Greve de estudantes porto-riquenhos desperta solidariedade internacional

A greve dos estudantes da Universidade de Porto Rico (UPR) já passa de 40 dias e tem chamado a atenção do mundo, despertando a solidariedade internacional com sua causa. Um exemplo disso é que em Cuba as faculdades de Filosofia, História e Sociologia da Universidade de Havana emitiram um comunicado no qual os seus alunos manifestam solidariedade para com os estudantes grevistas porto-riquenhos.

“Nós, estudantes da Universidade de Havana, sentimos a urgente necessidade de apoiar aos nossos companheiros militantes porto-riquenhos. Entendemos que o direito a educação é universal e como jovens revolucionários é nosso dever desafiar qualquer tentativa que pretenda miná-lo. Levantemo-nos no espírito de Filiberto Ojeda, que foi criminosamente assassinado pelo imperialismo, para fazer constar nosso compromisso irrevogável com a juventude porto-riquenha e a liberdade definitiva desta Pátria irmã”, diz o manifesto.

O chefe da Missão de Porto Rico em Cuba, Edwin Gonzalez, qualificou como muito digna a atitude dos estudantes de seu país, e os felicitou por suas justas demandas para buscar uma solução à redução das dotações orçamentais. Ele lembrou ainda que em Porto Rico, embora a universidade seja pública, é necessário pagá-la.

Rafael Cancel Miranda, lutador independentista porto-riquenho, recordou que o país é uma neocolônia dos Estados Unidos, que sofre com a crise econômica imposta pelo neoliberalismo, que já custou milhares de desempregos. Ele denunciou que as forças militares atropelam aos estudantes e trabalhadores que reclamam seus direitos.

Desde o dia 13 de abril, os alunos protestam contra o aumento de cobrança da matrícula, corte do orçamento na instituição e privatização de prédios do complexo universitário. A greve está acontecendo na sede da UPR, em Rio das Pedras e tem o apoio de professores e empregados.

Os protestos iniciaram por causa da imposição de uma lei promulgada pelo governo como resposta ao estado de crise fiscal. Porém, a nova legislação fez com que dezenas de servidores públicos da ilha caribenha, perdessem seus empregos. A lei pressupõe um recorte de milhões de dólares aos serviços públicos do país, entre os quais está a educação pública.

Os alunos grevistas defendem que a universidade pública tem o dever de democratizar a educação, a fim de garantir que os futuros profissionais sirvam à sociedade. Eles denunciam que tentam negociar com a administração da UPR, porém, a universidade se nega a dialogar.

Os grevistas porto-riquenhos estão ocupando 10 dos 11 campi universitários, resistindo ao abuso injustificado da polícia. Os estudantes insistem em dialogar com a administração e reiteram que não abandonarão a luta até que o governo renuncie a sua política que prejudica, não só o setor educacional, como toda a população do país. Em 18 de maio, foi realizada uma greve nacional, em que diversos setores mostraram seu apoio e solidariedade aos estudantes grevistas.

“A universidade é reflexo da realidade que enfrenta o país. Denunciamos que a degradação das condições de vida e nossas condições de estudo são produtos da má administração, desperdício e corrupção por parte de um governo que favorece os interesses privados e procura reduzir o ambiente educativo a uma mera transação entre cliente e comerciante”, expressaram os manifestantes.

Agência Adital

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