França: Protesto une centrais contra reforma previdenciária de Sarkozy

Dezenas de milhares de trabalhadores franceses fizeram nesta quinta-feira (27) um dia de greve, com várias manifestações pelas ruas do país. Eles protestaram contra o plano do presidente Nicolas Sarkozy de elevar a idade de aposentadoria, para acima dos atuais 60 anos. Pesquisas mostram que a maioria dos eleitores é contra a reforma.

O protesto reuniu milhares de trabalhadores em várias cidades. Em Paris, nem a expectativa de forte chuva afetou o comparecimento a um grande protesto convocado, pela primeira vez, pelas oito principais centrais sindicais: Confederação Geral do Trabalho (CGT), Confederação Francesa Democrática do Trabalho (CFDT), União Nacional dos Sindicatos Autônomos (UNSA), Solidários Unitários Democráticos (Solidaires), Federação Sindical Unitária (FSU) e Confederação Francesa de Trabalhadores Cristãos (CFTC).

Informações iniciais indicavam que os organizadores estavam perto dos números atingidos em outro grande protesto, em 23 de março. Na ocasião, os sindicatos estimaram o comparecimento em 800 mil pessoas, enquanto a polícia contou 350 mil pessoas. “Nós estamos a caminho de alcançar ou passar a marca de 1 milhão de manifestantes”, afirmou François Chereque, líder da CFDT, em Paris.

Segundo o governo, 11,6% dos funcionários públicos estavam em greve ao meio-dia (hora local). Em março, na mesma hora, 17,4% desses servidores estavam de braços cruzados. O transporte público era pouco afetado pela paralisação nacional. Três quartos dos trens regionais e todos os trens rápidos TGV estavam funcionando normalmente, com apenas atrasos menores em alguns trens da capital.

Os controladores do setor aéreo fizeram paralisações para apoiar o protesto nacional. O Ministério dos Transportes informou que 30% dos voos do Aeroporto de Orly, em Paris, haviam sido cancelados. No Aeroporto Charles de Gaulle, também na capital, o índice de cancelamentos era de 10%.

Bernard Thibault, líder da CGT, a maior central sindical do país, pediu uma “dia de resistência”, em entrevista à rádio Europe 1. Caso a mobilização seja menor que a de março, isso será visto como uma vitória do governo.

Como boa parte da Europa, a França tenta cortar seu déficit público. O governo argumenta que medidas como reformar o sistema previdenciário e atrasar a idade de aposentadoria ajudarão a controlar a dívida. Muitos vizinhos da França já anunciaram cortes duros nos gastos públicos, mas Sarkozy, que sofre com um recorde de baixa popularidade, tem sido cauteloso.

Nesta semana, porém, ministros confirmaram que o governo planeja elevar a idade para aposentadoria, hoje em 60 anos. Essa idade é vista pela esquerda francesa como um símbolo das vitórias na administração do presidente François Mitterrand.

A idade geral para a aposentadoria na França é de 60 anos. Há, porém, vários casos especiais no setor público, para trabalhos considerados mais duros ou para aqueles que começaram a trabalhar na adolescência. Na média, os franceses se aposentam aos 58,7 anos e as francesas, aos 59,5. Na média da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), essas idades são de 63,5 e 62,3, respectivamente.

Uma comissão do governo concluiu que havia uma diferença entre as contribuições à previdência e os pagamentos aos aposentados de 10,9 bilhões em 2008. Esse rombo tenderia a subir para entre 71,6 bilhões e 114,4 bilhões por volta de 2050.

Com informações da Agência Estado

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