Raquel de Queiroz: O centenário de nascimento da mulher que revolucionou a literatura brasileira

Uma das escritoras mais apreciadas pela literatura e primeira mulher a entrar na Academia Brasileira de Letras, em 1977, Raquel de Queiroz completaria 100 anos de vida em novembro de 2010.

Filha de Daniel de Queiroz e de Clotilde Franklin de Queiroz, Raquel nasceu em Fortaleza, no Ceará. Sua bisavó materna, “dona Miliquinha” era prima de José de Alencar, autor de “o Guarani”, seu pai era juiz de direito nessa época.

Em 1926, sua única filha faleceu ainda jovem. “Ela tinha 16 pra 17 anos quando eu nasci. Fiquei sendo uma espécie de filha para ela também, contou Maria Luiza de Queiroz Salek, irmã de Rachel de Queiroz.

Com o pseudônimo de “Rita de Queluz” ela envia ao jornal “O Ceará”, em 1927, uma carta ironizando o concurso “Rainha dos Estudantes”, promovido por aquela publicação. O diretor do jornal, Júlio Ibiapina, amigo de seu pai, diante do sucesso da carta a convida para colaborar com o veículo. Três anos depois, ironicamente, quando exercia as funções de professora substituta de História no colégio onde havia se formado, Rachel foi eleita a “Rainha dos Estudantes”. Com a presença do Governador do Estado, a festa da coroação tinha andamento quando chega a notícia do assassinato de João Pessoa. Joga a coroa no chão e deixa às pressas o local, com uma única explicação “Sou repórter”.

Por conta de um problema de saúde, em 1930, Raquel se vê obrigada a fazer repouso e escreve um livro sobre a seca, “O Quinze”, romance de fundo social, contando a história da luta de um povo contra a miséria e a seca, tendo a obra elogiada por Augusto Frederico Schmidt e Mário de Andrade. O livro logo transformaria Rachel numa personalidade literária.

Em 1932, Raquel de Queiroz foi fichada como comunista, em Pernambuco. Neste mesmo anos, se casou com o poeta bissexto José Auto da Cruz Oliveira e terminou seu segundo romance, “João Miguel”.

Tendo, em 1953, sua primeira peça montada no Teatro Municipal do Rio de Janeiro e no Teatro Leopoldo Fróis, em São Paulo.

Estréia na literatura infanto-juvenil, em 1969, com “O Menino Mágico”.

No ano de 1975, publica o romance “Dôra, Doralina”.

A partir de 1967 passa a integrar o Conselho Federal de Cultura, onde permanece até 1985.
Em 1977, por 23 votos a 15, e um em branco, Rachel de Queiroz vence o jurista Francisco Cavalcanti Pontes de Miranda e torna-se a primeira mulher a ser eleita para a Academia Brasileira de Letras.

Seu livro, “O Quinze”, é publicado no Japão pela editora Shinsekaisha e na Alemanha pela Suhrkamp, em 1978.

Raquel retorna à literatura infantil, em 1986, com “Cafute & Perna-de-Pau”.
Já na nova editora Siciliano, a escritora lança, em 1992, o romance “Memorial de Maria Moura”.

Em 2000, Raquel recebe o título de Doutor Honeris Causa da Univercidade Estadual do Rio de Janeiro.

A escritora faleceu em 2003, em sua casa, no Rio de Janeiro, dormindo em sua rede. Mas deixou terminada a obra, “visões: Maurício Albano e Raquel de Queiroz”, uma apanhado de imagens do Ceará registradas por Maurício, com texto de Raquel.

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Obras:
Individuais:

– Romances:
– O quinze (1930)
– João Miguel (1932)
– Caminho de pedras (1937)
– As três Marias (1939)
– Dôra, Doralina (1975)
– O galo de ouro (1985) – folhetim na revista ” O Cruzeiro”, (1950)
– Obra reunida (1989)
– Memorial de Maria Moura (1992)
– Literatura Infanto-Juvenil:

– O menino mágico (1969)
– Cafute & Pena-de-Prata (1986)
– Andira (1992)
– Cenas brasileiras – Para gostar de ler 17.
– Teatro:

– Lampião (1953)
– A beata Maria do Egito (1958)
– Teatro (1995)
– O padrezinho santo (inédita)
– A sereia voadora (inédita)
– Crônica:

– A donzela e a moura torta (1948);
– 100 Crônicas escolhidas (1958)
– O brasileiro perplexo (1964)
– O caçador de tatu (1967)
– As menininhas e outras crônicas (1976)
– O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
– Mapinguari (1964)
– As terras ásperas (1993)
– O homem e o tempo (74 crônicas escolhidas}
– A longa vida que já vivemos
– Um alpendre, uma rede, um açude: 100 crônicas escolhidas
– Cenas brasileiras
– Xerimbabo (ilustrações de Graça Lima)
– Falso mar, falso mundo – 89 crônicas escolhidas (2002)
– Antologias:

– Três romances (1948)

– Quatro romances (1960) (O Quinze, João Miguel, Caminho de Pedras,
As três Marias)

– Seleta (1973) – organização de Paulo Rónai
– Livros em parceria:

– Brandão entre o mar e o amor (romance – 1942) – com José Lins do Rego, Graciliano Ramos, Aníbal Machado e Jorge Amado.

– O mistério dos MMM (romance policial – 1962) – Com Viriato Corrêa, Dinah Silveira de Queiroz, Lúcio Cardoso, Herberto Sales, Jorge Amado, José Condé, Guimarães Rosa, Antônio Callado e Orígines Lessa.

– Luís e Maria (cartilha de alfabetização de adultos – 1971) – Com Marion Vilas Boas Sá Rego.

– Meu livro de Brasil (Educação Moral e Cívica – 1º. Grau, Volumes 3, 4 e 5 – 1971) – Com Nilda Bethlem.

– O nosso Ceará (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), relato, 1994.

– Tantos anos (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), auto-biografia, 1998.

– O Não Me Deixes – Suas Histórias e Sua Cozinha (com sua irmã, Maria Luiza de Queiroz Salek), 2000.
Obras traduzidas pela escritora:

– Romances:

AUSTEN, Jane. Mansfield Parlz (1942).
BALZAC, Honoré de. A mulher de trinta anos (1948).
BAUM, Vicki. Helena Wilfuer (1944).
BELLAMANN, Henry. A intrusa (1945).
BOTTONE, Phyllis. Tempestade d’alma (1943).
BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes (1947).
BRUYÈRE, André. Os Robinsons da montanha (1948).
BUCK, Pearl. A promessa (1946).
BUTLER, Samuel. Destino da carne (1942).
CHRISTIE, Agatha. A mulher diabólica (1971).
CRONIN, A. J. A família Brodie (1940).
CRONIN, A. J. Anos de ternura (1947).
CRONIN, A. J. Aventuras da maleta negra (1948).
DONAL, Mario. O quarto misterioso e Congresso de bonecas (1947).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Humilhados e ofendidos (1944).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Recordações da casa dos mortos (1945).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os demônios (1951).
DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Os irmãos Karamazov (1952) 3 v.
DU MAURIER, Daphne. O roteiro das gaivotas (1943).
FREMANTLE, Anne. Idade da fé (1970).
GALSWORTHY, John. A crônica dos Forsyte (1946) 3 v.
GASKELL, Elisabeth. Cranford (1946).
GAUTHIER, Théophile. O romance da múmia (1972).
HEIDENSTAM, Verner von. Os carolinos: crônica de Carlos XII (1963).
HILTON, James. Fúria no céu (1944).
LA CONTRIE, M. D’Agon de. Aventuras de Carlota (1947).
LOISEL, Y. A casa dos cravos brancos (1947).
LONDON, Jack. O lobo do mar (1972).
MAURIAC, François. O deserto do amor (1966).
PROUTY, Oliver. Stella Dallas (1945).
REMARQUE, Erich Maria. Náufragos (1942).
ROSAIRE, Forrest. Os dois amores de Grey Manning (1948).
ROSMER, Jean. A afilhada do imperador (1950).
SAILLY, Suzanne. A deusa da tribo (1950).
VERDAT, Germaine. A conquista da torre misteriosa (1948).
VERNE, Júlio. Miguel Strogoff (1972).
WHARTON, Edith. Eu soube amar (1940).
WILLEMS, Raphaelle. A predileta (1950).
– Biografias e memórias:

BUCK, Pearl. A exilada: retrato de uma mãe americana (1943).
CHAPLIN, Charles. Minha vida (caps. 1 a 7 (1965).
DUMAS, Alexandre. Memórias de Alexandre Dumas, pai (1947).
TERESA DE JESUS, Santa. Vida de Santa Teresa de Jesus (1946).
STONE, Irwin. Mulher imortal (biografia de Jessie Benton Fremont (1947).
TOLSTÓI, Leon. Memórias (1944).

– Teatro:

CRONIN, A. J. Os deuses riem (1952).

Fonte: Leituras.com e agências

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