Unidade, CTB e Conferência em 2010

A primeira atividade sindical, em nível nacional, que tive a oportunidade de participar foi a Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras – CONCLAT – realizada em agosto de 1981, em Praia Grande-SP.

Depois de 5 anos de luta ininterrupta dos professores, assumi a presidência do Sindicato dos Professores de Campinas e região, em 15 de julho de 1981. Imediatamente, nos preparamos para participar do ENCLAT-SP e da CONCLAT, que reuniu 5247 trabalhadores e trabalhadoras, representantes  de 1126 entidades sindicais, do campo e da cidade.

Já durante este importantíssimo evento – o primeiro, desde o Golpe Militar implantado no país em 1964 – as posições diferentes dos dirigentes sindicais apareciam claramente.

A inclusão ou não do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, Joaquim dos Santos Andrade, na Comissão Nacional Pró-CUT dividiu o plenário. Para que pudessem con versar sobre este tema, estabeleceu-se um intervalo, no qual se destacou o presidente da União Nacional dos Estudantes, o atual Deputado Federal do PCdoB, Aldo Rebelo. O jovem Aldo – além de se pronunciar muito bem politicamente – contribuiu para distensionar o ambiente, demonstrando  sua capacidade enquanto repentista nordestino.

Os sindicalistas classistas, tudo fizeram, para que prevalecesse a tradição de luta dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras pela criação de uma única Central, iniciada com a fundação da Confederação Operária Brasileira – COB, em 1906. Mas, a fundação da Central Única dos Trabalhadores- CUT – em 1983, deixando de lado setores importantíssimos do movimento sindical brasileiro, possibilitou a divisão.

Mesmo assim, reunidos em Praia Grande, no final de 1983, esses setores do movimento sindical que não participaram da fundação da CUT, decidiram criar uma Comissão Nacional, que tinha, como um dos seus objetivos, a luta pela reunificação do movimento , numa única Central. Como esta possibilidade não vingou, fundou-se a Confederação Geral dos Trabalhadores- CGT, em 1986.

A partir daí, os trabalhadores e as trabalhadoras não conseguiram mais se unificar numa única Central. Houve a fundação de novas Centrais, mas os sindicalistas classistas que têm a compreensão de que a unidade é a ferramenta  principal para o sucesso da luta pela derrubada do capitalismo e pela construção do socialismo, não desistiram. Estabelecido o quadro da existência de várias Centrais e a impossibilidade na atual conjuntura da existência de uma única, fundaram , em dezembro de 2007, a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – CTB, que tem como um dos seus princípios básicos, a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras.

Poderíamos perguntar: se existem várias Centrais, se os sindicalistas pensam de forma diferenciada, reflexo de concepções sindicais diferentes, por que insistir na luta pela unidade? É porque os sindicalistas classistas têm a clara compreensão de que, na sociedade capitalista, enquanto a burguesia tem a sua força concentrada no poder do capital e é exploradora, os trabalhadores e as trabalhadoras são vendedores da força de trabalho e têm a força concentrada no número muito maior de pessoas e na união destas em torno de objetivos comuns, contrários à exploração a que estão submetidos.

Nestes dois anos de existência, a CTB tem conseguido trabalhar, com muita eficiência, a busca da unidade das Centrais, em torno de objetivos comuns. Sucessivos atos, realizados em Brasília, para pressionar o Executivo, o Legislativo e o Judiciário, em torno de bandeiras comuns, como o aumento do salário mínimo, a redução da jornada de trabalho sem redução de salários, o fim do fator previdenciário o fim das  demissões imotivadas, e tantas outras são manifestações evidentes deste tr abalho .

Os encontros e as jornadas de lutas internacionais, em torno da Federação Sindical Mundial- FSM,  refletem o nível de comprometimento da CTB, relativamente à unidade do sindicalismo internacional.

Nos cursos, palestras e seminários realizados pela Secretária de Formação e Cultura da CTB juntamente com o Centro de Estudos Sindicais-CES, procura-se transmitir aos participantes a importância da construção da unidade dos trabalhadores e trabalhadoras. Nas várias outras atividades desenvolvidas pelas diversas Secretarias da CTB, sempre é valorizado o princípio da unidade.

Mas, precisamos dar um passo a frente em 2010: construir uma nova Conferência, reunindo as várias Centrais Sindicais,para definir uma plataforma de lutas, que possibilite um avanço significativo do movimento sindical brasileiro. 

No último Congresso da CTB, realizado em setembro deste ano, foi raticada essa necessidade: “As Centrais têm concepções sindicais e perfis políticos próprios. Isso não inviabiliza, no entanto, a busca permanente pela unidade. Nesse esforço, a CTB tem dialogado com todas as Centrais: CUT, Força Sindical, UGT, NCST,CGTB e, inclusive com CONLUTAS e Intersindical”.

Realizar essa Conferência em 2010 certamente fortalecerá a luta dos trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, num momento eleitoral de disputa de dois projetos políticos que estarão em debate: a volta aos tempos do neoliberalismo ou a intensificação da construção de um país justo e soberano!


Augusto César Petta é professor e coordenador- técnico do Centro de Estudos Sindicais – CES

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