Morre Gore Vidal, célebre escritor e crítico do imperialismo

O norte-americano Gore Vidal, escritor, dramaturgo, político e comentarista, morreu na última quarta-feira (31) em sua casa em Los Angeles, aos 86 anos de idade. Suas novelas, ensaios, obras de teatro e opiniões estiveram sempre marcados por sua engenhosidade e sabedoria não convencional, além de um profundo humanismo e corrosiva crítica ao imperialismo e ao que chamava de “hipocrisia do poder”.

De acordo com o sobrinho de Vidal, Burr Steers, ele já estava doente havia algum tempo e sofreu complicações decorrentes de uma pneumonia. Considerado um dos escritores americanos mais ilustres do século passado, ele produziu 25 livros, incluindo os best-sellers “Lincoln”, “Juliano, Apóstata” e “Myra Breckenridge”, além de peças e roteiros para cinema.

Ao lado de Truman Capote e Norman Mailer, fez parte de uma geração de escritores que eram também celebridades. Seu círculo de amigos incluiu Tennessee Williams, Orson Welles e Frank Sinatra. Vidal aparecia constantemente em colunas sociais e em talk shows na televisão, onde seus comentários ácidos e espirituosos eram apreciados.

Como roteirista de cinema, escreveu “De Repente, No Último Verão” (1959), “Paris Está em Chamas?” (1966) e o polêmico “Calígula” (1979), tendo muito sucesso também como autor de peças de teatro. Candidato eterno ao Nobel da Literatura, Vidal era primo de Al Gore e irmão de criação Jacqueline Kennedy. Sempre foi um ferrenho crítico do intervencionismo norte-americano, sendo uma das principais vozes contra o imperialismo de seu país. A administração de George W. Bush era um de seus alvos prediletos.

Deu início à carreira literária aos 19 anos e continuou escrevendo por mais de 60 anos. Vidal não fugia de temas polêmicos, como religião, política e sexualidade. No livro “A Cidade e o Pilar”, publicado em 1946, tocou no tema do homossexualismo. Foi uma das primeiras obras a apresentar personagens abertamente gays. Em 1950, conheceu Howard Austen, que foi seu parceiro e com quem morou boa parte da sua vida, na Itália. Em 2005, depois da morte de Austen, decidiu se mudar para Los Angeles.

A produção literária do autor girou em torno do romance histórico, da sátira sobre o estilo de vida norte-americano e da ficção científica. Também aventurou-se no campo da política. Nos anos 1960, teve um papel muito ativo dentro das fileiras mais liberais do Partido Democrata e concorreu ao Congresso pelo Estado de Nova York, mas não se elegeu. Entre 1970 e 1972, presidiu o People’s Party, e em 1982, mais uma vez pelos democratas, se candidatou a senador pela Califórnia – ficou perto de conquistar a vaga, com mais de 500 mil votos.

Confira aqui a entrevista de Gore Vida concedida ao Juventud Rebelde, durante sua passagem por Cuba, em 2007.

Fonte: Portal Vernmelho

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