Sem luta não há conquista

A greve dos metalúrgicos baianos que durou 13 dias, de 8 a 20 de setembro, paralisando em todo o estado 65 empresas, conquistou 9% de reajuste salarial, 4,24% acima da inflação, caracterizando-se como uma referência para demais categorias com data-base no segundo semestre.

A categoria metalúrgica confirmou a sua disposição de luta em reivindicar um reajuste digno diante dos números alcançados pelo setor. Segundo dados da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais – SEI, o setor metalúrgico no Estado da Bahia teve um crescimento de 16,9%, resultado extremamente relevante para o pólo industrial baiano.

A greve servirá de exemplo; não só pelo ganho de um dos maiores reajustes conquistado em todo o país, mas, sobretudo, pela unidade e coesão dos trabalhadores, que se mostraram determinados, e sem medo de enfrentar até mesmo as tentativas de intimidação de algumas empresas, que chamaram a Polícia Militar com a intenção de desestabilizar o movimento.

A intransigência patronal, que insistiu em levar a campanha à justiça, utilizou o expediente do pedido de Interdito Proibitório, mecanismo jurídico para coibir a mobilização em frente às empresas, prevendo multa de R$ 100 mil por dia caso o Sindicato desobedecesse à determinação, aplicou assédio moral nas fábricas, chegando a reter pais de família durante dias, e usou sua influência contando com ações policiais para, reprimir os trabalhadores, foi quebrada, sobretudo, pela unidade e poder de pressão da categoria. Somente no Complexo Ford, em Camaçari, foram paralisadas as atividades das 27 empresas que atuam dentro da montadora e cerca de mil carros deixaram de ser produzidos por dia.

Para a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil, vale ressaltar a autonomia e a independência das direções dos Sindicatos de Salvador, Camaçari, Ilhéus, Candeias, Dias D Ávila, Maragogipe, Simões Filho, Vitória da Conquista, liderados pela Federação dos Trabalhadores Metalúrgicos – FETIM e das lideranças classistas que souberam aliar reivindicações econômicas e políticas, provando, mais uma vez, que não existe contradição em fazer a luta concreta por melhores salários e participar da luta política eleitoral.

Ao aplicar os ensinamentos do sindicalismo classista; desmascaramos a falsa idéia de que a negociação já estava decidida e fomos à greve. Os patrões não esperavam tanta repercussão na sociedade e apoios, inclusive internacional – da Unión Internacional Sindical de La Metalurgía y La Minería e da Federación Sindical Mundial, que reconheceram a importância da greve.

Além do reajuste, os metalúrgicos garantiram a renovação de todos os pontos da Convenção Coletiva. Agora, os sindicatos darão continuidade às discussões específicas por empresas e a luta por uma justa Participação nos Lucros e Resultados.


Adilson Araújo é presidente da CTB-BA

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