Seminário internacional quer estimular turismo étnico no Brasil

Foi aberto na última segunda-feira (20) em Brasília o Seminário Internacional “Herança, Identidade, Educação e Cultura: gestão de sítios históricos ligados ao tráfico negreiro e à escravidão”. Um dos principais objetivos do evento, de acordo com a Fundação Palmares, é incentivar o turismo de memória nos locais ligados ao tráfico negreiro e à escravidão por meio da elaboração de um guia dos lugares e monumentos ligados ao tema.

Durante a solenidade, o presidente da Fundação Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, ressaltou que um dos objetivos do Seminário Internacional é refletir sobre a identidade nacional brasileira e a necessidade de inventariar os sítios históricos ligados ao tráfico negreiro e à escravidão.

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda, afirmou que a realização do Seminário representa bem a posição do governo brasileiro em relação ao povo de ancestralidade africana e lembrou que as recentes discussões sobre as cotas movimentou toda a sociedade civil. “Assim como outras que estão por vir, essa discussão foi muito importante, porque não dá para tratar de forma igual os desiguais, temos sim que ter um tratamento desigual”, disse.

A ministra Luiza Bairros, da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir), lembrou que “apesar de todos os avanços que nós já obtivemos enquanto sociedade, no que se refere à igualdade racial, ainda somos um país que lida muito mal com o seu passado escravista”.

O representante da UNESCO no Brasil, Lucien Muñoz, lembrou aos participantes que o Seminário será “uma oportunidade para analisar as melhores práticas de turismo de memória e identificar novas abordagens sobre o tema, além de desenvolver diretrizes claras para o desenvolvimento de um manual que deve capacitar os gestores responsáveis por esses sítios históricos”.

O ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Carlos Alberto Reis de Paula, acredita que o encontro propicia um momento mágico para a cultura e a educação no Brasil. “Só se escreve o hoje, se olharmos para trás e para o futuro. Só se constrói um país se ele tiver memória e o Brasil não pode escrever sua história sem descobrir sua essencialidade na rota da escravidão”, disse.

Contribuição africana

Em carta aos organizadores do evento, o ex-presidente Lula se desculpou por não atender o convite para participar do evento e disse que “o Brasil é o país com o maior número de habitantes negros fora da África. A identidade nacional tem uma inestimável contribuição dos africanos, que nos legaram a música, a gastronomia, a oralidade, saberes e fazeres (…) Superar as máculas da escravidão em nossa história é necessário para construir um futuro menos desigual”.

Lula diz ainda que “em nosso país, isso passa pela superação do racismo que ainda persiste. Por outro lado, temos uma dívida de solidariedade com o Continente Africano. Temos o dever de cooperação. E não existiria melhor ocasião para intensificar nossas relações. Brasil e África, pela primeira vez na história, passam por momentos positivos em suas economias, com fortalecimento de suas instituições e melhora de vida de seus povos”.

O seminário, baseado no projeto da Unesco “A Rota do Escravo”, que implementou um programa sobre o tráfico negreiro que marcou as relações entre a África, Europa e as Américas, é resultado de uma parceria entre a Fundação Cultural Palmares e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), com o apoio dos Ministérios da Cultura, Educação, Turismo, Relações Exteriores e patrocínio dos Correios.

Fonte: Portal Vermelho com Fundação Palmares

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