Sindicalista hondurenho e movimentos sociais do Brasil participam de atividade em São Paulo

Militantes de movimentos sociais do Brasil e de Honduras participam nesta terça-feira, dia 4 de agosto, de uma atividade aberta de informação e de solidariedade ao povo hondurenho, que há 36 dias vem resistindo ao golpe de Estado com manifestações pacíficas diárias realizadas nas várias regiões do país.

Convocada por diversos movimentos sociais, a atividade, que acontece entre as 17 e as 20 horas, no auditório da Ação Educativa (rua General Jardim, 660 – Vila Buarque), contará com a participação do hondurenho José Obólio Fuentes, da Central Geral de Trabalhadores (CGT) de Honduras, e Bernadete Monteiro, ativista da Marcha Mundial das Mulheres, que integrou a Missão Internacional de Solidariedade, Observação e Acompanhamento a Honduras, que esteve no país entre 26 de julho e 1o de agosto.

Durante os dias em que esteve no país, membros da missão testemunharam as manifestações em defesa da democracia hondurenha, pela volta do presidente deposto, Manuel Zelaya, e contra as violações aos direitos humanos cometidas pelo governo ditatorial, liderado por Roberto Micheletti. Somente neste final de semana (1 e 2 de agosto), a repressão às manifestações pacíficas resultou na morte de dois professores: Roger Abrahán Vallejo Soriano, de 38 anos, professor do segundo grau, morto em conseqüência de tiros recebidos na cabeça durante bloqueio de estrada no dia 30 de julho, e Martín Rivera, de 45 anos, professor de escola primária, assassinado quando regressava do velório de Roger.
 
Mesmo com o aumento da repressão, a Frente Nacional contra o Golpe de Estado, principal espaço de articulação da resistência popular, continua as mobilizações e convoca a solidariedade internacional por meio de paralisações e boicotes a empresas que dão sustentação à ditadura, realização de atos públicos político culturais de solidariedade ao povo hondurenho e manifestações de repúdio aos golpistas em frente às representações diplomáticas de Honduras e Estados Unidos.

Cronologia
 
O golpe de Estado em Honduras teve início no dia 28 de junho, quando militares do Exército hondurenho seqüestraram e transladaram para o exterior o presidente legitimamente eleito, Manuel Zelaya Rosales, e instalaram Micheletti no poder. Nessa data, seria realizada uma consulta para conhecer a opinião hondurenha em relação a instalar ou não uma quarta urna nas eleições gerais do final de novembro de 2009, na qual se perguntaria se a população estava de acordo ou não em convocar uma Assembléia Nacional Constituinte. Caso a resposta da consulta fosse positiva, o presidente enviaria ao Congresso Nacional um anteprojeto de decreto sobre a quarta urna para que este votasse pela instalação ou não da mesma.

Dias antes, o Congresso Nacional havia declarado que a consulta era ilegal, porém, amparado na Lei de Participação Cidadã, o presidente Zelaya continuou com a intenção de realiza-la. Após o seqüestro pelos militares, o Congresso, que normalmente reúne-se apenas entre terça e quinta-feira, fez sessão extraordinária nesse mesmo domingo, 28, na qual destituiu o poder executivo e instalou Roberto Micheletti como seu sucessor.

A reação internacional ao golpe foi contundente. Com exceção de Israel, nenhum outro país do mundo reconheceu a ditadura imposta em Honduras. Tanto a Organização dos Estados Americanos (OEA), quanto a Assembléia Geral das Organização das Nações Unidas (ONU), quanto o Grupo do Rio e os países associados à ALBA (Alternativa Bolivariana para as Américas) condenaram o golpe por se tratar de um primeiro golpe às recentes democracias existentes no continente latinoamericano. Organizações sociais de todo o mundo também repudiaram o golpe por meio de centenas de declarações, ações de solidariedade ao povo hondurenho em cada país e participação de missões internacionais em Honduras.

A Frente avalia que o governo dos Estados Unidos tem mantido posição ambígua a respeito dos golpistas. Ao mesmo tempo que reconhece Manuel Zelaya como único presidente legítimo dos hondurenhos e suspendeu vistos de alguns apoiadores do golpe, concedeu para outros o acesso ao território norte-americano, não suspendeu programas de apoio econômico e militar e, principalmente, tem se negado a declarar que se trata de um “Golpe de Estado”. Além disso, tenta forçar uma negociação entre o legítimo presidente Zelaya e o ditador Micheletti, através da mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias. A Frente acredita que essas medidas são parte de uma estratégia do governo estadunidense para ganhar tempo para conseguir o reconhecimento ao governo ditatorial, desgastar o movimento de resistência e forçar Zelaya a aceitar condições para seu retorno. Frente a esse cenário, o presidente legítimo se retirou das conversações e a resistência em Honduras enfatiza: demandam a reinstalação imediata, segura e incondicional de Manuel Zelaya a seu cargo.

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