A CSA (Confederação Sindical de Trabalhadores e Trabalhadoras das Américas) vai enviar a Honduras, na próxima quarta (5), uma missão composta por cerca de 15 dirigentes sindicais de vários países do continente. O objetivo é intensificar as mobilizações contra o governo provisório de Roberto Micheletti. Até domingo, o grupo percorrerá cidades como a capital Tegucigalpa e o município de San Pedro de Sula, onde os protestos se mantêm intensos.
"A gente vai expressar a solidariedade dos sindicalistas das Américas ao povo hondurenho. A ideia é verificar as atrocidades do regime ditatorial", explica o venezuelano Iván González, coordenador político da CSA no Brasil. González foi enfático ao dizer que "não tem como abrir um diálogo com um regime ditatorial. Nós vamos denunciá-lo, intensificar a pressão".
Inicialmente, os dirigentes vão se encontrar com as três principais sindicais hondurenhas: a Confederação Unitária de Trabalhadores de Honduras (CUTH), a Confederação Trabalhista de Honduras (CTH) e a Central Geral de Trabalhadores (CGT). O grupo ainda poderá se reunir com representantes dos professores universitários, da Liga Campesina e de entidades hondurenhas de direitos humanos.
González analisou que, mesmo reprimindo com força as mobilizações pacíficas, o governo provisório de Micheletti não tem obtido êxito. "O fato é que a ditadura está caindo aos pedaços. O objetivo da repressão é amedrontar e impedir que o povo continue os protestos. Apesar disso, o povo segue nas ruas", avaliou.
González avaliou que a articulação dos movimentos sociais hondurenhos "é uma das melhores coisas que o golpe está provocando". "É um elemento que os golpistas não levaram em conta. Eles pensaram que iam depor Zelaya, tomar o poder e ficar por isso mesmo. O povo hondurenho tem mostrado que é uma fortaleza no meio da repressão, porque [o golpe] já tem mais de um mês e o povo continua na rua", pontuou.
O dirigente avaliou que "falta, de alguma forma, um compromisso maior dos Estados Unidos", já que o país mantém relações comerciais com Honduras. "Falta uma maior radicalidade contra os golpistas, porque [os EUA] têm algum respaldo no país". O venezuelano ainda considerou que "há um conflito interno dentro da ditadura". Na sua avaliação, parte dos militares tem exigido que Micheletti se mantenha no poder como forma de impedir o retorno de Zelaya.
Missão Internacional registra assassinato de dois professores
A Missão Internacional de Solidariedade, Observação e Acompanhamento a Honduras concluiu, neste sábado (1º), sua visita a Honduras com um saldo bastante negativo: dois professores assassinados. Ao menos oito opositores de Micheletti já foram executados desde 28 de junho, quando Manuel Zelaya foi destituído da presidência e expulso do país.
Só neste fim de semana, dois professores e militantes contrário ao golpe foram assassinados no país. Martín Florencio Rivera, de 37 anos, foi morto sábado com 25 facadas. O professor saía do velório de seu colega Roger Vallejo Soriano, de 38 anos, assassinado no dia anterior com um tiro na cabeça.
Soriano foi executado no momento em que participava da greve geral que paralisou Honduras nos dias 30 e 31 de julho. Os professores faziam parte do Colégio de Professores de Educação Média de Honduras (Copemh).
Composta por dez representantes de entidades das Américas e da Europa, a Missão Internacional acompanhou, de 26 de julho a 1º de agosto, as manifestações em defesa da democracia hondurenha e contra as violações aos direitos humanos cometidas pelo governo provisório do país. A Missão Internacional é organizada pela Rede Birregional Europa, América Latina e o Caribe "Enlaçando Alternativas".
Agência Adital