O símbolo do imperialismo japonês de cabeça para baixo

A vida tem sido um tormento para a maior fabricante de veículos do Japão. A Toyota, que adquiriu a fama de produzir veículos de melhor qualidade do mundo, se viu obrigada a ir à televisão e aos demais veículos de comunicações para pedir perdão aos milhares de consumidores que compraram seus carros com defeitos.

Como se já não bastassem os prejuízos financeiros, a previsão é bastante negativa, pois a empresa acena com corte na produção de veículos. A montadora vive uma crise de credibilidade e terá que realizar recalls em milhares de veículos espalhados pelo o mundo. A vergonha de admitir erros, principalmente de tamanhas proporções em um pais como o Japão, obcecado pela a qualidade, tem deixado a família Toyota em maus lençóis.

A Toyota informou que sabia anteriormente de queixas relacionadas aos freios do Prius e aumentou as investigações sobre segurança a todos os seus modelos híbridos. A empresa informou que havia encontrado e corrigido problemas com o Prius 2010 e que não tentou esconder o defeito. Segundo ela, mais de “80 queixas relativas aos freios do Prius” foram recebidas por meio das concessionárias, os prejuízos estão calculados em torno de 80 milhões de yenes, cerca de R$ 1,3 bilhão, além, é claro, das vendas que naturalmente irão despencar.

Como todos os aproveitadores tiram proveito dos momentos de crises, seja ela política, econômica ou social, com a Toyota não será diferente, pois já se fala em demissões no quadro de funcionários.

Exploração

A Toyota brutaliza, violenta, espolia os seus trabalhadores, apesar de ter distribuído uma gorda bonificação no ano de 2008, no valor de dois milhões de yenes (cerca de 38.000 para cada trabalhador efetivo). Centenas de trabalhadores sofrem de stress, de doenças provocadas pelo excesso de trabalho —algo que acaba repercutindo negativamente no relacionamento com os familiares e amigos.

Karoshi

Quem não se lembra da morte de Kenichi Uchino, ocorrida em fevereiro de 2002, aos 30 anos de idade, chefe de um dos departamentos de qualidade da Toyota, na provincia de Aichi-kem? Kenichi foi vitima da exploração, da ganância dos toyotas que vivem estudando a forma mais promíscua para arrancar o coro dos seus trabalhadores.

Justiça cega

Com o fim da II Guerra Mundial, o Japão não perdeu tempo para reorganizar o seu sistema produtivo. Com a flexibilização das leis trabalhistas, as empresas não sofriam penalidades pelo excesso de trabalho, assim o patronato se apropriava indevidamente da força de trabalho de milhões de japoneses. Como se pode ver, a justiça continua cega, pois nem a morte de um trabalhador por excesso de serviço foi capaz de mudar o quadro de irresponsabilidade praticado pelo os donos das indústrias — até o momento a justiça não elaborou leis duras que fiscalizem e penalizem os exploradores.

Protesto

Dia 12 de fevereiro último, mais de 1.500 trabalhadores portando faixas e bandeiras, vindos de todos os cantos do país, se reuniram na cidade de Toyota, para protestar contra a política da montadora e do governo. Vários brasileiros estiveram presentes, já que centenas trabalham com terceirizados. Gritando palavras de ordens, os manifestantes pediam o fim dos contratos temporários e o aumento de salários, não às demissões anunciadas e melhores condições de vida para os trabalhadores.

O protesto foi organizado pelo o Sindicato dos Metalúrgicos Maquinários e Informáticas do Japão (JMIU), junto com outras forças do movimento sindical japonês. Segundo o JMIU, os protestos vão continuar para que a Toyota não venha praticar demissões.


Francisco Freitas é dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos Maquinários e Informáticas do Japão (JMIU)

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