“Perdoe os incômodos… Estamos lutando para construir a Nova Pátria”. Com essa frase, a Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) convocou centenas de hondurenhos e hondurenhas para participar de mais uma Paralisação Cívica Nacional. Apesar do caráter pacífico da mobilização que ocorreu no dia (30), os manifestantes foram, mais uma vez, recebidos com violência por policiais e militares do país.
As manifestações começaram no início da manhã de quarta-feira, em várias regiões do país. Em Tegucigalpa, capital hondurenha, os manifestantes tomaram vários pontos da cidade e logo foram repreendidos por forças do Estado. Notícias revelam que, na ocasião, a sede do Sindicato de Trabalhadores da Indústria da Bebida e Similares (STIBYS) foi atacada por policiais com gases lacrimogêneos.
“As organizações sindicais e populares tomaram as estradas em frente ao STIBYS desde as 6h30 da manhã. Às 10h30 centenas de soldados policiais e militares nos atacaram com bombas lacrimogêneas e tanques lança-água carregados com líquido urticante. Começaram a agredir de forma selvagem as pessoas e a persegui-las pelos bairros próximos a nossa sede”, contou Porfirio Ponce, vice-presidente do Sindicato, à Sirel.
A repressão também se repetiu em outros pontos do país. No setor de Planes, departamento de Colón, por exemplo, uma pessoa morreu, 12 ficaram feridas e pelo menos oito foram detidas na paralisação. Segundo informações de defensoresenlinea.com, a mobilização começou às 7h com o fechamento de estradas que ligam o departamento de Colón ao de Atlántida. Minutos depois, policiais e militares chegaram armados e com escudos para intimidar e perseguir os manifestantes.
Na região norte do país, alunos do Centro Universitário Regional do Norte (CURN) que participavam de ação em apoio aos professores foram vítimas de gases lacrimogêneos. Em Nacaome, departamento de Valle, policiais agrediram diversos jovens e detiveram um procurador de direitos humanos.
Outras detenções também foram registradas nas localidades de: Potrerrillos, onde seis pessoas foram detidas; Choloma, aproximadamente 11 detidos; e Santa Cruz de Yojoa, cerca de 30 pessoas detidas e vítimas de agressões.
A paralisação cívica em Honduras teve o objetivo de rechaçar a privatização da educação e a perseguição aos/às professores/as. Além disso, os manifestantes pediam aprovação do decreto do salário mínimo, mudanças na fórmula de reduzir os preços dos combustíveis e convocação à Assembleia Nacional Constituinte.
Professores detidos
Os 13 professores e as cinco professoras detidas na semana passada receberam, na própria quarta-feira (30), auto de prisão com medidas substitutivas. Os 18 profissionais da educação foram acusados de sedição e manifestações ilícitas pelo Ministério Público e estavam presos na Penitenciária Nacional e no Cárcere de Mulheres.
De acordo com informações de defensoresenlinea.com, as medidas substitutivas estabelecem que os/as professores/as deverão assinar um livro em tribunal e não poderão sair do país nem participar de manifestações ou reuniões que “prejudicariam o Estado”.
Fonte: Adital