O ato para pensar

Algumas questões do mundo do trabalho e sindical têm suscitado bastante empenho das Centrais Sindicais em debatê-las. A Redução de Jornada de Trabalho sem redução dos salários é uma bandeira convergente das centrais, as convenções 158, 156 e outras do arcabouço de reivindicações desta luta emancipatória. Existem duas questões que têm levantado bastante discussão e certamente fazem parte da costura para se construir uma concepção sindical avançada, são elas: a disputa do conceito de “Trabalho Decente” e a “regulamentação de atividades-meios, terceirizadas”. Foi possível ter essa percepção não só lendo as produções escritas deste debate como participando de fóruns municipais; a Conferência Municipal de Juventude de São Paulo sob o tema Juventude e Trabalho e no Ministério Público do Trabalho com o tema Erradicação do Trabalho Infantil e que por sinal em ambos os fóruns o tema ficou mais no enunciado do que propriamente em um ambiente real de debate.

Voltando-se para essas duas questões, certo, de que as manifestações e o estudo sobre o tema merecem mais intensidade, para o qual já existem atividades agendadas neste sentido e que vai garantir objetividade. O lema do movimento sindical classista e a essência dos temas em uma concepção emancipatória passam, sobretudo, pela valorização do trabalho, simultaneamente ao estímulo de consciência de classe e de luta, invertendo a ordem capitalista da “coisificação do indivíduo e personificação do produto” citado pelo velho Marx, teórico preponderante para iniciação desta investigação. Neste sentido existe um alento, talvez, pouco disseminado que se encontra no último livro de “O Capital”.

Em Teorias da Mais Valia, Marx conduz as questões com propriedade em subtítulos reflexivos e interessantes como: “Produtividade do Capital, Trabalho Produtivo e Improdutivo; Produtividade do Capital – Expressão Capitalista da Produtividade do Trabalho Social; O Valor de Uso Específico do Trabalho Produtivo para o Capital; Trabalho Improdutivo e Prestação de Serviços. Compra de Serviços nas Condições do Capitalismo. Concepção Vulgar da Relação Entre Capital e Trabalho como Troca de Serviços”. É perceptível localizar que no período de Marx, século XIX, (ainda sim, história contemporânea) não havia tantas formas de serviços como ocorre hoje, (em que mesmo em países desenvolvidos como os EUA, 70% dos ocupados estão no setor de serviços, obviamente, não com a mesma realidade dos ocupados nos países emergentes e em desenvolvimento como equiparado ao Brasil que tem o mesmo índice) mas certamente, tem a maior contribuição para se analisar a conjuntura política, econômica e da subjetividade dos indivíduos.

Pelas manifestações que ocorreram tendo como referência a ato da UNIDADE das Centrais, percebe-se, que existe um anseio dos trabalhadores e trabalhadoras do Brasil em vencer essa pauta, com avanços para o país, o CONE-SUL e o próprio movimento sindical. No mais, todo esse processo de debate, discussão e análise trará um grande aprendizado para quem acompanhar e compartilhar idéias e práticas de âmbito transformador, emergido e indagado pela classe trabalhadora: operários, operárias, proletários (as) e info-proletários (as); na construção do socialismo.


André Lemos é cientista social e membro da equipe do Centro de Estudos Sociais (CES).

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