Sindicalistas promovem caminhada em Salvador para exigir justiça

 

Um ato emocionante e comovente, com rosas vermelhas, bandeiras, pronunciamentos de lideranças sindicais e políticas, em frente à Secretaria de Segurança Pública na Praça da Piedade, em Salvador, encerrou, ao som da Internacional Socialista, a caminhada convocada pela Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil – Regional Bahia, para exigir agilidade, rigor na apuração e punição para os mandantes e assassinos do diretor tesoureiro do Sindicato dos Rodoviários de Salvador, Paulo Colombiano, e da sua esposa, Catarina Galindo, funcionária do Comitê Estadual do PCdoB, mortos em 29 de junho último.

Nem a tarde chuvosa da sexta-feira impediu que os manifestantes, vestidos de preto, com uma camiseta na qual se lia “Exigimos Justiça!” com a marca da CTB,  marchassem do Campo Grande à Praça da Piedade. Os amigos e companheiros rodoviários classistas que militavam com Paulo Colombiano estavam em grande número; eram centenas de trabalhadores e trabalhadoras, sindicalistas de diversas entidades e do movimento popular e social, a exemplo da Unegro, União Brasileira de Mulheres e Federação dos Bairros de Salvador, dirigentes da CTB, da CUT e da Nova Central. Durante todo o trajeto lideranças se revezaram nos discursos por justiça; e um carro de som reproduzia músicas em homenagem a Paulo Colombiano e Catarina Galindo, como “Pra não dizer que não falei das flores”, “Vermelho”, “Gostava Tanto de você”, “Guerreiro Menino”, “Coração de Estudante”, “Canção da América” e tantas outras, que reforçam a tese de continuar a luta dos companheiros que tombaram.

A caminhada foi acompanhada, solidariamente, pelos agentes de trânsito da Prefeitura de Salvador e pela Polícia Militar do Estado; por onde passou a população demonstrava apoio. Ao chegar a Praça da Piedade o trânsito parou e não se ouviu uma buzina sequer, nenhuma reclamação dos motoristas, todos pararam para ver e entendiam imediatamente a manifestação por justiça.

O nosso luto se faz com luta

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O protesto e a homenagem começaram com o pronunciamento do presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo, que visivelmente emocionado disse: “Um crime dessa dimensão, com essa brutalidade, não é um fato isolado; é, na verdade, um ataque ao movimento sindical, à democracia e àqueles que ajudaram a construir um Brasil melhor. Nós consideramos que, ao tomar a iniciativa de ganhar as ruas e protestar, nós só temos um endereço; que é cobrar, das autoridades, apuração rigorosa e punição para os assassinos e mandantes desse crime.”

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O ato teve continuidade com a presidente do Sindicato dos Jornalistas da Bahia, Kardé Mourão, lendo o “Poema de Natal” de Vinicius de Moraes – Para isso fomos feitos:/ Para lembrar e ser lembrados/ Para chorar e fazer chorar/ Para enterrar os nossos mortos —/ Por isso temos braços longos para os adeuses/ Mãos para colher o que foi dado/ Dedos para cavar a terra./ Assim será nossa vida:/ Uma tarde sempre a esquecer/ Uma estrela a se apagar na treva/ Um caminho entre dois túmulos —/ Por isso precisamos velar/ Falar baixo, pisar leve, ver/ A noite dormir em silêncio./ Não há muito o que dizer:/ Uma canção sobre um berço/ Um verso, talvez de amor/ Uma prece por quem se vai —/ Mas que essa hora não esqueça/ E por ela os nossos corações/ Se deixem, graves e simples./ Pois para isso fomos feitos:/ Para a esperança no milagre/ Para a participação da poesia/ Para ver a face da morte —/ De repente nunca mais esperaremos…/ Hoje a noite é jovem; da morte, apenas/ Nascemos, imensamente.”

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“Não podemos deixar impune um ato criminoso e covarde que foi cometido contra um grande camarada do movimento sindical e antigo militante do PCdoB, e a camarada Catarina, uma companheira histórica de luta, brava, fiel às nossas bandeiras e à nossa atuação, e que sempre nos deu o suporte necessário para as nossas atividades”, destacou o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia e integrante da direção nacional da CTB, Aurino Pedreira.

“O nosso luto se faz com luta. Nós devemos, ao companheiro Colombiano e à companheira Catarina, que as suas mortes não fiquem impunes. Nós, do PCdoB, seremos vigilantes, estaremos atentos e com muita fome de justiça”, assegurou a vice-presidente do PCdoB em Salvador, Olívia Santana.

No final do ato, ao som do violão, o cantor Roberval Santos cantou “Canção do Mundo Novo” de Beto Guedes, emocionando a todos. “Quem souber/ Dizer a exata explicação/ Me diz como pode acontecer/ Um simples canalha mata um rei/ Em menos de um segundo/ Oh, minha estrela amiga/ Por que você não fez a bala parar.”

Por Kardé Mourão, com colaboração de Camila Jasmim (Fotos: Manoel Porto)

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