Bancários da Bahia e Sergipe defendem valorização da categoria

Os bancários da Bahia e Sergipe iniciaram com força a Campanha Salarial 2010 em defesa da valorização da categoria. Neste final de semana, nos dias 9 e 10 de julho, em Salvador, a XII Conferência Interestadual dos Trabalhadores do Ramo Financeiro definiu as propostas de reivindicações e de estratégias de luta que serão levadas para a Conferência Nacional, no Rio de Janeiro, entre os dias 23 e 25 de julho.

Mais de 200 bancários participaram do encontro e discutiram questões de interesse da categoria, como conjuntura nacional, terceirização, segurança, saúde, sistema financeiro e estratégias e índices econômicos para a campanha salarial. Durante o encontro, foi feita uma homenagem aos militantes comunistas Paulo Colombiano e Catarina Galindo, com um minuto de silêncio e a aprovação de batizar a conferência com seus nomes. Os dois foram assassinados barbaramente no último dia 29.

A abertura da conferência aconteceu na sexta-feira (09), à noite, no auditório do Sindicato dos Bancários da Bahia (SBBA), com o debate sobre conjuntura. Participaram das discussões, o deputado estadual Álvaro Gomes (PCdoB) e Eduardo Navarro, vice-presidente da Federação e diretor da CTB-Nacional.

Conjuntura – Para Álvaro, o Governo Lula é fruto da luta popular e democrática, mas os trabalhadores precisam ir à luta para obter avanços: “é necessário manter a independência para se contrapor às políticas prejudiciais aos trabalhadores”, constatou. Sobre as eleições deste ano, Gomes se mostra otimista em relação à vitória de Dilma Rousseff para presidente e de Jaques Wagner para mais um mandato como governador da Bahia, pois há uma melhoria nas condições de vida da população. “Avançamos muito, mas precisamos avançar mais”, avaliou.

Para Eduardo Navarro, a campanha salarial deste ano deve ser diferenciada porque vivemos um momento político diferenciado. Em 2002, os bancários tinham que enfrentar o projeto neoliberal, hoje há um cenário mais favorável para a esquerda e para as forças populares, com a categoria podendo fazer um debate entre um projeto popular e um projeto conservador. Segundo Navarro, com a eleição de Dilma estaremos também lutando contra o desemprego e a precarização do trabalho. “Os trabalhadores precisam defender quem está mais próximo e defende seus interesses. Nós temos lado e o nosso lado é a companheira Dilma Rousseff”, opinou.

Ambiente do trabalho – No sábado (10), pela manhã, as discussões continuaram, no auditório do Hotel Sol Victoria Marina, sobre terceirização, segurança, saúde e sistema financeiro nacional. Elder Fontes, diretor do SBBA, demonstrou o aumento do número de assaltos a bancos no país. Segundo dados da Fenaban, em 2009 aconteceram 420 assaltos, sendo que na Bahia foram 44, um pouco mais de 10% do total.

Para Elder, após a aprovação da lei municipal em Salvador, tornando obrigatória a instalação das portas giratórias, diminuiu a ocorrência de assaltos na capital e aumentou no interior do estado. Além disso, nas cidades do interior há pouco efetivo de policiais, com a média de 3 por município. O papel dos sindicatos em relação à segurança bancária, além de reivindicar medidas de prevenção, é cobrar que os bancários vítimas de assaltos, que sofrem de estresse pós-traumático, tenham acompanhamento psicológico e que os bancos emitam a CAT (comunicação de acidente de trabalho).

Ricardo Augusto, diretor do SBBA, apresentou dados sobre o aumento da terceirização na categoria bancária e o tratamento diferenciado que os terceirizados sofrem nos bancos. Já Fernando Dantas, diretor de Saúde da Federação, apresentou a situação de prevenção, adoecimento e reabilitação profissional dos bancários. Para ele, os sindicatos devem exigir o cumprimento das políticas públicas que responsabiliza os bancos pelo adoecimento dos seus funcionários. Chamou atenção também para a questão do assédio moral, que tomou “uma proporção de epidemia”, que deve ser combatido com visitas periódicas dos sindicatos nos locais de trabalho, exigência de punição dos gestores e um debate nacional sobre o tema em parceria com órgãos do governo e o Ministério Público.

Sistema financeiro – Na exposição sobre sistema financeiro nacional, Ana Carolina Tosetti, técnica do Dieese, iniciou o debate chamando a atenção para a falta de discussão sobre o pagamento dos juros da dívida interna, que é a segunda maior despesa do Estado. “O papel dos bancários é fundamental neste debate, pois conhecem o sistema financeiro”, afirmou. Para Ana Carolina, os bancários também devem debater também outras questões relacionadas ao sistema financeiro: as formas alternativas de financeirização, como a bancarização das camadas mais pobres da população; a atuação das cooperativas como bancos e dos correspondentes bancários; a formação dos conglomerados e holdings financeiros; e as políticas de governança e práticas de gestão dos bancos.

Campanha Salarial – À tarde, Adriano Jonas, técnico do Dieese, analisou os índices econômicos de interesse da categoria, como ICV Dieese de 5,72%, referente à inflação projetada para o período. Logo após, os presidentes dos sindicatos da Bahia, Euclides Fagundes, e de Vitória da Conquista, Delson Coelho, apresentaram os dados da pesquisa feita com os bancários em suas bases, que demonstraram que a categoria prioriza o aumento real e a garantia do emprego na campanha salarial deste ano.

Sobre as estratégias de luta e as reivindicações para a campanha salarial deste ano, Emanoel Souza, presidente da Federação, avaliou que a estratégia dos últimos anos, de mesa unificada com a Fenaban e mesas específicas com os bancos públicos, tem se mostrado adequada, mas na prática não é colocada em funcionamento. “Precisamos trabalhar a aplicação desta estratégia. Que o Comando Nacional oriente formas de pressão específica nos bancos públicos”, defendeu. Em relação à unidade, uma das propostas é a realização de um fórum político com as demais centrais sindicais para definir lutas comuns para a categoria bancária.

Emanoel apresentou também a proposta dos eixos e lema Valorização da Categoria Bancária como mote da campanha salarial. As propostas de eixos são: elevação do piso, aumento real, reposição das perdas salariais do período FHC, auxílio-educação, isonomia nos bancos públicos, fim das metas e do assédio moral, elevação da PLR e reconhecimento dos delegados sindicais.

Federação dos Empregados em Estabelecimentos Bancários dos Estados da Bahia e Sergipe – Texto Laércio Góes – Foto: Manoel Porto

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