Crise na Europa reforça dúvidas sobre recuperação mundial

As dúvidas sobre a capacidade de alguns países da zona do euro de saldar suas dívidas voltaram a abalar o mercado financeiro nesta semana e aumentaram o temor de que a crise europeia coloque em risco a recuperação da economia global.

Nesta terça-feira (9), o índice Dow Jones da Bolsa de Nova York , um dos principais indicadores do mercado financeiro americano, abriu em alta, embora no dia anterior tenha fechado abaixo de 10 mil pontos pela primeira vez em mais de três meses.

Receios

O resultado de segunda-feira, segundo analistas americanos, ajudou a agravar o efeito psicológico sobre os investidores, que nos últimos dias têm convivido com receios sobre a solidez da recuperação econômica.

Na semana passada, as bolsas em todo o mundo já haviam caído em razão dos problemas na Europa. A expectativa é de que a volatilidade permaneça nos próximos dias.

"Os investidores ainda estão preocupados", disse à BBC Brasil o economista-chefe da consultoria IHS Global Insight, Nariman Behravesh.

PIGS

O foco principal dessa preocupação é o grupo de países batizado de PIGS (sigla em inglês para Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha), que enfrentam grandes déficits em seus orçamentos.

No fim de semana, ministros de Finanças do G7 (grupo que reúne as sete economias mais industrializadas do planeta) reunidos no Canadá prometeram monitorar a situação na Grécia, que parece ser a mais dramática entre os quatro, mas não chegaram a apresentar medidas mais concretas sobre o problema.

Possibilidade de calote

O temor dos investidores é sobre o que aconteceria caso esses países não venham a pagar as suas dívidas, e os possíveis impactos disso sobre a zona do euro e sobre a economia global, cuja recuperação ainda avança em ritmo lento e vacilante.

Analistas acreditam que algum dos países ricos da zona do euro vai acabar socorrendo os vizinhos mais pobres. Mas os possíveis efeitos de uma ação desse tipo sobre o euro também provocam dúvidas.

"Eu entendo a preocupação com a Grécia e com outros países, como Espanha e Portugal", diz o economista-chefe da IHS. "Mas acredito que as grandes economias da zona do euro, como a Alemanha, vão agir para salvar esses países."

Apesar dos motivos para preocupação, o analista diz que a reação vista nos mercados pode ser um pouco desmedida. "Acho que o pânico é um pouco exagerado", afirma.

"Talvez os mercados estivessem muito exuberantes no fim do ano passado e no início deste ano. O que está ocorrendo pode ser uma pequena correção, um choque de realidade", diz. "Cedo ou tarde os mercados deverão voltar a si", diz.

Alessandra Corrêa, da BBC Brasil

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