais industrializadas. A continuidade das demissões em massa sugerem que ainda não chegamos ao fundo do poço da recessão global, o que alterou a percepção dos "mercados" e promoveu uma nova onda de instabilidade e baixas nos mercados de capitais.

O desemprego na Zona do Euro atingiu o ponto mais alto da última década, 9,5%, mesmo percentual dos EUA, que amargam a maior destruição de postos de trabalho nos últimos 29 anos. O futuro tende a ser pior: a Comissão Européia (CE), órgão executivo da União Européia (UE), há muito prevê que a taxa de desocupados vai superar os 10% muito em breve, enquanto especialistas do mercado de trabalho concordam que o indicador deverá atingir 12% em 2010.

Severa recessão

Nos EUA, o presidente Obama também reconhece que o desemprego provavelmente aumentará para 10% ainda neste ano. "Ainda não atingimos o fundo do poço", avalia Martin Hatchkinson, analista do Breakingviews. Desta forma, vai se confirmando a impressão de que esta é a maior crise vivida pelo sistema capitalista e imperialista desde a 2ª Guerra Mundial. Configura-se igualmente como a recessão mais global e sincronizada da história.

Hatchkinson destaca que "a perda de postos de trabalho é maior que em qualquer outra recessão econômica ocorrida nas EUA desde 1980, pois continua ininterruptamente desde o outono passado. Somente no mês passado, foram perdidos 467.000 empregos, número 100.000 acima das últimas avaliações".

Jovens sem perspectivas

Quase 500.000 postos de trabalho foram perdidos em toda Europa, incluindo a UE, elevando a soma total de trabalhadores desempregados registrados para 21 milhões – 15 milhões na Zona do Euro. Os jovens são os que mais sofrem e a perspectiva do primeiro emprego parece ter desaparecido do horizonte capitalista. Desde maio do ano passado a Europa registra mais de 5 milhões de jovens desempregados, 3,4 milhões dos quais na Zona do Euro, onde o desemprego registra aumento pelo 14º mês consecutivo.

Na Europa, o maior problema está na Espanha, onde o indicador atingiu 18,7%, enquanto entre os jovens está em 36,9%. O aumento do desemprego na Letônia, onde saltou para 16,3% (contra 6,1% no ano passado) é galopante, e na Estônia o indicador quadruplicou-se em 12 meses, de 3,9% para os atuais 15,6%.

Convenção 158 da OIT

Completando o quadro dos países bálticos, na Lituânia o percentual de desemprego triplicou, passando de 4,7% em maio de 2009 para 14,3% neste ano. No lado oposto do espectro, a Holanda conserva o melhor desempenho da Europa, com apenas 3,2% (2,8% em 2009) de desemprego, seguida pela Áustria, com 4,3%. Nos países onde vigora a Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) os trabalhadores e trabalhadoras vivem uma situação relativamente bem melhor do que nos que não ratificaram a norma da OIT que coíbe demissões sem justa causa.

O desemprego deve continuar aumentando por vários meses depois que a recuperação tiver início, já que na opinião generalizada dos especialistas a evolução do mercado de trabalho acompanha a da economia com algum atraso. Também no início da presente crise, os indicadores da atividade econômica começaram a despencar vários meses antes de começar o aumento do desemprego.

Além disto, tudo indica que a recuperação será anêmica, afetada também pelo círculo vicioso de queda do consumo provocado pelo aumento do desemprego e da pressão descendente que este exerce sobre os salários.

(Portal CTB, com informações de Maria Segre, da sucursal do Monitor Mercantil na União Européia)

 

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