EUA: Referendo impede que retrocesso trabalhista seja implantado em Ohio

A nova safra de governadores conservadores do Partido Republicano sofreu uma derrota eleitoral importante no estado de Ohio, com possível repercussão na disputa presidencial americana do ano que vem. Um referendo realizado anteontem rejeitou uma lei que proibia greves de funcionários públicos e cortava o poder de barganha de sindicatos da categoria. O resultado indica que há limites para a estratégia republicana de defender ajuste fiscal a todo custo.

Na charge, movimento de trabalhadores nacauteia o governador Kasich

Também marca a mais forte mobilização dos democratas desde que o partido perdeu as eleições legislativas de 2010. Ohio é considerado fundamental para os planos de reeleição do presidente Barack Obama. Esse é um dos cerca de 15 estados do país que ora votam em republicanos ora em democratas.

No início do ano, o governador de Ohio, John Kasich, conseguiu aprovar no legislativo local a chamada Lei n° 5, que corta direitos sindicais de cerca de 360 mil servidores do Estado. Foi uma versão um pouco mais radical de lei semelhante aprovada por outro novo expoente republicano, o governador do Wisconsin, Scott Walker.

Mobilização

A principal central sindical americana, a AFL-CIO, investiu pesado para barrar a lei em Ohio e, assim, desencorajar que ela se espalhasse. Os sindicalistas mobilizaram milhares de voluntários para a campanha e levantaram cerca US$ 30 milhões em doações.

Os democratas foram rápidos em faturar em cima da derrota republicana. “O povo de Ohio obteve uma vitória gigantesca para a classe média com sua esmagadora rejeição da tentativa republicana de cortar diretos de negociação coletiva”, disse na noite da última terça-feira (8) o vice-presidente dos EUA Joe Biden, logo que saiu o resultado.

Ao mesmo tempo em que rejeitaram os limites à organização sindical dos funcionários públicos, porém, os eleitores de Ohio aprovaram uma lei que proíbe o governo de obrigar os cidadãos a comprar seguro de saúde. A votação é um termômetro da insatisfação de parte da população americana com a reforma do sistema da saúde aprovada pelo presidente Obama no ano passado. Esse é um dos projetos mais importantes de seu governo – e um de seus pilares é justamente obrigar os americanos a comprar seguros médicos.

Enfraquecimento

Kasich, o governador de Ohio, é um político com longa carreira no estado, mas acabou se identificando com a nova onda de republicanos eleitos com apoio do movimento ultraconservador Tea Party. Ex-comentarista político da TV conservadora Fox News, Kasich defende a tese que o alto desemprego nos EUA, hoje em 9%, deve-se ao excesso de gasto público, aos altos impostos e à regulamentação, que inibem consumo e investimentos. Ele ganhou projeção se opondo a projetos bancados por Obama, como a construção de uma linha de trem de alta velocidade no Estado.

Ohio fica no Meio-Oeste dos EUA, numa região industrial do país conhecida como “cinturão da ferrugem”, que vinha sofrendo esvaziamento econômico ao longo de décadas e, mais recentemente, tomou um duro golpe com a crise econômica que atingiu o país. Em 2008, Obama venceu as eleições em Ohio. Mas seu partido perdeu as eleições locais e para o Congresso federal em 2010. Outros Estados do Meio-Oeste, como Michigan, Indiana e Wisconsin, também são considerados estratégicos para os planos de reeleição de Obama.

Para os Democratas, a votação em Ohio teve algo que tornou-se muito raro desde a vitória de Obama em 2008: mobilização da base do partido. O voto é facultativo nos EUA e, por isso, é fundamental incentivar os eleitores a ir às urnas. Obama vinha perdendo apoio na base democrata por causa do tom conciliatório e de negociação que adotou com os republicanos no Congresso.
Os republicanos, por outro lado, foram bem em 2010 em parte porque há mais entusiasmo entre os eleitores identificados com o partido, sobretudo os militantes do movimento Tea Party.

Fonte: Valor Econômico

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