Fórum Social das Américas se encerra com defesa da luta pela soberania

No dia de seu encerramento (15), o 4º Fórum Social das Américas chamou os movimentos, organizações e redes sociais do continente a redobrar a luta pela soberania dos povos. O ato numeroso reuniu os presidentes Evo Morales (Bolívia), Fernando Lugo (Paraguai) e José Mujica (Uruguai), que aproveitaram a ocasião da discutir a reativação de um bloco energético entre os três países. Cerca de 10 mil participantes estiveram no Fórum, realizado em Assunção, no Paraguai.

Ao realizar o balanço dos dois primeiros anos de sua gestão, completados neste 15 de agosto, Lugo exortou os paraguaios a “apostar no futuro e multiplicar seus desejos”.

Mujica, por sua vez, censurou o processo político ocidental, em especial do imperialismo, que tenta se impor ao mundo como uma civilização agressiva que pretende ser a única possível do planeta.

Morales, em sua intervenção, assinalou que os povos unidos e organizados são muito mais fortes que qualquer Estado do mundo, “e isso já foi demonstrado em vários países da região”. Ele destacou ainda que as bases militares estadunidenses na América do Sul trabalham contra a integração na região.

Na declaração final, a assembleia alerta sobre a articulação acelerada da direita para tentar frear qualquer processo de mudança na América Latina; denunciou a legitimidade do presidente de Honduras, Porfírio Lobo, e expressou sua solidariedade com o povo do Haiti.

Integração energética

Ainda durante o Fórum, Lugo, Mujica e Morales fecharam posição sobre a necessidade de se avançar na integração física e energética no continente e fixaram um novo encontro, em Montevidéu, que terá como prioridade o debate sobre o gás e a eletricidade.

As três nações integram o bloco Urupabol, que nasceu em 1963, mas que nunca chegou a se desenvolver e somente no ano passado foi reativado.

O ministro dos Negócios Estrangeiros do Paraguai, Hector Lacognata, disse que a conversa foi “muito promissora no sentido de avançar em relação a questões de interesse dos três países”. Lacognata afirmou que a partir de uma série de estudos, elaborados pelo Ministério de Minas e Energia, deverá ser construído um gasoduto ligando o Paraguai ao Uruguai.

Segundo ele, o Uruoabol “permitirá que a comunidade discuta os interesses desses três países, passando a constituir acordos estratégicos que nos permitam avançar em outros campos”, afirmou Lacognata. Mas, “acreditamos que já houve um grande avanço hoje no renascimento do bloco”.

Partidos políticos discutem América Latina

Partidos políticos do Brasil, de Cuba, da Venezuela e da Argentina discutiram a situação atual do continente, com seus pontos fortes e fracos, em uma oficina do quarto dia do Fórum.

A importância do reforço da integração regional com desenvolvimento, da defesa dos projetos progressistas em curso, a denúncia dos planos militares do imperialismo e interferência dos Estados Unidos (EUA) foram discutidos.

Participantes debateram também sobre o perigo iminente de guerra nuclear promovida pelos os EUA contra o Irã e suas consequências, além da contra-ofensiva regional por parte da direita e campanhas de mídia contra Cuba e a Venezuela.

A fim de continuar a sensibilizar e mobilizar mais pessoas em todo o mundo para evitar a guerra atômica, foi distribuído aos participantes do painel a mensagem lida pelo líder da Revolução cubana, Fidel Castro, na Assembleia Nacional (Parlamento), que alerta para o perigo da guerra que a humanidade enfrenta.

Contra a guerra atômica

O representante do Partido Comunista de Cuba para este fórum, Hector Fraginals, insistiu em duas sérias ameaças que a humanidade enfrenta hoje: a guerra e, a outra, as alterações climáticas, como resultado do saque, da pilhagem de recursos naturais e da eliminação de gases poluentes na atmosfera.

Em seu discurso, Fraginals disse que a convergência de todos esses fatores se projetada nas mudanças políticas, econômicas e sociais que vive a América Latina, com avanços e retrocessos na luta popular.

Sobre o assunto, disse que a situação exige dos segmentos progressistas vontade de mudança, conscientização social, explicação e persuasão, a fim de consolidar as vias necessárias para as lutas do futuro.

Fraginals destacou que, apesar de Cuba ser submetida ao bloqueio e a agressões, luta para alcançar uma nova sociedade, sob o princípio básico da solidariedade humana, e não no egoísmo e na ganância material.

O seminário, chamado de “governos de esquerda e progressistas e a integração solidária da América Latina”, foi composto por Valter Pomar, do Partido dos Trabalhadores do Brasil, Ana Elisa Osorio, do Partido Socialista Unificado da Venezuela, e Jorge Kreyness, do Partido Comunista da Argentina. Do Paraguai participou Hugo Ruiz, assessor internacional da Presidência da República.

Com informações de agências

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