Metalúrgicas gaúchas se reunem para debater igualdade de direitos

A mulher começa a romper com os conceitos de submissão para ser protagonista das suas lutas. As trabalhadoras buscam a inserção nos espaços legitimados dentro da sociedade para discutir a igualdade de direitos e temas importantes para a sua vida profissional e pessoal. Essa foi a tônica da abertura do I Encontro das Trabalhadoras Metalúrgicas de Caxias do Sul e Região, que ocorre neste sábado e domingo, no Samuara Hotel. O encontro contou com uma tradutora de linguagem de libras para contemplar duas delegadas. O seminário conta com a representação de operárias de 31 empresas.

A diretora do Departamento Feminino do Sindicato dos Metalúrgicos, Eremi Melo, que coordenou os trabalhos, destacou a importância de as mulheres assumirem a luta pela redução da jornada de trabalho, porque cumprem a dupla jornada.

“Tivemos uma grande conquista ao elegermos Dilma a primeira mulher presidente, mas só isso não basta. Temos de participar das decisões da sociedade”, pregou Eremi ao defender que é preciso lutar ainda por avanços da presença feminina na política.    

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos e deputado federal eleito Assis Melo (na foto, ao microfone) ressaltou a importância do encontro ao mencionar delegações de líderes metalúrgicas de Sindicatos do Rio de Janeiro, Betim e Bahia.

“A nossa luta é luta de classe. Se não irmos para luta com a participação efetiva da mão de obra feminina, a luta fica manca. Essa parte importante das mulheres precisa estar representada, inclusive na direção do Sindicato para ajudar a definir as políticas para as trabalhadoras, mas tem de participar da luta”, pregou Assis.

O parlamentar arriscou a classificar o encontro com o maior do Brasil do último período pela representatividade do encontro.

O líder sindical ressaltou ainda a necessidade de creches e criticou a demora de algumas empresas de colocarem em prática a licença-maternidade de 180 dias.

Assis foi além na defesa de direitos e reforçar a luta da entidade pela concessão do auxílio creche para a criança e não a para mãe trabalhadora da indústria.

“Essa luta do auxílio creche vem de longe. Se a mãe não é metalúrgica, a criança não tem direito. A luta das mulheres não pode ser só delas. Tem de ser uma luta nossa, dos trabalhadores. Por isso, os homens têm de participar”, acrescentou Assis.

A mulher como engrenagem social  

Feministas, sindicalistas e políticas, a deputada estadual reeleita Marisa Formolo (PT), a tesoureira do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro e secretária da Mulher da Federação Interestadual dos Metalúrgicos e Metalúrgicas do Brasil (FItMetal), Raimunda Leone (PCdoB), e a secretária nacional da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e próxima titular da pasta estadual do Turismo, Abgail Pereira (PCdoB), colocaram a mulher, em suas abordagens, no eixo na transformação do mundo, como a principal engrenagem social.    

Marisa destacou que o encontro começava no dia da consciência negra, reforçando ser essa uma luta ainda em andamento.

“O papel da mulher para a transformação do mundo é indispensável. A mulher ainda carrega o traço cultural muito forte para romper com as estruturas institucionais da sociedade. Temos de sair daqui deixando o medo e a submissão para trás.”

Já Raimunda enfatizou a importância de ter mulheres ocupando os espaços de poder.

“Sabemos o quanto é difícil para organizar as mulheres. A jornada de trabalho nossa é muito extensa. Nós temos filhos. Existem uma série de fatores que impede a mulher de participar da vida política”, reforçou Raimunda, ao elogiar a iniciativa do Sindicato.

A metalúrgica carioca lembrou ainda a luta histórica da mulher por direitos.

“As mulheres sequer tinham direito de estudar, de votar, de expor sua sexualidade. As mulheres, os pobres e os negros não tinham direito ao voto. Muitas mulheres lutaram em 1800 lutaram para que outras mulheres tivessem direito à educação. E tornaram esse direito em bandeira. para que a mulher se qualifique.”

Raimunda empunhou ainda bandeiras como a redução da jornada, sem redução de salarial e igualdade salarial, que ainda é uma realidade distante das mulheres.  

Abgail enalteceu o olhar que o Sindicato dos Metalúrgicos tem dispensado às trabalhadoras, ao relembrar que o Congresso da categoria ocorreu no mesmo local, no Samuara, neste ano, e debateu pontos importantes para ampliar os direitos das mulheres.

“Essa atividade se realiza num momento extremamente importante do nosso país. Tivemos a condição de eleger primeira mulher presidente. Além de dar visibilidade às mulheres, vamos conquistar mais espaços para políticas públicas voltadas às mulheres. Nós, mulheres, tivemos o PAC com Dilma, e o Minha Casa, Minha Vida com um recorte de gênero”, ilustrou Abgail, ao defender mais aparelhos públicos como creches e restaurantes comunitários.      

Abgail cumprimentou o Sindicato na pessoa de Assis Melo por ser uma entidade classista que sempre priorizou nas questões de dissídio a ampliação dos direitos das mulheres.

Fonte: Roberto Dias (foto: Diva Andrade)

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