Secretário-geral da FSM analisa como positivo o 1º semestre da entidade

O secretário-geral da Federação Sindical Mundial (FSM), George Mavrikos, avaliou como positivas as atividades realizadas pela entidade ao longo do primeiro semestre deste ano. Durante sua intervenção na reunião do Conselho Presidencial, realizada no último dia 14 de junho, ele destacou o delicado momento vivido por diversos países europeus, realçou a atuação da classe trabalhadora nesse processo e convocou todos os trabalhadores a participarem do processo de construção do 16º Congresso da FSM, marcado para abril de 2011.

Leia abaixo a íntegra de sua intervenção:

Estimados amigos e companheiros

Estimados convidados

Muito obrigado pela sua presença aqui em Genebra, nesta reunião.

O propósito desta reunião é informar sobre as iniciativas e as atividades da FSM, ouvir suas sugestões, críticas e comentários para avançar nos nossos trabalhos com mais força, rapidez e eficiência.

Companheiros e companheiras:

Em 2009-2010, vivemos um momento de grande crise mundial do sistema capitalista. Esta crise é profunda e abrange todas as áreas do sistema: a economia, a política, a sociedade, a cultura, o meio-ambiente e, inclusive, as relações pessoais.

Todos os governos são neoconservadores ou social-democratas e seguem cuidadosamente as diretrizes e instruções decididas em Bruxelas e Washington. Basta prestar atenção nos governos da Irlanda, da Grécia, de Portugal, da Itália, da Espanha e por todas as partes. Sempre seguem as mesmas políticas: o ataque aos trabalhadores, a redução dos direitos sindicais e trabalhistas, com demissões, pobreza e privatizações.

Os dados da OIT mostram um grande aumento das taxas de desemprego e pobreza.

Na Grécia, o governo social-democrata reduziu os salários dos funcionários públicos em 25%, duplicou o número de demissões e aumentou a idade mínima para aposentadoria em cinco anos para as mulheres e três anos para os homens. Todas as pensionistas tiveram seus ganhos reduzidos em 40%.  O governo está vendendo ativos públicos, suprimindo os contratos coletivos, aumentando os impostos que recaem sobre a população comum, etc.

Na Grã-Bretanha, o governo conservador segue a mesma política. Há duas semanas foram anunciados cortes nos gastos públicos de 7 bilhões de euros.

Na Espanha como primeira mediada os vencimentos dos funcionários públicos foram reduzidos em cerca de 5%%, mas outras se seguirão.

Na Alemanha, a famosa indústria automobilística OPEL anunciou 9.000 demissões por toda a Europa. Simultaneamente, anunciou também a redução de 265 milhões de euros em 2010 nos vencimentos anuais dos trabalhadores. A mesma situação existe em Portugal, na Romênia, na Dinamarca e em todas as partes. A situação é similar nos EUA, na Ásia e nos demais continentes.

Esta crise financeira do sistema é muito profunda. Cremos que, nos próximos anos, a crise se agravará ainda mais e será ainda pior. Esta situação cria e fomenta a competição entre os monopólios e as multinacionais, entre os países, especialmente a União Européia e os EUA. Os conflitos sobre o tipo de taxa cambial entre o euro e o dólar são graves e continuarão assim.

As fortes rivalidades intercapitalistas alcançam estradas de rodagem e gasodutos e outros condutores de energia, o controle de novos mercados para novas esferas de influência, etc. Todos estão cientes do enfrentamento existente entre a Alemanha e a França acerca do que acontecerá com a África e o Oriente Médio. Vejam o que aconteceu no Haiti, imediatamente após o recente terremoto. Cuba socialista enviou 1.600 médicos, enquanto que os EUA enviaram 16.000 soldados. Olhem para a América Latina, com a militarização da Colômbia para atacar os processos bolivarianos da Venezuela, do Equador, da Bolívia e de outras nações.

Observem a brutalidade e os crimes de Israel contra os palestinos, a Faixa de Gaza e todos os povos árabes. Crimes que são cometidos com a tolerância e hipocrisia das Organizações Internacionais.

Resumidamente esta é a imagem do sistema capitalista atual.

Neste ambiente político, social e econômico, a FSM tem de se mover e atuar.

No primeiro semestre de 2010, realizamos muitas atividades importantes, seminários, conferências e iniciativas militantes, todas relevantes, mas cabe ressaltar:

– A grande campanha de solidariedade que organizamos na cidade do México em 11 e 12 de março;
– O grande evento para a seguridade social organizado em Atenas nos dias 23 e 24 março;
– O interessante seminário sobre o papel dos Meios de Comunicação, realizado em abril com muitos estudantes sindicalistas;
– O importante Fórum de Pequim, organizado conjuntamente pela ACFTU-CISA-OUSA em Pequim nos dias 25 e 26 de fevereiro;
– A campanha econômica para expressar a nossa solidariedade e ajuda às vítimas dos terremotos no Chile e no Haiti.

Somem-se também as dezenas de atividades de nossas oficinas regionais, das UIS, dos nossos afiliados em seus países e setores.

Até agora, vimos atuando bastante bem. O resultado são os 64 novos afiliados da FSM nos últimos quatro anos!

As finanças da FSM

O único aspecto que não vai bem são as nossas finanças. Infelizmente não andam bem em absoluto. Apesar de termos tratado do tema juntos no Vietnã e adotado decisões concretas, ainda assim estamos muito atrasados.

Decidimos que cada organização-membro deve pagar imediatamente as taxas referentes aos dois últimos anos (2010 e 2011), no valor de 2.000 euros

Cada UIS deve pagar pelos dois últimos anos (2010 e 2011) o valor de 5.000 euros

Para aquelas organizações que são mais fortes há um valor determinado.

Fazemos aqui um apelo a todos para que paguem suas cotas com a maior urgência possível. Todos sabem que a única forma de receita da FSM são as cotas de seus membros e dos sindicatos amigos. Já começaram as despesas com o Congresso. A partir de agora, temos muitas coisas a fazer.

16º Congresso

A primeira tarefa importante é a preparação com êxito do 16º Congresso Sindical Mundial que terá lugar em Atenas, Grécia, em abril de 2011. Queremos que este Congresso seja um novo passo importante e positivo para as forças sindicais classistas. Desejamos que seja um Congresso aberto a todos os sindicatos e a todos os sindicalistas, um Congresso democrático, onde todos poderão expressar sua opinião e cada qual desempenhe o seu papel. Um Congresso onde os atores principais sejam os problemas dos trabalhadores em todos os continentes e países. Juntos, tomaremos decisões importantes sobre a estratégia e a tática do movimento sindical de classe para os próximos cinco anos.

Apelo para que trabalhemos juntos, não com palavras, mas com atos; ações e resultados concretos, principalmente porque os resultados permanecem.

Em nossa trajetória rumo ao 16º Congresso Sindical Mundial estão previstas:

– Muitas atividades sobre os 65 anos de fundação da FSM;
– Nos dias 6 e 7 de julho realizaremos em Estrasburgo, França, um Seminário com a OIT;
– Nos dias 22 a 24 de julho será realizado o Terceiro Encontro Sindical Nossa América, na Venezuela;
– Para os dias 24 a 30 de setembro preparamos uma Conferência na África do Sul com os afiliados locais e organizações amigas;
– Em 7 de setembro comemoraremos o Dia Internacional de Ação da FSM, sendo a crise capitalista o nosso tema principal. Solicitamos a todos que promovam ações em 7 de setembro, assim como greves, reuniões, manifestações, conferências, etc. Todos os trabalhadores  devem sair às ruas e  devem estar presentes na luta do 7 de setembro. No ano passado, houve muitas iniciativas importantes em 48 países. Neste ano, faremos mais atividades e ainda mais importantes.
– Nos dias 4 e 5 de outubro, realizaremos em Bruxelas um Seminário Internacional no Parlamento Europeu.
– Em novembro, temos previstas atividades de solidariedade com nossos companheiros na Colômbia.
– Estamos planejando seminários no Egito, com os nossos afiliados dos setores sindicais da mineração e comercio, além das federações sindicais.

Além disso, estão previstas muitas outras iniciativas interessantes dos Escritórios Regionais e das UIS durante este ano.

Amigos e amigas:

Uma ação especial da FSM é a greve de três dias, que foi declarada em junho em todos os portos do mundo contra a marinha mercante de Israel. Trata-se de uma luta de solidariedade ao povo palestino e queremos que todos tomem parte. Todos nos converteremos em palestinos para não permitir, durante os três dias, a carga e descarga dos navios comerciais que aportem e saiam de Israel.

Companheiros e amigos:

O caminho para o 16º Congresso Sindical Mundial será longo, árduo e com muitos obstáculos. Entretanto, somos lutadores; temos experiência e teremos êxito. Juntos, seremos bem sucedidos.

Solicitamos que difundam em seus países as informações sobre o Congresso, seus objetivos e os documentos, para que sejam preparadas publicações, artigos e que todos os empregados, trabalhadores, jovens, mulheres e imigrantes sejam informados em seus postos de trabalho. Assim, conseguiremos novos membros, novos amigos, novos aliados. Juntos podemos fazer muito.

Para concluir esta intervenção do Secretariado com dois temas que concernem, por um lado, à retirada da culpa do governo da Colômbia e, por outro, à condenação ao governo da Venezuela. Estas duas decisões vêm confirmar a dura crítica que temos feito e continuamos a fazer ao papel do Conselho de Administração do grupo dos trabalhadores, sobre a falta de representatividade e democracia. Definitivamente, qual é o papel da OIT? Onde estão a justiça e a igualdade?

É inaceitável que decidam apagar a Colômbia da lista de países que violam as liberdades sindicais, quando 29 sindicalistas foram brutalmente assassinados, nos últimos 12 meses. É uma vergonha, aqueles sindicalistas que concordaram e tomaram parte das negociações secretas com os empregadores e o governo. Por mais que tentem, não será possível agora redimir sua responsabilidade por meio de argumentos infantis. Devem renunciar e ir embora.

Todos nós, a FSM, o movimento sindical classista, enviamos uma mensagem de solidariedade ao povo da Colômbia, que luta por todos os meios por liberdade, por democracia e progresso social. Saudamos o povo da Venezuela e a luta que empenha para decidir por si mesmo, e não pelos imperialistas, o seu presente e futuro. Na FSM, estamos orgulhosos da posição mantida por nossos afiliados em relação a estes temas, tanto nossos afiliados da Venezuela, quanto os Colômbia. Apresentamos-lhes nossas felicitações pela posição combativa, honesta e operária por eles mantida.

Para finalizar, fazemos um apelo aos trabalhadores e trabalhadoras de todos os países para que julguem e tirem suas próprias conclusões sobre qual é o papel da CSI e da Federação Sindical Mundial (FSM).

Muito obrigado

George Mavrikos
Secretário-geral da FSM

Leia também: FSM divulga 10 diretrizes para seu 16º Congresso

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.