Um olhar sobre a África – Senegal FSM 2011

Após intensa participação nas atividades do 11º Fórum Social Mundial em Dacar, Senegal, em uma rica troca de experiências entre mais de 70 mil pessoas de cerca de 130 países que buscam combater o imperialismo e o neoliberalismo por meio de ações unificadas na busca de melhores condições de vida para os povos, em especial, as ações unitárias aprovadas pela Assembléia Mundial dos Movimentos Sociais. O nosso olhar classista se volta, em especial, àqueles e àquelas que em nenhum momento nos passou despercebido e, até porque, era essa a intenção da realização do FSM em Senegal: “Os povos africanos”.

Belos! Homens, mulheres, idosos, jovens, crianças. Um povo que nos acolheu com grande alegria, mas muitos não nos esconderam a tristeza do olhar. Tristeza pelas necessidades básicas mais essenciais como: comida, transporte, saneamento básico e emprego. Frutos da herança do colonialismo continental e marcados pela grave desigualdade social.

É uma agressão ao sentimento humano: observar os palácios senegaleses com tanto luxo, riqueza e ostentação de poder que confortam a alguns, contrastando com a extrema miséria de milhares.

Dói e essa dor nos faz refletir sobre nosso papel no Fórum: lutar por um outro mundo possível.
Visitamos a ilha de Gorée, onde reacendemos nossa memória sobre a luta destes homens e mulheres pela liberdade. Foi ali, onde a força da desumanização se imortalizou.

Nas celas que hoje se tornaram museus, nos emocionamos. Pequenos espaços sombrios separavam mulheres, homens e crianças acorrentados e preparados para uma viajem sem volta…

Saíram da ilha, cerca de 15 a 20 milhões de africanos. Milhares não chegaram ao destino previsto. Os outros milhões alimentaram a riqueza das grandes metrópoles que hoje se tornaram as grandes potências. Deixando para trás os rastros da exploração do homem pelo homem, a desigualdade…

Rememorar é um ato político. Nos permite  avaliar a importância prática da resistência humana. Foi na ilha de Gorée que prenderam, mutilaram, escravizaram e mataram… Mas é também um local, onde reacendemos a importância de nos indignar, resistir e lutar para transformar, pois sabemos que a verdadeira crise é a da identidade humana.

A África não precisa de assistencialismo, precisa de solidariedade, fraternidade, igualdade e justiça social. Daí a importância da nossa união.

Viva a luta dos povos! Viva o Fórum Social Mundial! Viva a CTB!

 

 Ailma Maria de Oliveira – Presidente da CTB Goiás

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