Ato em Bruxelas condena tratados comerciais entre Europa e América Latina

Entidades civis internacionais realizam, amanhã (18), em frente ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, uma manifestação contra os Tratados de Livre Comércio (TLC) entre União Europeia e América Latina. Para os manifestantes, os acordos birregionais permitem que multinacionais europeias acentuem a crise econômica e sócio-ambiental que vivem os povos latino-americanos. O ato encerra o seminário "A cumplicidade da União Europeia no saque das empresas transnacionais europeias na América Latina e no Caribe", realizado ontem e hoje.

Os grupos se reúnem em frente ao parlamento europeu, das 12h30 às 14h de amanhã, para criticar o discurso dúbio da União Europeia. Por um lado, ela afirma apostar no desenvolvimento regional latino-americano; por outro, propõe TLCs que "só podem debilitar a capacidade dos países de promover políticas de desenvolvimento e os obriga a fomentar o modelo extrativista de recursos naturais", diz um comunicado dos movimentos.  

Para os manifestantes, os tratados integram um modelo econômico global que gera a incapacidade dos países latino-americanos de promover políticas de desenvolvimento, aprofunda a pobreza dos povos, as graves violações de direitos humanos, a concentração da riqueza e da terra, dentre outras "consequências nefastas".

No centro das discussões sobre os tratados comerciais na América Latina, aparecem os países-membros da Comunidade Andina de Nações (CAN): Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.

Em julho de 2008, Bolívia e Equador se negaram a negociar um TLC com a União Europeia, o que obrigou toda a CAN a suspender um acordo de associação com o bloco europeu. Já em fevereiro de 2009, a UE iniciou negociações com Peru e Colômbia sobre a assinatura de um TLC conjunto.

"A equipe negociadora do Equador apresenta uma posição ambígua, enquanto Colômbia e Peru se subordinam à política da União Europeia, destruindo a CAN e pondo em risco o esforço da Bolívia de sair da pobreza e de garantir os direitos humanos das maiorias".

Os governos da Colômbia e do Peru têm reagido com repressão às manifestações de indígenas, trabalhadores e sindicalistas contrários à implementação dos TLC, denunciam os movimentos populares.

Nos dois países, os organismos já contabilizam centenas de mortos, feridos e detidos. Em junho deste ano, na cidade peruana de Bagua, 34 pessoas morreram e 200 foram feridas após a repressão policial a uma manifestação indígena contra a aprovação de um pacote de leis que modificava a propriedade da água e da terra amazônica.

Seminário

O ato de amanhã encerra o seminário internacional "A cumplicidade da União Europeia no saque das empresas transnacionais europeias na América Latina e no Caribe", realizado ontem e hoje pela Rede Birregional Enlaçando Alternativas, em Bruxelas.

Os participantes analisaram a estrutura que está por trás das multinacionais de capital europeu e a cumplicidade dos governos e empresas européias em crimes ambientais, culturais, econômicos cometidos na América Latina.
 
Os debates ajudaram a construir as denúncias que, em maio de 2010, o grupo levará ao Tribunal dos Povos, em Madrid, durante a cúpula birregional de mandatários.


Robson Braga, jornalista da Adital

 

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.