Cantando a resistência: celebração resgata a cultura popular

Poetas e cantadores de várias regiões do país no 1º Mutirão de Cantoria da Escola Nacional Florestan Fernandes, do MST

Ao som de viola caipira, violão, tambor e outros instrumentos musicais, e entoando em coro a música Calix Bento, canção do folclore mineiro, músicos e poetas abriram o 1º Mutirão de Cantoria da Escola Nacional Florestan Fernandes (ENFF), do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O evento, que é um encontro de celebração e resgate da cultura popular com poetas e cantadores de várias regiões do país, aconteceu em Guararema (SP), no auditório da ENFF, dia 28 de janeiro. O mutirão, que durou 10 horas, contou com cerca de 20 apresentações de artistas, que através da sua arte festejam a cultura popular brasileira. Os poetas e violeiros fizeram apresentações que foram da música sul-mato-grossense e gaúcha missioneira até as músicas e poesias do Pará.

Estiveram presentes Zé Mulato e Cassiano, que representam a essência da música caipira no Brasil, Pereira da Viola, de Minas Gerais, entre vários grupos e cantadores. A escola de samba Unidos da Lona Preta, de São Paulo, participou apresentando o enredo do carnaval deste ano.

Para Felinto Procópio, o Mineirinho, integrante do coletivo de cultura do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o evento foi uma mostra de que a arte deve ser tratada como elemento central na formação da consciência. “Esse Mutirão fortalece o zelamento da cultura popular. É zelar pela musicalidade dos violeiros, dos poetas e, acima de tudo, zelar por nossa cantoria de resistência e luta. E este evento está cumprindo com uma das missões da Escola, que é ser formadora a partir da arte”. Para ele, outro detalhe importante é que esse mutirão é amplo. “Aqui cabe o violeiro, o sanfoneiro, o poeta e o cantador”, afirma.

União para fortalecer
O cantador Levi Ramiro, 45, de Pirajuí (SP), que acompanha o MST desde a década de 1990 e participa do Encontro dos Violeiros, salienta que a parceria do Mutirão de Cantoria é fundamental para fortalecer tanto o MST como o movimento de violeiros no Brasil. “Como é um movimento de resistência, o MST acaba sendo um símbolo dela e ajuda a romper a aversão em relação à cultura popular e à música caipira, pois a viola caipira no Brasil também é um movimento de resistência” argumenta.

Na perspectiva de musicalidade da viola, Milton Araújo, outro violeiro que também se apresentou, afirma que o encontro de artistas de várias partes do Brasil evidencia a riqueza da cultura popular. Para ele, o mutirão tem identidade com a questão da terra, do camponês e cumpre um papel fundamental, que é formação a partir da arte. “É fantástico. Os violeiros têm estilos diferentes e essa combinação formada por todos juntos cria uma coisa muito interessante, na perspectiva da própria viola. Isso mostra as possibilidades de linguagem que a viola pode apresentar. Ela resgata, reforça e divulga a identidade do trabalhador do campo.”

Fonte: Brasil de Fato

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