Folha desmente, mas Kotscho confirma hostilidade a Lula em almoço no jornal

Em matéria publicada nesta quinta-feira (26/08), a Folha de S. Paulo nega a versão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se declarou vítima de preconceito pela direção do jornal, em almoço realizado em 2002, durante a disputa eleitoral daquele ano. O presidente citou o episódio em um comício na terça-feira (24/08) e criou polêmica. O jornalista Ricardo Kotscho, que na época era assessor de imprensa de Lula, confirmou o desconforto do presidente e relatou que na ocasião as perguntas tiveram um tom hostil.

Atendendo a pedidos dos leitores, Kotscho, que estava no almoço, escreveu sobre o assunto em seu blog e publicou trecho do livro de sua autoria “Do Golpe ao Planalto –  Uma vida de repórter”, que fala sobre o episódio. De acordo com o relato, Lula teria resistido a aceitar o convite da Folha por algum mal-estar em almoços anteriores. Segundo Kotscho, Otávio Frias Filho, diretor do jornal, questionou se Lula se sentia preparado mesmo sem saber falar inglês, ponto que o jornal nega.

“Assim que os comensais sentaram à mesa, Frias Filho disparou a primeira pergunta: se Lula se sentia em condições de governar o país, mesmo sem ter se preparado para isso, não sabendo nem falar inglês. O candidato fez uma expressão de incredulidade, olhou para mim como quem diz: ‘E eu tinha que ouvir isso?’, engoliu em seco e deu uma resposta até tranquila diante daquela situação constragedora”.

Hostilidade

Kotscho também relatou que as perguntas “seguiram no mesmo tom hostil”, uma delas de que Lula teria uma aliança com Paulo Maluf, o que fez o então candidato se retirar. “Não havia, porém, nenhuma aliança em São Paulo entre o PP e o PT, que disputava a mesma eleição tendo como candidato o deputado federal José Genoino. Foi a gota d´água. Lula não respondeu; levantou-se, dirigiu-se a ‘seu’ Frias e comunicou: ‘O senhor me desculpe, mas eu não posso mais ficar aqui. Vou embora. Não posso aceitar isso em nome da minha dignidade’”.

Contestação

Frias Filho desmentiu e disse que “a memória do presidente anda ruim ou ele está distorcendo o episódio de propósito”. Segundo o diretor do jornal, Lula “não foi interpelado sobre falar ou não inglês, mas sobre sua política fisiológica de alianças e sobre o fato de ostentar desprezo pelo estudo mesmo depois de se tornar um líder nacional”.

Em contrapartida, Kotscho também informou que antes da publicação do livro mandou os originais com os trechos que tratava do almoço para Otávio Frias Filho. Como não recebeu outra versão do diretor da Folha, entendeu que Frias Filho estaria de acordo.

Kotscho preferiu não emitir opiniões sobre o assunto, mas enfatizou o relato de seu livro.”Muitos anos se passaram desde esse episódio, e cada um tem uma memória, fala o que quer. A minha eu escrevi em 2005″, afirmou em referência ao livro.

Fonte: Portal Comunique-se

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