Redes sociais, eleições e boataria

No atual estágio do desenvolvimento da sociedade brasileira a internet vai ocupando, cada vez mais, um espaço considerável e um meio pelo qual a população brasileira busca informações acerca do mundo que a circunda. Também é um fenômeno brasileiro a extraordinária adesão às chamadas redes sociais e/ou de relacionamento.

Recentemente o microblog Twitter tornou-se a nova febre brasileira. O segundo relatório da empresa de consultoria ComScore (agosto de 2010) 23% dos internautas com mais de 15 anos de idade (cerca de 9 milhões de pessoas) acessam o Twitter, fazendo do Brasil o líder mundial de usuários do microblog. Segundo a empresa, o Brasil é o nono mercado de internet do mundo.

Mas, o alcance das mídias sociais não para por aí. O estudo também aponta que mais de 36 milhões de brasileiros, desta mesma faixa etária, acessaram algum tipo de rede social. O Orkut, que, de algum tempo para cá, passou a ser visto com um certo preconceito pelo internautas, sendo inclusive apelidado de “Facebook de pobre”, mantém-se líder no ranking das redes de relacionamento e continua sendo a rede social mais popular, com cerca de 29 milhões de usuários.

Entretanto, é o Facebook que mais vem crescendo. No Brasil, no último ano o acesso a esta rede cresceu 479%. O Twitter cresceu 86% e o Orkut apenas 30%.

Trago estes dados com o intuito de, mais uma vez, chamar a atenção da necessidade de nos atentarmos para a importância e o papel da internet na informação e formação social da nossa gente. A disputa de projetos, ideológica e da própria hegemonia passa, obrigatoriamente, pela utilização – eficiente e eficaz – desta ferramenta, nos dias atuais.

A comunicação dinâmica, ativa, proativa, de qualidade informativa ocupa cada vez mais um papel contundente na construção da sociedade justa, democrática, socialista.

Como militante das redes sociais vamos observando que o pleito eleitoral de 2010, que foi previamente intitulado de a “eleição da internet”, vem sendo contagiada pelo vírus da boataria através das redes sociais, alimentada – certamente – por um poderoso grupo de produtores de mentiras, falsas verdades e/ou verdades destorcidas. Vovó já dizia que uma mentira repetida muitas vezes, se torna verdade.

Imagine o efeito que pode ser obtido quando tais mentiras são repetidas e repercutidas por milhões de internautas Brasil afora.

No confronto de projetos que ocorre no Brasil, neste momento, estamos optando pelo rumo que o gigante verde-amarelo irá trilhar. Se segue em frente, avançando no rumo do desenvolvimento, com justiça social e valorização do trabalho, ou se regressa para o obscuro passado de privatizações, desemprego e desesperança popular.

Para qualquer militante da esquerda é muito fácil fazer esta opção. Compreender que o que foi dito acima é o que está em jogo. Mas, por maior que seja a aceitação e popularidade do presidente Lula e sua influência apoiando Dilma, o sinal amarelou no dia 03 de outubro.

Logo, precisamos estar atentos ao que vem sendo “plantando” no cyber espaço e que de lá, propaga-se para toda a sociedade. Diante disso, uma nova categoria de militância vai tornando-se essencial: a militância virtual ou a cyber militância. É ela que “conectada”, “ligada”, “cuidadosa” aos movimentos que surgem nas redes, pode ser a “desconstrutora” dos boatos e mentiras, na rapidez que a internet impõe e exige.

Seria impossível monitorar tudo o que aparece na rede e, muitas vezes, quando tomamos conhecimentos de certos assuntos que nela transitam é porque já tomou proporção gigantesca.

Do ponto de vista social, a rapidez com que a comunicação se perpetra pela rede mundial, propicia que a verdade passe a ter maior amplitude do que aquela que nos é imposta diariamente pela imprensa “oficial”.

Um exemplo disso foi a vitória da blogosfera, no caso do comercial de aniversário da Rede Globo, clara e descaradamente, beneficiando a campanha do Tucano-demo José Serra. O cuidado da militância virtual e a imediata denúncia e mobilização fez com que o grande barão da mídia brasileira se acuasse e recuasse da veiculação da campanha (nem um pouco) subliminar, diante da reação popular que pipocou na internet.

Eleger Dilma é imperioso para que o Brasil siga construindo sua independência e valorizando seu povo trabalhador. Para isso, também a internet é território onde se trava a disputa. Estar prevenidos aos movimentos do inimigo e denunciar as tentativas de propagação de boatos, neste ambiente, é papel imprescindível da cyber militância ou mesmo daqueles que, não se consideram militantes da internet, mas simples usuários de alguma rede social.


Sônia Corrêa é jornalista e blogueira (http://soniacorrea.blogspot.com)

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