Na contramão da América Latina, Colômbia tem piora em índices sociais

A pobreza e a miséria se tornaram mais agudas na Colômbia nos últimos nove anos. Foi essa a principal constatação do ‘Relatório Alternativo sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (DESC) divulgado na última segunda-feira (3), em Genebra, na Suíça, e em Bogotá, capital colombiana, por organizações sociais nacionais e internacionais. Entre as principais problemáticas do país está o tripé: desnutrição, deficiências na atenção à saúde e situação laboral precária.

O relatório, de autoria da Plataforma Colombiana de Direitos Humanos, Democracia e Desenvolvimento; após três anos de pesquisas tornou público que mais de 20% das crianças na Colômbia sofre de desnutrição. Além disso, 40% dos lares vivem em insegurança alimentar.

“De cada 100 lares colombianos, 15 não contam com uma moradia adequada; desde 1993, mais de 80% da capacidade instalada da rede hospitalar foi fechada ou reestruturada; entre 1992 e 2006 foram reduzidos em 40% os trabalhos permanentes na indústria e aumentou em 192% os contratos temporários, enquanto isso 7.020 trabalhadoras e trabalhadores não puderam sindicalizar-se por decisões oficiais”. Estas são apenas algumas denúncias e constatações do relatório.

Além do descumprimento, por parte do estado colombiano, de obrigações nas áreas da educação gratuita, saúde e trabalho também foram reveladas irregularidades no que diz respeito à reforma agrária. Na verdade, o que veio sendo realizado nos oitos anos de governo de Álvaro Uribe foi uma ‘contra-reforma agrária’, que expulsou de suas terras e territórios grande quantidade de comunidades indígenas, campesinos e afrodescendentes. Segundo o relatório, os despejos foram realizados mediante a combinação de mecanismos legais e ilegais.

O relatório produzido pelas organizações que constituem a Plataforma Colombiana de Direitos Humanos apresentou-se como alternativo por rebater as informações que constam no ‘V Relatório do Estado colombiano ante o Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (CDESC)’. O documento alternativo foi utilizado pelo CDESC, organismo das Nações Unidas, para a análise da real situação do país.

No final do mês de abril, a divulgação de outro estudo comprovou que a situação de miséria cresce na Colômbia e que a queda na pobreza não foi tão relevante quanto se faz necessário. De acordo com a Missão de Miséria e Pobreza de Planejamento Nacional, a Colômbia tem hoje 22 milhões de pobres, o que equivale à metade da população, e mais de sete milhões de miseráveis, número que agrega 16% da população.

Outros dados revelam que a renda per capita dos lares caiu em 2% e passou de $570.258, em 2008, para $560.309, em 2009. A acentuação da miséria e da pobreza pode ser constatada ainda pela quantidade de pessoas que comem apenas uma vez ao dia: são 7,3 milhões.

A pesar dos altos índices, o relatório revela que cerca de 500 mil colombianos e colombianas saíram da pobreza extrema. Em Bucaramanga foi registrada a mais importante redução dos níveis de pobreza: de 24,7% para 18,5%. Também apresentou melhoras a cidade de Ibagué, que passou de 34,4% para 31,6%.

Agência Adital

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