Um ato de solidariedade a Cuba, realizado na noite da última quinta-feira (6), na Câmara de Vereadores de São Paulo, marcou o início dos trabalhos do novo cônsul cubano em São Paulo, Lázaro Mendez. Com a presença de dezenas de lideranças políticas, sindicais e de diversas organizações sociais, os brasileiros mais uma vez mostraram seu compromisso e admiração à Revolução e a seus líderes e se contrapuseram à recente campanha ideológica e midiática contra a Ilha.
A atividade foi organizada pelos gabinetes dos vereadores Jamil Murad e Netinho de Paula, ambos de PCdoB-SP, em conjunto com o Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz). Também esteve presente ao ato o atual cônsul cubano na capital paulista, Carlos Trejo, que encerra um ciclo de seis anos e agora cumprirá outras missões diplomáticas.
Na condição de condutor dos trabalhos do ato, Jamil Murad fez questão de destacar que os brasileiros que apóiam Cuba não se intimidam com qualquer tipo de pressão que seja feita pelas forças conservadoras do país. “Esta iniciativa tem o objetivo de mostrar publicamente para Cuba, seu povo e seu governo que o povo brasileiro está do seu lado”, afirmou.
O diretor de Comunicação do Cebrapaz, José Reinaldo de Carvalho, saudou a presença dos dois cônsules no evento e atacou as mentiras veiculadas pela mídia nacional e internacional contra os cubanos. “Nunca se viu uma campanha tão furibunda quanto a que estamos presenciando, baseada em fatos e argumentos falsos”, atacou.
Nivaldo Santana, vice-presidente da CTB, destacou, na presença do novo cônsul, a pluralidade de apoios recebida por Cuba e lembrou a forte relação mantida entre sua entidade, a Central dos Trabalhadores Cubanos (CTC) e a Federação Sindical Mundial (FSM). “Fica o registro, mais uma vez, da solidariedade que a CTB sempre manteve com Cuba”, disse.
Ao final do ato, o novo cônsul de Cuba em São Paulo, Lázaro Mendez, concedeu uma entrevista exclusiva ao Portal CTB, na qual falou da expectativa para seus trabalhos no país. Leia abaixo:
Com que expectativas você inicia seus trabalhos diplomáticos no Brasil?
São muitas. Em primeiro lugar, me sinto muito animado por iniciar este trabalho em São Paulo, visto a tremenda participação de diversas organizações neste ato aqui realizado. Meu trabalho aqui, como representante do governo cubano, será o de defender Cuba, no sentido de fazer com que a verdade sobre Cuba seja conhecida, trabalhando a partir de relações de todos os tipos, especialmente com os movimentos aqui reunidos.Creio que esses trabalhos começaram muito bem, estou muito contente pelo modo como as coisas vêm se desenvolvendo e durante os próximos dias poderei iniciar de fato as ações.
Oficialmente, seus trabalhos começam quando?
Meu nome já está aprovado, mas por enquanto não tenho toda a documentação necessária para assumir o cargo. Assim, por enquanto os dois cônsules seguiremos trabalhando juntos. Não há uma data oficial, mas na prática os trabalhos já começaram.
Este é seu primeiro contato com o Brasil?
É a primeira vez que venho ao Brasil, mas isso não quer dizer que eu não conhecia o país, afinal tenho trabalhado como diplomata há praticamente 40 anos. Então não haveria como não conhecer o Brasil, pelo contato com companheiros brasileiros e inclusive com embaixadores do Brasil que trabalharam em outros países nos quais já exerci diferentes funções.
Qual sua avaliação sobre o atual momento das relações entre Brasil e Cuba?
Creio que essas relações estão em um momento muito bom — eu diria que em seu auge. Está no ponto mais alto sob todos os pontos de vista econômicos e comerciais, mas também nas relações de colaboração e políticas — a prova disso é a recente visita do presidente Lula a Cuba e todas as suas manifestações favoráveis à Revolução e contrárias às campanhas feitas contra Cuba.
E qual sua avaliação sobre o atual momento político vivido pelo Brasil, já que este ano ocorrerão eleições presidenciais?
É um momento de tensão para todas as forças políticas, tanto para a direita quanto para o centro e para a esquerda — afinal é um momento de eleição. Todos os brasileiros estarão diante da questão sobre votar pela continuidade ou por uma mudança. É um problema a respeito do qual nós, como diplomáticos, ficamos apenas como observadores.
A atual campanha midiática e ideológica contra Cuba é a maior já realizada?
Pode-se dizer que esta é a maior campanha midiática já feita contra a Revolução Cubana nos últimos tempos. Já tentaram fazer tudo contra ela e agora tentam enfraquecer a Revolução por meio da destruição de sua imagem internacional. Quem banca isso são o governo norte-americano e o da União Europeia — são eles que dominam os meios de comunicação. Mas nós contamos com algo que eles não têm: a opinião pública e os povos. Contra essas duas forças, ninguém pode medir forças, nem sequer essa campanha internacional de desinformação.
Fernando Damasceno – Portal CTB