Movimentação de Classe

Interessante as recentes análises sociológicas referente à conjuntura nacional e internacional. O reflexo na sociedade civil como um todo ao tempo que a política classista no sentido amplo repensa tática e estratégias em relação às circunstâncias retrógradas como a política dos juros altos e cortes de gastos. Não deixa de ser curioso e entusiasmante enfrentar tais desafios. Visto que o processo de eliminação da miséria e a interação do rumo do país estão intimamente ligados ao povo e aos anseios que há tempos são reivindicados, ou seja, a voz do povo é a voz da razão.

A classe trabalhadora num processo de transformação contínua, seja por conta das necessidades técnicas dos meios de produção, seja pelas circunstâncias históricas e econômicas; mantém com destaque sua relevância no perfil da sociedade brasileira. É nela que estão presentes as expressões reais das contradições político-histórico e do capital-trabalho, intrigantes e insubestimáveis. Ainda que o poder midiático de setor intransigente da classe dominante intenciona a qualquer custo à banalização da vida como se os trabalhadores e trabalhadoras tivesse papel de coadjuvante no cenário. A questão é que o efeito da “ironia do destino” é o inverso e fortalece a classe trabalhadora como a camada intelegivelmente de caráter no país se tornando, portanto, o “destino da ironia”.

Neste sentido o que visualizamos nessa virtuosidade é a resistência é o poder de se organizar ainda que em condições na maioria das vezes precárias e cruéis. A situação de plano histórico-econômico está assentada, dando condições de a classe pensar ao contrário do período de mobilidade da década de 70. O questionamento ao Estado e a política de Bem Estar com uma seguridade social quebrantável mais próximo de um poder liberalizante (autonomia de mercado) do que a uma organização consciente em nível pleno do circuito nacional e internacional está muito mais suscetível de acontecer.

Isso explica em parte o refluxo, o epicentro e a nova camada dos formadores de opiniões da atualidade, à juventude trabalhadora estudantil, insurgentes das maiores batalhas sociais contemporâneas na busca da sobrevivência. A entrada no mundo do trabalho e como lidar com ele, determina para onde pendular, se evolui a serenidade ou se agonizam em produto do capitalismo.  Avesso a dogmas e a superficialidade, em muitas situações à procura de um senso-coletivo no âmbito político que não encontram. Preenchidos com as preocupações em inovações tecnológicas e com o seu mundo, com muito dos sintomas da captura da subjetividade produzido pelo novo mercado, ainda sim, com muita esperança, anseio de luta e de vida.

A conjuntura proporcionada pela política econômica estendida e reinante em um parâmetro ortodoxo. Demonstra o caráter do Estado que está muito mais próximo de uma mistura de corpos de um bordel do que de uma mistura de corpos de uma peça de teatro, atendendo ao preceito da neutralidade de classe o que é um engano, assim como, nem só de pão vive o homem, nem só de viradas culturais vive a cultura. A extensão desta economia ortodoxa que superficialmente sugere qualidade de gestão quando na verdade salienta as ações durante a negociação do salário mínimo recente. Onde a “marolinha” do conflito demonstrou algumas fragilidades da instância superior de poder que tem como um dos condicionantes à demagogia.

Contudo, o Brasil, parece se reinventar e um dos principais fatores é sem dúvida a ascensão de 30 milhões para a classe média C e com isso fortalecimento de solução de paradigmas, tais, como exercício de cidadania, misturas de culturas, exigência de uma educação de qualidade, perspectiva de emancipação do patamar alcançado e a assimilação da consciência histórica desta nova realidade. O demérito de um divisionismo de classe não é fonte de avanço, a perspectiva é a interação dessas camadas consideradas a classe média tradicional que já surgiu como classe média e aquelas que surgiram neste processo de reinvenção num jogo de soma que fortalece ainda mais a quantidade e a qualidade da classe trabalhadora. Certamente um momento ímpar na história do país que nos próximos dias deve enfrentar a si mesmo. Um “salve”, portanto, a idéia de transcendentalismo que é o Socialismo, pois, está sempre vivo.

André Lemos é Sociólogo formado pela FSA – Fundação Santo André. Especializou-se em Economia do Trabalho e Sindicalismo e de Economia do Trabalho (CESIT), do Instituto de Economia da Unicamp. Atualmente colaborador de pesquisa do Centro de Estudos Sindicais (CES).

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