Os “brothers”: o imperialismo e o liberalismo

A origem

A datar do primeiro império capitalista como sequência dos acontecimentos da decadência do feudalismo, iniciado mais ou menos em 1500, os primeiros passos do renascimento e do iluminismo, a revolução francesa 1789 e as revoluções industriais. Teremos a primeira distinção dos povos na relação de dominação, baseado no poder econômico juntamente com o poder político, fundamentado na contemporaneidade com a usurpação na forma de mais-valia e discursos fluídos da mão invisível do mercado; o capital fictício. O capitalismo em geral conceituado, por Lênin (1985), existe desde que a riqueza foi extraída do trabalho de outrem em relação de exploração, o imperialismo seria a supremacia do capital financeiro.

Sim a trajetória da acumulação do capital no sentido de imperialismo capitalista tem como doutrina o liberalismo econômico. E este tem como início outrora chamado de “oficina do mundo” a Inglaterra. Dominou o mundo na esfera industrial e financeira praticamente por um século considerando a sua supremacia política na Europa por volta de 1815, quando vence a guerra napoleônica até a Primeira Guerra Mundial 1914. Tal feito acumula variáveis como, herança e poderio no mercantilismo, o protagonismo particular nas revoluções políticas e industriais e o domínio do sistema financeiro expresso no sistema monetário libra-ouro.

Neste período ocorrem transformações no sistema econômico bem como nas contradições sociais e formas de conflitos. Surge às manifestações dos trabalhadores e trabalhadoras, a teoria de classes; o socialismo científico de Karl Marx. A relação capital-trabalho de extração de lucro via mais-valia. De conhecimento e ao mesmo tempo ignorado pelos “liberais” para a qual o motor do mundo é a lei de “oferta e procura” e logo uma só via, imperar.

A transição

O Imperialismo Britânico se desenvolve com países mais próximos em PIB, como, por exemplo, EUA, Alemanha, Holanda, França, Suíça, Suécia e Bélgica. Seu distanciamento perante esses países se encontra no nível de industrialização e do sistema financeiro. A recaída do império britânico inicia quando da crise de deflação no último quarto do século 19. Nesta circunstância o instrumento utilizado pela maioria dos países desenvolvidos é o protecionismo com exceção da Inglaterra que mantém zero a taxa alfandegária, pois, necessitava da importação de matéria prima principalmente da Ásia, América do Sul e África (colônias) para exportar e até mesmo manufaturado dos países desenvolvidos com o objetivo de manter caixa financeiro em dia e controlar a depressão. Neste período a “oficina do mundo” é ofuscada e ascende a nova indústria EUA e Alemã dando início ao que Hobsbawm, chama, de Era dos Impérios 1875-1914. A Inglaterra se predomina no capital financeiro. Lênin escreve em 1916, “o séc. XX marca o ponto de partida de viragem em que o antigo capitalismo deu lugar ao novo, em que o domínio do capital financeiro substituiu o domínio do capital em geral” (Lênin, 1985, p.45).

As desigualdades dos desenvolvimentos regionais (Martins, 2011) são mais um incremento do imperialismo. A industrialização acessava uma minoria dos países sendo a grande maioria exportadora de matérias primas, na maioria destes países o sistema de produção utilizava no trabalho o regime de escravidão como o caso do Brasil. Enquanto, na Europa, em uma breve comparação, a partir de 1870, tem início a Belle Époque (Bela Época, traduzido, do Francês), uma onda cultural e intelectual, cosmopolita com padrão material elevado, que entre outros fatores aproximava as cidades do mundo, via arte e confraternizações. Era também uma fase de novas descobertas e produtos-novidades, com predominância em eletricidade e ciência de gestão.

A atualidade

Por essas e outras é considerado que o momento atual é de capitalismo avançado em neoliberalismo, o Império do momento, o EUA, país que possui 1/3 de capitais produzido no mundo. O sistema financeiro injetado na trajetória das políticas econômicas tem lastro a mais de um século. A relação capital-trabalho é abarcada pelo mundo, assim como, o grau de exploração é duplamente aguçado. Primeiramente porque a mais-valia continua congratulada e aperfeiçoando-se e segundo porque em crises como a do suprime de 2008, com origem nos EUA, alastrado para Europa, recai sobre o que se chama de “cortes fiscais” do mundo todo, que são o montante de capitais a priori públicos se dirigindo para o bolsão da “bolha financeira”, analisada também como crise estrutural. A noção de Estado se torna mínimo, por estar inserido na trajetória financeira e não o inverso.  

Para este artigo foi feita a leitura de:

HOBSBAWM, E. Uma Economia Mudando de Marcha. In: A Era dos Impérios: 1875 – 1914. São Paulo: Paz e Terra, 2º Edição, p. 57-85.

LÊNIN, V. Os Bancos e sua Nova Função. In: Imperialismo Fase Superior do Capitalismo. São Paulo: Global, 1985, p. 30-45.

MARTINS, U. O BNDS e o polêmico financiamento das multinacionais brasileiras. Site-CTB: 2011.

E olhar clínico para a biblioteca virtual.

Contudo os povos mostram sua força, sua cultura, sua diversidade e sua energia respaldada por sonhos do que sobra de tamanha insensatez. Os limites da luta, do combate, são repassados e socializados e a classe trabalhadora adquire a dialética.

Vamos que Vamos!


André Lemos é cientista social e membro da equipe do Centro de Estudos Classistas (CES).

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