No Amazonas, ‘Gritos dos Excluídos’ chama a atenção para problemas sociais

Centenas de pessoas estiveram reunidas ao lado do Terminal 3 da Cidade Nova (zona Norte) na tarde deste feriado de 7 de setembro para fazer uma caminhada de três quilômetros e chamar a atenção de problemas sociais urbanos e rurais – temas principais da 16ª edição do ‘Grito dos Excluídos’, organizado por várias entidades da sociedade civil do Amazonas.

Com o tema “Onde estão nossos direitos? – Vamos caminhar às ruas para construir um projeto popular”, a ação levou o público para uma passeata que percorreu pelo menos três pontos, além do Terminal 3: Serviço de Pronto Atendimento ao Cidadão (PAC) da Cidade Nova, uma área aberta próxima à agência da Caixa Econômica Federal (CEF) do bairro e Centro de Convivência da Família.

O movimento reuniu lideranças de vários segmentos dos movimentos sindical e sociais, como Centrais, Comissão Pastoral da Terra, Rede de Educação Cidadã, Cáritas Arquidiocesana, Fórum Permanente das Mulheres de Manaus e outros. Entre as principais reivindicações estavam melhorias na infra-estrutura do transporte coletivo, saúde, habitação – para a área urbana – e fim do trabalho escravo e a reforma agrária – estes relativos ao meio rural.

Plebiscito sobre ‘latifúndios’

Ganhou destaque na ação o plebiscito popular que está sendo feito em todo o Brasil desde o último dia 1º, que tem como meta ouvir a população a respeito da proposta de limitar o tamanho máximo de propriedades de terra para evitar a existência do que os movimentos sociais chamam de “latifúndios” – grandes propriedades de terra nas mãos de empresas e de outros representantes do setor privado.

Marta Valéria Cunha, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra, entidade ligada à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), diz que, com a manifestação popular pela aprovação dos limites de terra, pode-se contribuir para evitar casos de grilagem de terras e de exploração de trabalho escravo que, de acordo com ela, são as maiores consequências do acúmulo de grandes trechos de terra nas mãos de poucas pessoas.

“Muitas dessas empresas que hoje se dizem donas de grandes extensões de terra no Brasil são grileiros que expulsam os camponeses que lá vivem ou ainda exploram mão-de-obra escrava”, afirma Marta, lembrando que no Brasil, a maior propriedade “privada” existente é um grande lote de mais de 40 mil hectares localizado no município de Barreirinha, no interior do Amazonas. De acordo com ela, as terras estão registradas em nome de cinco empresas estrangeiras.

Outro grande “pedaço” de terra em situação similar, de acordo com a coordenadora da Comissão Pastoral da Terra, é uma fazendo no município de Manicoré, que seria de propriedade do empresário sueco Johan Eliasch. O empresário, que também é criador de uma Ong preservacionista, citado chegou a ser investigado, a partir de 2005, pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

Plebiscito encerra dia 12

Quem também falou sobre o plebiscito foi Pedro Paulo Soteiro da Silva, representante da Rede de Educação Cidadã. Para ele, estipular limites para o tamanho dos propriedades de terra, é uma questão de “segurança alimentar” e de “soberania nacional”. “Há estudos que apontam que os EUA podem ter suas necessidades alimentares mantidas sem problemas por três anos, mesmo que a produção alimentar para totalmente. No Brasil, em uma semana não haveria mais alimentos”, diz Pedro Paulo.

Ele diz que, com a determinação de limites para as terras, pode-se garantir “segurança alimentar”. “Está provado que quem produz alimentos no país são os pequenos agricultores, e não o grande latifúndio”, diz ele, “é por isso que contamos com a participação da população”.

O plebiscito que vai dar o resultado da opinião popular sobre as propostas de determinação de limites para as faixas de terra no Brasil termina no próximo dia 12 (domingo). As urnas, no mesmo estilo do antigo sistema de votação para cargos eletivos antes da urna eletrônica, por meio de cédula, estão espalhadas em escolas e paróquias em toda a cidade de Manaus. O plebiscito conta com apoio do Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas (TRE-AM) e Ministério Público.

Com informações das agências

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