Brasil: quarta maior potência em venda veículos

Nos primeiros sete meses deste ano, o Brasil alcançou a quarta posição mundial em vendas de veículos. Essa posição pertencia à Alemanha e a disputa entre os dois países é muito acirrada: a diferença entre os países, até o momento, é de apenas 23 mil automóveis vendidos a mais no Brasil em relação ao mercado alemão, mas esses números devem chegar, até o final deste ano, a uma diferença em torno de 450 mil unidades.

Em 2009, o mercado alemão superou o brasileiro nas vendas de veículos em, aproximadamente, 908 mil unidades. Até o mês de Julho, dester ano, foram vendidos no Brasil 1,882 milhões de veículos contra 1,859 milhões na Alemanha.  Esses dados representam uma queda de 27% nas vendas da Alemanha e um crescimento de 8,5% no mercado brasileiro.

Todos os dados demonstram que a tendência é que o Brasil aumente esta vantagem no próximo ano, segundo analise dos próprios fabricantes de veículos automotivos. A previsão é que até o fim desta década o Brasil deverá ser a terceira potência mundial em vendas, ultrapassando também o Japão. Em 2011 o Brasil deverá vender aproximadamente quatro milhões de veículos e poderá chegar em 2014 aos cinco milhões.

No consumo mundial de veículos a China esta em primeiro lugar com 10,2 milhões de veículos vendidos, os EUA vem em segundo lugar com 6,6 milhões, o Japão em terceiro lugar com 3,1 milhões.

Aumentos dos lucros

As montadoras nunca lucraram tanto no Brasil nos últimos anos. Na primeira metade de 2008, as filiais brasileiras remeteram para as matrizes no exterior, o valor de US$ 2,76 bilhões em remessas de lucros, segundo o Banco Central. Não foi divulgado o total do ano de 2008. Mas podemos ter uma idéia de quanto essas empresas deixaram de aplicar no Brasil para enviar dinheiro as matrizes quase falidas – como as dos EUA – as custas dos baixos salários pagos por elas aqui no Brasil.

A margem de lucro das montadoras no Brasil chega a ser três vezes maior que a de outros países, aponta pesquisa do banco de investimento Morgan Stanley, de Londres. Comandada pelo analista Adam Jonas, o estudo estima que o Brasil represente sozinho 12% do lucro mundial da Volkswagen e da Fiat – as duas maiores fabricantes do país.

Toda essa remessa de lucros serve para as matrizes investir em seus países de origens em novas pesquisas (registrando fora do Brasil as novas patentes). Só no ano passado, por exemplos só os Estados Unidos registrou 45.790 novas patentes enquanto a Brasil registrou somente 480.

É bom lembrar que o Brasil apesar de ser o quarto mercado consumidor de veículos do mundo, não tem fabrica de automóvel com capital nacional. A única que tivemos foi a Gurgel, que foi levada a falência pela política entreguista dos governos anteriores, para favorecer as grandes montadoras multinacionais, a chamada concorrência desleal.

Alta Jornada de Trabalho

Mesmo sendo o país que as montadoras ganham mais, a jornada de trabalho ainda é uma das maiores do mundo. Em diversos países europeus, a jornada regular de trabalho prevista em lei é de 40 horas, sendo que acordos coletivos prevêem um tempo menor, que varia de 35 a 39 horas. Nos EUA a jornada de trabalho constitucional é de 42 horas semanal, na Alemanha é de 38 horas semanal e no Japão é de 37,7 horas semanal. Porém quase todos esses países têm acordo coletivo de trabalhos com jornada semanal de 35 horas.

Dados recentes divulgados pela Organização para Cooperação do Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelam que em várias nações desenvolvidas, incluindo os Estados Unidos e o Japão, o número de horas efetivamente trabalhadas pelos assalariados é de 1.951 e 1.919 horas, anual.  Na Alemanha essa jornada é de 1.508 por ano e no Brasil é de 2.640 horas.

Esta situação tem colocado a redução da jornada de trabalho, não apenas como uma luta no plano econômico, mas principalmente no plano político, tendo em vista que a redução da jornada significa uma divisão de lucros quando ocorre a sua redução em diminuição dos salários.  Neste sentido, o discurso das montadoras perde validade e a histórica luta dos trabalhadores ganha uma dinâmica cada vez maior e potencializando os sindicatos como instrumentos de luta.

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Pascoal Carneiro – Secretário Geral da CTB Nacional

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