Seminário da CTB-BA reforça que unidade da classe trabalhadora é remédio contra a crise

O sindicalismo e suas adversidades diante da crise econômica mundial foi tema do segundo dia de debates do Seminário Política e Atualidade, promovido pela CTB Bahia, em Salvador. Provocada pelos bancos e considerada uma crise estruturante do capitalismo, ela vem causando ondas de demissões pela Europa e a diminuição do crescimento econômico no Brasil, que apesar da conjuntura vive um momento favorável, segundo a conclusão dos debates travados nesta quarta-feira (6).

“O Brasil é ponto fora da curva, hoje, que tem que ser valorizado porque nós temos conseguido aplicar como estratégia de superação da crise, uma política de eixo desenvolvimentista, baseada, fundamentalmente, em ganhos reais de salário, na manutenção do emprego e qualificação dos trabalhadores. Essa política, apesar das dificuldades, deve ser mantida”, defendeu o consultor sindical João Guilherme Vargas Netto, durante sua fala no evento.

Ele alertou ainda que o momento é de enfrentamento à hegemonia dos ideais capitalistas. “Diante do baixo crescimento do PIB, que deve atingir cerca de 1%, o rentismo se reagrupa e, amplificado pela mídia, procura turvar a realidade, colocando que o PIB foi baixo por conta do alto salário mínimo, quando é o contrário. O salário mínimo elevado é que garantiu este PIB porque ele poderia ser negativo”, explica o consultor, lembrando que a fase é de defender o projeto estratégico valorizando a unidade de ação para evitar flexibilização dos direitos trabalhistas.

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Durante o debate, o vice-presidente da CTB Nacional, Nivaldo Santana, afirmou que “o desenvolvimento e a valorização do trabalho são duas questões fundamentais do programa da CTB”. Ele ressaltou que a central completa 5 anos de existência, sendo referência na luta classista e defendeu que o movimento sindical se articule em uma política mais ampla que lhe permita interferir no plano macro da economia nacional.

“Nós estamos na terceira grande crise mundial. A geopolítica do mundo está mudando. Esse quadro, mais agudo na Europa, deve servir de alerta para o movimento sindical brasileiro fortalecer a unidade em torno de suas bandeiras pela ampliação da democracia e defesa dos direitos dos trabalhadores. Essa é a forma mais eficaz de blindar o Brasil e transformar a crise que sufoca o mundo capitalista numa oportunidade para o país dar uma nova alavancada”, disse o dirigente sindical.

Queda dos juros e mais investimento

O segundo dia de debates abordou também a política industrial brasileira. O diretor de Estudos e Pesquisas do Instituto Maurício Grabois, Sérgio Barroso, esteve entre os debatedores e disse que o governo tem papel fundamental na retomada do crescimento econômico do Brasil e deu o exemplo do que faz o governo Dilma, hoje, com a desoneração da energia elétrica. Barroso lembra que o aquecimento do mercado interno jogou papel importante para a indústria. “Graças às medidas de fortalecimento do mínimo e de redistribuição de renda, o Brasil tem sustentado parte deste crescimento, mas o motor do PIB é investimento”, destacou o pesquisador indicando que o movimento sindical deve retomar o pacto em torno do desenvolvimento que force o governo e o setor indústrial a investir.

O Seminário Política e Atualidade começou na quarta-feira e segue até esta sexta (7/12), quando será discutida saúde e segurança no trabalho, além de política energética e soberania nacional. Para o presidente da CTB Bahia, Adilson Araújo, os debates “antecedem uma grande batalha política no enfrentamento à crise em 2013, que exigirá esforço máximo do exercício da atividade sindical”.

Por Wilde Barreto (Fotos: Américo Barros)

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