Greve de trabalhadores mineiros é reprimida por militares no Chile

Há dez dias, trabalhadores terceirizados da Companhia Mineira Doña Inés de Collahuasi, no Chile, iniciaram uma greve para reivindicar melhores condições de trabalho. Como resposta, os grevistas foram surpreendidos com demissões realizadas pelas empresas contratantes. Além disso, por não terem encerrado a greve, os trabalhadores foram atacados pela polícia com disparos de armas de fogo.

A ação repressiva aconteceu há cerca de uma semana, no dia 12, e teve a participação de policiais e militares das Forças Aéreas do Chile (FACH). Ao todo, um efetivo de 300 pessoas foi deslocado para tentar reprimir a greve dos trabalhadores mineiros e desobstruir a entrada da mina. Segundo informações de Andrés Figueroa Cornejo, um dos trabalhadores que participou do conflito afirmou que os policiais estavam disparando para matar. A ação deixou três feridos.

A atuação dos policiais e militares foi vista como mais uma prova de que é intensa a repressão contra a luta social no Chile. Não é de hoje que os governos arquitetam estratégias para reprimir manifestações sociais e acabar rapidamente com alguns conflitos, como os encabeçados por sindicatos e demais organizações sociais.

Entre as principais reivindicações dos trabalhadores da mina de cobre estão melhoras estruturais nos acampamentos. Os trabalhadores denunciaram que o local não comporta a quantidade de pessoas que estão alojadas. Outras reivindicações estão ligadas a melhoras salariais, equidade em temas como alimentação e saúde, respeito aos trabalhadores mineiros contratados diretamente pela empresa, além da aplicação da lei trabalhista que trata sobre o trabalho pesado.

As reclamações não são recentes. Mesmo assim, a companhia mineira não se pronunciou com uma resposta positiva para os trabalhadores. A única informação que obtiveram foi a de que a companhia está disposta a conversar sobre o tema de do acampamento e que todas outras demandas solicitadas pelos trabalhadores terceirizados devem ser atendidas pelas empresas contratantes.

Além de não atender às necessidades dos trabalhadores, a companhia mineira buscou prejudicar ainda mais os grevistas e apresentou denúncia por danos e sequestro. Pagando na mesma moeda, os trabalhadores acusaram Rodrigo Hinzpeter, ministro do Interior, de violação aos tratados internacionais.

Mediante todas as negativas e com a intenção de pressionar pelo atendimento de suas demandas, os trabalhadores grevistas advertiram que darão continuidade às mobilizações e para isso contarão com o apoio de outras bases sociais.

Segundo informações da Rádio Bio Bio, os dirigentes mineiros apresentarão, amanhã (20), denúncia contra a Companhia Mineira Doña Inés de Collahuasi por discriminação contra seus trabalhadores. Também na quinta-feira, a companhia será fiscalizada por autoridades regionais para verificar condições de trabalho e inspecionar o tratamento das normas e garantias trabalhistas.

A inspeção a ser realizada amanhã está gerando expectativas de que pelo menos parte das demandas dos trabalhadores possa ser atendida. Caso contrário, será confirmada a informação colhida por Andrés Figueroa Cornejo de que “a Mineira Collahuasi paga meios de comunicação; paga instituições; paga candidaturas”.

Agência Adital

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