O Departamento de Estado norte-americano anunciou que não se reunirá com a missão enviada a Washington pelo governo golpista de Roberto Micheletti. Já o presidente deposto, Manuel Zelaya, deve ser recebido hoje (07) pela secretária de Estado, Hillary Clinton. "Não sabemos de nenhuma delegação vindo para cá. Mas, se for do 'regime de fato', o Departamento de Estado não se reunirá com eles", disse o porta-voz da chancelaria americana, Ian Kelly, explicando que se trata de um governo que os Estados Unidos não reconhecem.
No décimo dia após usurpar o poder, a ditadura hondurenha partiu em busca de se fazer ouvir no exterior, numa tentativa de conquistas um pouco que seja de legitimidade. Depois de disparar metralhadoras contra a população e impedir o retorno do presidente eleito ao seu país, os golpistas enviaram uma missão aos Estados Unidos, a fim de "negociar".
A investida, contudo, não deu resultados para o governo de fato. "Não sabemos de nenhuma delegação vindo para cá. Mas, se for do 'regime de fato', o Departamento de Estado não se reunirá com eles", disse o porta-voz da chancelaria americana, Ian Kelly, explicando que se trata de um governo que os Estados Unidos não reconhecem.
Ele acrescentou que o objetivo americano "continua a ser a restauração da ordem democrática em Honduras". "Renovamos nosso pedido para que todas as partes encontrem uma solução pacífica", afirmou Kelly.
Zelaya disse ontem que tentará de novo voltar a Honduras. "Disso não há dúvidas. Só não vou dizer como, senão eles vão se preparar". No dia seguinte à deposição do hondurenho, o presidente dos EUA, Barack Obama, qualificou o ato de "ilegal" e Hillary reiterou que se tratava de um golpe. Depois, os norte-americanos se tornaram coadjuvantes, atuando apenas no âmbito da Organização dos Estados Americanos (OEA).
Nesta manhã (07), contudo, em um discurso a universitários na Rússia, o presidente dos EUA destacou seu apoio aos esforços para reconduzir o líder deposto à presidência de Honduras. Segundo Obama, os EUA não apoiam Zelaya por estarem "de acordo com ele, mas porque respeitam o princípio universal de que os povos devem eleger seus próprios líderes, concordemos com eles ou não".
As ameaças de violência têm empurrado a crise a um novo nível, com os golpistas agora mais dispostos a dialogar. Uma das resoluções propostas é adiantar as eleições de novembro. As negociações, no entanto, estão emperradas porque a OEA não abre mão da restituição total de Zelaya ao cargo – acontecimento que Micheletti já disse ser impossível. Outra opção seria o retorno de Zelaya com poderes parciais.
Zelaya disse que, nas reuniões em Washington, tratarão sobre o cumprimento das resoluções das Nações Unidas e da OEA, "sobre os preceitos da Carta Democrática do Sistema Interamericano, sobre o respeito aos regimes com origem na vontade popular".
Também serão discutidas as "sanções que estes regimes têm que sofrer em nível internacional, a fim de que estes eventos, como no caso de Honduras, não voltem a acontecer em seus países e em nenhum lugar do mundo", acrescentou Zelaya.
"A interrupção pela força de um governo eleito pela vontade do povo é uma violação a todos os princípios dos direitos democráticos dos povos", disse. Zelaya foi expulso e posteriormente destituído do governo do país no dia 28 de junho.
De acordo com Zelaya, o objetivo principal das conversas será restituir o sistema democrático em Honduras. Ele destacou que esta "é a primeira vez que a ONU e a OEA condenam um golpe de Estado e rechaçam qualquer ato de um governo isntituído pelas armas, com a finalidade de não dar-lhe nenhum crédito".
Em Honduras, o governo de fato manteve uma série de medidas restritivas como o toque de recolher . O aeroporto de Tegucigalpa foi fechado para voos comerciais por 48 horas.
Vermelho (Com Agência Estado)