Na quarta-feira (6), por volta das 5h da manhã, as ruas do Centro de Salvador ainda estão vazias. Pouco antes das 6h, começa o movimento de trabalhadores. São bancários que chegam às agências, obrigados pela gerencia. O Bradesco, sem dúvidas, é o campeão no que se pode chamar de escravidão dos tempos modernos.
A cena se repete diariamente em quase todas as agências da cidade. O empregado recebe uma ligação do gerente informando que o trabalho começa às 6h, é assediado moralmente e obrigado a furar a greve. Quem desrespeitar a ordem fica sujeito a perseguição e até demissão.
A situação humilhante não se resume apenas ao início da manhã. Constantemente, os funcionários são transferidos para outra unidade bancária. O horário de almoço também é proibido. Cada um que leve a sua “marmita”. Com medo, muitos deixam de denunciar ao Sindicato.
“A prática é mais uma prova de que os banqueiros não se preocupam com o bem estar dos empregados. A ordem é uma só: forçar o trabalho para garantir a produtividade e ampliar o lucro”, explica o diretor de Comunicação do Sindicado da Bahia, Adelmo Andrade.
Ação é contra a lei
O artifício utilizado pelos banqueiros para tentar impedir a greve da categoria é ilegal. De acordo com a Constituição Federal, artigo 9º, o direito de greve é assegurado a todo trabalhador, competindo aos empregados decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devem ser defendidos.
O Comando Nacional, inclusive, enviou uma carta, no início da semana, à Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) alegando que se trata de mais uma prática de assédio que atenta contra a organização sindical.
A medida, além de ser uma forma utilizada para enfraquecer o movimento legítimo, ainda “prejudica a saúde do trabalhador, obrigado a sair de casa em horário incompatível com a jornada de trabalho habitual, já que não lhe é dado o direito de opção”.
Fonte: CTB-BA