RS: Movimento contra desindustrialização une trabalhadores e empresários

Tendo como objetivo mobilizar empresários e a classe trabalhadora contra a desindustrialização, foi realizada nesta sexta-feira (24), na Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (ABIMAQ-RS), no prédio da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs), a primeira reunião do “Movimento a favor da competitividade do RS”. O convite partiu do diretor da entidade, Mathias Elter.

Estiveram presentes o presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor; o presidente da Associação dos Magistrados do Trabalho (Amatra), Marcos Salomão; o diretor do Sindicato dos Técnicos Industriais do RS, Oscar Azevedo; o diretor-técnico do Dieese, Ricardo Franzói; os diretores da Força Sindical, Marcelo Furtado e Fernando Rosa; o diretor da CGTB, Eder Pereira; Vicente Selistre e Júlio Lopes (Sindicato dos Sapateiros de Campo Bom); Dirceu Saraiva (Presidente da Federação dos Trabalhadores no Asseio e Conservação); Haroldo Britto (Sindicato dos Empregados em Agentes Autônomos do Comércio do RS (Seaacom); Cleia Götcher e Carlos Royer (Abimaq).

O diretor da Abimaq, Matias Elter espera obter o apoio do presidente da Fiergs, Heitor Müller. “Ele teve uma recepção cautelosa”, admitiu. “Mas mesmo assim o setor tem urgência em conscientizar, tanto o governo quanto a população, das perdas do setor, principalmente na competição com a China. É preciso ter também o empresariado na rua, senão será mais uma passeata. O fato novo será trabalhadores e empresários caminhando juntos em favor de alguma iniciativa”.

Ao ser alertado de que essa situação não é pioneira – já ocorreu em manifestações do setor calçadista – o diretor da Abimaq admitiu. “É por isso que os calçadistas, por conta de sua capacidade de mobilização bem articulada, conseguiram vantagens que o setor metal-mecânico não tem obtido.”

O diretor da Abimaq também reconheceu que a iniciativa ainda não é conhecida por todos os líderes empresariais. “Primeiro temos que mapear, quais são os vice-presidentes da Fiergs que estão em setores vulneráveis aos chineses e trazê-los para integrar o movimento, como o setor calçadista e moveleiro, por exemplo. O foco deverá ser a vulnerabilidade de quem produz bens manufaturados. É onde se agrega mais valor e o salário médio é maior. Se nós tivermos um alinhamento razoável dos presidentes de sindicatos mais afetados, o próximo passo será levar a proposta para a Fiergs se engajar”.

O diretor da Fiergs e do Sindicato dos Técnicos Industriais do RS, Oscar Azevedo, considerou fundamental a presença de empresas brasileiras em setores estratégicos. “Quem vai cuidar do Brasil são os brasileiros e não os estrangeiros. Atualmente, o consumidor pode comprar produtos mais baratos do exterior, mas no futuro nossos filhos vão se empregar aonde?”, questionou.

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-RS), Guiomar Vidor considera fundamental pensar, antes da desindustrialização, no desenvolvimento do Rio Grande do Sul.

“Por maior que seja a boa vontade do governador em fazer com que o Estado seja o indutor do desenvolvimento, há limites e dificuldades. Hoje, o Rio Grande do Sul tem em torno de 5% para investimentos enquanto gasta cerca de 13% de sua renda líquida para pagar os juros da dívida com a União. Por isso, é preciso também questionar essa situação porque ela está ligada ao desenvolvimento do Estado. Temos problemas para investir em saúde e em educação por falta de dinheiro para investir nesses setores.”.

Guiomar Vidor sugeriu que seja discutido um novo pacto federativo, onde a dívida do Estado entrasse em pauta. “Talvez um movimento como esse seja oportuno, pois interessa tanto aos trabalhadores como aos empresários, porque se o Estado tiver força para investir, certamente vai melhorar o processo de desenvolvimento”.
Movimentos semelhantes ocorrem simultaneamente em Santa Catarina, Paraná, São Paulo e Minas Gerais, além de estados do Nordeste que vão aderir à iniciativa. No Rio Grande do Sul, serão realizadas reuniões semanais que culminarão em um ato público organizado por empresários e trabalhadores, dia 29/3, quando será entregue um documento com propostas conjuntas ao Executivo e ao Legislativo do Estado.

Emanuel Mattos – CTB-RS

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