México: deputado alerta para conflitos sociais no campo devido à pobreza

CIDADE DO MÉXICO, 28 JUL (ANSA) – O presidente da Câmara dos Deputados do México, César Duarte, do opositor Partido Revolucionário Institucional (PRI), advertiu nesta terça-feira que a pobreza na zona rural do país "gerará conflitos sociais".

Segundo a Confederação Nacional Camponesa, ligada ao PRI, no México ao menos 15 milhões de pessoas (14% da população) passam fome. Duarte alertou hoje para a relação entre pobreza e criminalidade, ao ressaltar que os problemas econômicos no campo são o "alimento do crime organizado".

No México, o índice que mede a elevação do preço dos alimentos registrou uma diferença de 135% em relação à inflação geral ao consumidor no primeiro semestre do ano, de acordo com relatórios do Banco Central.

Já estudos do Instituto Nacional de Estatística, Geografia e Informática indicaram que na primeira metade de 2009 foram gastos quase US$ 4 bilhões na importação produtos agrícolas, o equivalente a 24% de todos os bens de consumo que foram importados no período.

O diretor da Confederação das Câmaras dos Industriais do México, Salomón Presburguer, afirmou hoje que o modelo econômico do país "está esgotado", e disse que "não é sustentável em longo prazo continuar com 20 milhões de pobres e uma queda nas receitas da população".

 "Não conseguimos crescer mais que 2% ou 3%. É tempo de romper paradigmas. Os programas assistencialistas foram insuficientes, porque é preciso baratear a mão de obra para poder trabalhar no México", opinou o representante dos industriais.

Uma pesquisa recente demonstrou que a crise econômica mundial e a perda de poder aquisitivo do cidadão por conta do aumento internacional no preço dos alimentos em 2007 e 2008 se traduziram em um agravamento da pobreza extrema no México a partir do ano passado.

O estudo também revelou que o fluxo menor de remessas que chegam ao país, sobretudo às famílias mais pobres, e o efeito da contração da atividade econômica na primeira metade do ano, "aumentaram mais a pobreza no México durante o ano de 2009".

O chefe de governo da Cidade do México, Marcelo Ebrard, do Partido da Revolução Democrática (PRD), de oposição ao governo federal, analisou hoje a política econômica que o país vem adotando no governo de Felipe Calderón.

"Não é possível que com todos os recursos que o México tem, o Tratado de Livre Comércio, entradas de petróleos [que alcançaram US$ 70 bilhões em um curto tempo] e com um dos investimentos mais altos da América Latina, tenha hoje um crescimento baixo" opinou Ebrard. (ANSA)

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