Europa em greve: Saída para a crise virá do próprio povo, dizem sindicatos espanhóis

Um dos países mais debilitados pela crise financeira da Zona do Euro, a Espanha vive nesta quarta-feira (14) uma de suas maiores greves gerais do ano. Até o meio-dia (horário local), organizações sindicais contrariavam dados do governo e afirmavam que “mais de 80%” do operariado havia aderido às mobilizações.

“Somos profundamente gratos aos trabalhadores que aderiram à greve em uma situação tão difícil, com quase seis milhões de desempregados”, disse à imprensa local Cándido Méndez, secretário-geral da UGT (União Geral dos Trabalhadores). Na ocasião, ele pediu “uma mudança drástica das políticas do governo” para que o país não “caia em um precipício”.

Ignacio Fernández Toxo, líder das Comissões Operárias, concorda com Méndez e reforçou que o projeto político do conservador PP (Partido Popular) “deteriora a convivência [social] e condena milhões ao desemprego”. A seu ver, as alternativas a esse modelo “vão surgir da pressão da cidadania”. Questionado se há mais greves planejadas para os próximos meses, ele alegou que “tudo está nas mãos do governo”.

Protestos pela Europa

A greve geral organizada pelos principais sindicatos do sul da Europa conta com forte participação popular na Península Ibérica, onde milhares de pessoas saíram às ruas das principais cidades da Espanha e de Portugal nesta quarta-feira (14/04) para protestar contra as medidas de austeridade fiscal aplicadas por seus respectivos governos. Foram registradas dezenas de prisões em decorrência de confrontos entre manifestantes e a polícia nos dois países. Greves parciais e protestos em solidariedade também ocorreram em outros países europeus, como Bélgica e Grécia, porém, com menor adesão.

A paralisação começou oficialmente à meia-noite. O primeiro ato ocorreu na Praça do Sol, em Madri, onde os líderes sindicais discursaram clamando para que os trabalhadores não tivessem medo de ameaças feitas pelas empresas para que não seguissem a greve, e que as denunciassem.greve geral europa3

Em Portugal, a greve foi convocada pela CGTP (Confederação Geral dos Trabalhadores de Portugal). A UGT (União Geral de Trabalhadores) não aderiu ao protesto, mas diversos sindicatos ligados a essa central optaram por convocar seus integrantes à adesão.

O líder da CGTP, Arménio Carlos, criticou a presença de policiais e de forças especiais de segurança, como a tropa de choque, junto a piquetes de greve em Lisboa, classificando-as de “brutalidade”. “Esta pressão reflete o clima de preocupação do governo, que sabe que perdeu até a sua base de apoio eleitoral. Mesmo as pessoas que votaram PSD (Partido Social Democrata) e CDS-PP (Centro Democrático Social – Partido Popular) [que formam o governo] estão zangadas, revoltadas, e a utilização de forças de segurança, que deveriam estar a combater o crime, para intimidar os trabalhadores e os sindicatos é uma atitude inadmissível e um exemplo de brutalidade”, diz o sindicalista.greve geral europa2

Na Alemanha, o presidente da Confederação Alemã de Sindicatos (DGB), Michael Sommer, advertiu contra as políticas de austeridade nos países da Europa do sul em crise, nesta quarta-feira, um dia de mobilização em toda a União Europeia. “Na Grécia, na Espanha, em Portugal, é feita uma política de austeridade em detrimento do povo (…) Estão destruindo estes países com golpes de economia (…) é por isso que existe esta resistência, esta saturação”, disse Sommer, em uma entrevista divulgada à rádio Deutschlandradio Kultur.greve geral europa1

Na Itália, dezenas de milhares de trabalhadores foram nesta quarta-feira às ruas nas mais de cem manifestações convocadas  pela Confederação Geral Italiana do Trabalho (CGIL). Serviços ferroviários internacionais foram interrompidos por greves na Bélgica e trabalhadores na Grécia, Itália e França fizeram manifestações como parte do “Dia Europeu de Ação e Solidariedade”.

Com informações do Opera Mundi


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