Conversa gravada: Cloaca concede entrevista a repórter da Folha e expõe manipulação do PIG

Foto: Zeza/Café & Aspirinas

Ao ser entrevistado pelo repórter Breno Costa, da Folha de S. Paulo, o blogueiro progressista Cloaca grava conversa e posta em seu blog a transcrição, na íntegra, e mostra os bastidores da manipulação do PIG (Partido de Imprensa Golpista).

Questionado pelo seu entrevistado sobre o fundamento de uma das questões feitas em relação à eventual censura a imprensa que o governo Lula está propondo, o jornalista respondeu: “É que me mandaram perguntar…”.

EXCLUSIVO – A TRANSCRIÇÃO DA ENTREVISTA QUE O REPÓRTER DA FOLHA FEZ COM O SENHOR CLOACA NA SAÍDA DO PLANALTO

 

–          Olá, você é o senhor Cloaca, não é?
–          Você, não. Senhor.
–          Hãã…o senhor é o senhor Cloaca, não é?
–          Até prova em contrário. E enquanto as pragas não pegarem…
–          Será que voc…o senhor poderia me dar uma palavrinha?
–          Uma só? Pode ser um adjetivo?
–          Na verdade, tenho algumas perguntas…
–          Então, por que pediu uma palavrinha em vez de perguntar se podia fazer algumas perguntas?
–          É que…,como voc…o senhor vê, sou novo nisso.
–          Não vi nada. Mas vejo que você tem um crachá da Folha.
–          É, pois é.
–          É seu mesmo? Deixe-me ver a foto…

(Cara, crachá, cara, crachá, cara, crachá)

–          Não repare muito, senhor Cloaca.
–          Vem cá, você é sobrinho da Tia Lenita?
–          Quem?
–          Deixa para lá…
–          Mas, senhor Cloaca…as perguntas…
–          Ah, sim, claro!
–          Voc…o senhor não acha que o Presidente Lula está querendo censurar a imprensa?
–          Não, não acho. De onde você tirou essa ideia estapafúrdia?
–          É que me mandaram perguntar…
–          Você acha isso?
–          Sabe, eu sou apenas um operário da mídia…
–          Estou vendo. E vamos deixar claro que não tenho nada pessoal contra você, meu caroooo… qual é mesmo seu nome?
–          (mostra o crachá) Breno. Breno Costa. E o seu?
–          Senhor. Senhor Cloaca.
–          Sei. Mas o seu nome verdadeiro…
–          Isso não é importante. Sequer sou famoso.
–          Mas agora está famoso, não é?
–          Quem está famoso é o Senhor Cloaca.
–          Mas, essa história de o Presidente Lula querer calar a imprensa…
–          Que história, rapaz?
–          O Lula atacou a imprensa, oras!
–          O que o Presidente Lula fez foi manifestar suas ideias a respeito de como certa imprensa o tem tratado. Isso não é atacar a instituição Imprensa. Aliás, se você viu a entrevista que ele acabou de dar para os blogueiros…
–          Uma entrevista chapa-branca, não é?
–          Chapa-branca? Pode me citar algum exemplo?
–          Bem…veja bem…ãããnnn…
–          Escuta, não está na hora do seu Toddynho?
–          Que horas são?
–          Exatamente, meio-dia e quarenta.
–          Então, a censura à imprensa…
–          Olha, meu filho, a mesma liberdade que certa imprensa tem de publicar o que quiser contra o Lula tem o Lula de dizer o que pensa daquilo que publicaram contra ele. Ou a Imprensa não pode ser criticada?
–          Não é isso…é que…
–          Seu jornal, por exemplo, teve toda a liberdade de publicar que o Lula é assassino e estuprador.
–          Veja bem…quer dizer…
–          Seu jornal chamou a ditadura de ditabranda.
–          É, isso é verdade.
–          O que é verdade?
–          Meu jornal chamou a ditadura de ditabranda.
–          E você trabalha lá.
–          Como eu disse, sou apenas um operário…
–          Objetivamente, o que você saber de mim, que já não saiba?
–          Voc…o senhor trabalha onde?
–          Você vai publicar exatamente o que eu disser, não é?
–          Sim.
–          Assessoro políticos do PT-RS, mas vou evitar o assunto.
–          É verdade que, na hora da foto, o Lula disse: vem cá, ô Cloaquinha”?
–          Sim, é verdade, ele disse.
–          E o senhor fez o quê?
–          Nada. Apenas fui.
–          Não vai se gabar disso?
–          Vou, sim. Estou até pensando em botar uma placa no pescoço com os dizeres: O Lula me chamou depois: ‘Vem cá, ô Cloaquinha!’

(Toca o celular. “Alô, mamãe! Como? Acabou??? Tudo bem, pode ser Ovomaltine!” Desliga o celular)

–          Bem, obrigado pela entrevista, senhor Cloaca, mas estão me esperando para o almoço.
–        Também vou indo. Até a próxima, Breno! E, olha, não aceite doces de estranhos na rua, tá?
.
.
O diálogo acima é 85% verdadeiro. E está gravado.

Abaixo acompanhe a matéria que veiculou no site do Jornal:

Em entrevista no Planalto, Lula e blogueiros se unem em críticas à mídia

BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

A primeira entrevista já concedida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a blogueiros foi marcada por críticas à grande imprensa –tanto por parte do presidente quanto dos entrevistadores.

Dez blogueiros autoclassificados de “progressistas” participaram da entrevista, acertada com o Palácio do Planalto após o 1º Encontro de Blogueiros Progressistas, realizado em agosto, em São Paulo.

Do grupo, apenas dois podem ser considerados neutros. O restante é de blogs que fazem defesa do governo ou que, durante a campanha, se alinharam com a candidatura Dilma Rousseff.

O blog “Amigos do Presidente Lula”, não previsto inicialmente na lista divulgada pela Presidência, também participou da entrevista coletiva, realizada na manhã de hoje, no Palácio do Planalto. A entrevista durou cerca de duas horas.

Das dez perguntas formuladas pelos blogueiros, apenas três buscaram mostrar alguma contradição de Lula e seu governo.

Uma sobre uma suposta negligência do governo na política em relação a uma eventual punição aos torturadores da ditadura militar, outra sobre o mau desempenho do PT no Acre, e uma última sobre as razões da saída do ex-diretor geral da PF, Paulo Lacerda, do governo, na esteira da Operação Satiagraha.

Um dos blogueiros, Eduardo Guimarães, do Movimento dos Sem Mídia, chegou a se referir ao “PIG”. Coube ao secretário de imprensa do Planalto, Nelson Breve, traduzir a sigla ao presidente: “Presidente, o PIG é o que ele chama de Partido da Imprensa Golpista”.

Ao lado do ministro Franklin Martins (Comunicação Social), Lula voltou a afirmar que parou de ler jornais e revistas e disse que, quando sair da Presidência, vai reler tudo para saber “a quantidade de leviandades, de inverdades que foram ditas a meu respeito”.

Segundo o presidente, “o jogo não é fácil, sobretudo quando você não quer se curvar, quando você quer ter independência no seu comportamento”, disse.

O presidente diz que a imprensa fica assustada com sua popularidade elevada, porque “trabalharam o tempo inteiro para não acontecer isso”. Para Lula, “não existe maior censura do que a ideia de que a mídia não pode ser criticada”.

Lula defendeu a regulação da mídia e afirmou que pretende entregar a Dilma um texto sobre um marco regulatório para o setor antes do término do mandato, daqui a pouco mais de um mês. Segundo Lula, o lema da imprensa livre é “cobrar, exigir, questionar e defender quando for preciso defender”.

Defendeu, ainda, a criação de “um instrumento para a sociedade acionar judicialmente falsas denúncias” e cobrou responsabilidade da imprensa.
“Vou ter o orgulho de terminar o meu mandato sem precisar ter almoçado em nenhum jornal, em nenhuma revista, em nenhum canal de televisão”, disse o presidente. Lula disse, ainda, que “se alguém for fazer a história do meu mandato e pegar algumas revistas, a impressão que ele vai ter do meu mandato será a pior possível”.

BOLINHA DE PAPEL

O presidente Lula ainda ressuscitou o episódio da “bolinha de papel”, quando o então candidato do PSDB à Presidência, José Serra, foi agredido por militantes ligados ao PT durante ato de campanha no segundo turno das eleições, no Rio. O presidente voltou a dizer que Serra simulou uma agressão, e que o tucano foi atingido apenas por uma bolinha de papel.
“Foi uma cena patética, realmente foi uma desfaçatez. Eu perdi três eleições, jamais teria coragem de fazer uma mentira daquela. Fiquei decepcionado [com a TV Globo] porque quiseram inventar uma outra história, inventar um objeto invisível que até agora não mostraram. O povo não merece aquilo. Aquilo era para culpar o PT. Na verdade, a violência foi o desrespeito ao ser humano. Por isso que eu disse que o Serra tem que pedir desculpas ao povo brasileiro”, disse o presidente.

Fonte: Folha de S. Paulo

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.