Rotina: Usuários da linha Vermelha do Metrô enfrentam outra manhã com paralisação

Após o caos vivido pelos usuários do sistema metroviários durante toda a manhã da terça-feira (21), novamente, uma composição na linha 3-Vermelha do Metrô de São Paulo teve falha no sistema pneumático nesta quarta-feira (22). Ontem, um problema técnico, que segundo a empresa foi causado por uma blusa presa na porta de um vagão, causou a paralisação de toda a linha, prejudicando 150 mil pessoas.

Foto: Na terça-feira passageiros saíram dos vagões e andaram ao longo da linha

A falha desta quarta-feira (22) aconteceu às 8h09 no sentido Palmeiras-Barra Funda. Os passageiros que estavam no vagão foram transferidos para os outros carros do trem. O carro com defeito foi para a manutenção. De acordo com o Metrô, os usuários foram informados sobre a ocorrência pelo sistema de som dos trens e das estações.

Caos e superlotação

Em menos de um mês, os passageiros do metrô de São Paulo já enfrentaram panes e interferências que atrasaram as viagens ao menos seis vezes, incluindo as de ontem.

Segundo Wagner Fajardo, secretário geral do sindicato e presidente da Fenametro (Federação Nacional dos Metroviários), o número de usuários do metrô cresce a cada dia. “O número de composições já foi aumentado e não resolveu o problema de lotação. O sistema atual não comporta mais trens, é preciso construir novas alternativas. Enquanto isso, a população continuará sujeita a passar por situações como a que ocorreu hoje”, disse o sindicalista.

O metrô de São Paulo tem cerca de 3,4 milhões de passageiros por dia, destes 1,2 milhão são usuários da linha 3-Vermelha, afirmou Fajardo.

As falhas foram espalhadas em quatro linhas, sem considerar outras registradas na malha de trens da CPTM – por exemplo, no dia 15, com depredação e tumulto em Guaianazes. E os motivos foram também variados.

Na segunda-feira (20), por exemplo, os trens não circularam entre as estações São Judas e Jabaquara da linha 1 – azul durante 20 minutos à tarde. A empresa culpou um raio que atingiu os trilhos, afetando a alimentação elétrica da linha.

Na semana passada, uma falha elétrica obrigou os trens da linha 2 – verde a circularem com restrição de velocidade e maior intervalo por uma hora, pela manhã, e cinco pessoas passaram mal. A linha 1 – azul também teve problemas no último dia 10 devido a uma falha num equipamento da via na região da estação Paraíso.

Outras duas interferências relevantes foram no dia 3 deste mês (problemas de tração de trens na linha 3 – vermelha) e no dia 24 do mês passado (queda de energia por uma hora na linha 4 – amarela).

Monotrilho

Para Fajardo, o monotrilho – tipo de trem com pneus que rodará sobre estruturas elevadas – da linha 17-ouro, que fará a ligação entre as linhas 4-Amarela e 5-Lilás do metrô (da região do aeroporto de Congonhas ao Morumbi e ao Jabaquara), não vai resolver o problema da superlotação. O governo paulista prometeu entregar o transporte até 2013.

“É um equívoco muito grande. A linha 2-Verde vai sair da Vila Prudente e irá até Tiquatira, o usuário que vier de Itaquera [linha 3-Vermelha], vai descer na Penha e superlotar o metrô que vai para a avenida Paulista. Quem chegar do monotrilho na Vila Prudente não vai conseguir entrar no metrô, que vai ficar lotado. Tinha que fazer um metrô até Cidade Tiradentes e garantir que as linhas cruzem”, afirma o sindicalista.

Saturação do sistema potencializa falhas

A atual saturação do sistema metroviário potencializa os efeitos de falhas ou incidentes, segundo técnicos. O Metrô de SP já disse ter a rede mais utilizada do mundo por quilômetro de linha. Parte disso se deve à quantidade de usuários, que subiu depois do Bilhete Único. Parte disso também se deve ao pequeno tamanho do sistema, inferior a 70 km.

“Num sistema desses, qualquer parada de 15 minutos provoca transtornos”, afirma Eleonora Pazos, da Associação Internacional de Transporte Públicos (UITP).

Governo quer emplacar tese de sabotagem

O governador Alberto Goldman (PSDB) disse ontem que a série de problemas preocupa. Técnicos ouvidos disseram não ter elementos para relacionar as ocorrências a deficiências de manutenção. E ameaçou: “vamos chamar a polícia para ver se houve alguma coisa além de um acidente”.

O presidente da  Associação de Engenheiros e Arquitetos do Metrô (Aeamesp), José Geraldo Baião, diz ter relatos de aumento do uso do botão de emergência por passageiros nas últimas semanas. O que reforça a crítica do Sindicato dos Metroviários sobre as constantes falhas e a superlotação do sistema. “O caos ocorrido foi gerado por uma falha de porta, que provocou um efeito cascata”, afirmou Benedito Barbosa, diretor da entidade.

A ex-subprefeita de São Paulo e atual coordenadora da campanha de internet do tucano José Serra (PSDB), Soninha Francine, virou motivo de piada na internet nesta terça-feira, ao insinuar que os problemas no Metrô de São Paulo foram fruto de “sabotagem” do PT. Ela não citou o partido textualmente, mas afirmou em outras mensagem que o PT sabota as ações do PSDB em todo o Estado.

Tentativa de  limpar sua barra

Na ressaca da pane que paralisou o Metrô e elevou o tom das críticas da oposição ao transporte público de São Paulo, o candidato ao governo Geraldo Alckmin (PSDB) percorrerá nesta o trajeto entre as estações Clínicas e Tietê em “horário de pico”, no final da manhã. Final da manhã não é horário de pico.

A pretexto de celebrar o “Dia Mundial sem Carro”, o deslocamento tentará simbolizar a defesa da confiabilidade do sistema, administrado há 16 anos pelo partido e apresentado nas propagandas como símbolo de excelência e conforto em transporte público.

Leia também: Metrô de São Paulo vive dia de caos

Da Redação com informações da Folha Online e Fenametro

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