Greve dos jornalistas paraenses após 26 anos paralisa jornal Diário do Pará

Os repórteres, repórteres fotográficos, editores, diagramadores, revisores, e paginadores do grupo Diário do Pará e Portal Diário Online (DOL) decidiram parar suas atividades por tempo indeterminado, a partir desta sexta-feira, 20 de setembro.

O presidente da CTB Pará, Marcão Fonteles, esteve presente na frente da empresa RBA, na manhã da última sexta-feira (20), manifestando o apoio da CTB à luta dos jornalistas por direitos e respeito e a certeza de que essa greve, que há mais de 26 anos não ocorria na categoria no Pará, já nasce vitoriosa pela unidade e espirito classista dos trabalhadores. Marcão propôs que as Centrais Sindicais e sindicatos filiados, entidades dos movimentos sociais pudessem reproduzir os fatos e lutas dos jornalistas, já que as empresas tentam calar e não dão nenhum espaço a essa luta. “A CTB, desde já se compromete em fazer essa divulgação”, afirmou Marcão.
 
Desde abril, o Sindicato dos Jornalistas do Pará (Sinjor-PA) tenta diálogo, sem sucesso, com a direção do Grupo Rede Brasil Amazônia de Comunicação (RBA), afiliada da Band, da qual os trabalhadores fazem parte. Mesmo com atos públicos, protestos e a visível indignação de seus funcionários, a empresa recusa qualquer negociação.

Na ocasião o dirigente do Sintepp e secretário geral da CTB Pará, Cleber Rezende demonstrou sua confiança na luta dos jornalistas paraenses que, assim como os professores que estão com greve marcada, demonstram compromisso de barrar a situação de verdadeira escravidão no Grupo RBA.

Os jornalistas do Grupo RBA vem sofrendo uma selvagem relação de trabalho, uma politica salarial das mais rebaixadas da categoria no Pará, onde repórteres e repórteres fotográficos ganham apenas R$ 1.000,00 brutos que, com descontos, chega a cerca de míseros R$ 800,00 e ainda sofrem constante ameaças de demissão e assédio moral para calar os trabalhadores. Ainda tem de conviver com condições laborais inaceitáveis, como bebedouros com água de torneira suja e amarela; banheiros sujos e sem papel higiênico ou papel toalha para as mãos; sabonetes cortados ao meio para que metade fique nos sanitários femininos e outra metade nos masculino que, quando acaba … acaba!

As equipes que cobrem Polícia não dispõem de equipamentos adequados de segurança e, diariamente, colocam a vida em risco em busca de notícias. As centrais de ar da redação não têm manutenção adequada. Carros que carregam equipes todos os dias têm problemas mecânicos que demoram meses para serem corrigidos. À noite, próximo ao fechamento, no horário de pico, não raro precisam revezar computadores porque não há nem mesmo onde sentar por falta de cadeiras e máquinas suficientes.

O Grupo RBA integra o oligopólio que domina os meios de comunicação no país. O dono desse grupo de comunicação é o senador Jader Barbalho que se recusa a tratar com dignidade seus trabalhadores, apesar de ser o maior jornal do estado do Pará, que se vangloria com os prêmios recebidos com a forca de trabalho dos valorosos jornalistas do Diario do Pará e Grupo RBA. Este ano, o Diário do Pará ganhou cinco prêmios no “The International Newsmedia Marketing Association (INMA) Awards 2013″. No entanto, o jornal “mais premiado do mundo”, como o departamento de marketing insiste em frisar, não oferece nem mesmo água potável aos funcionários.

As empresas de comunicação no Pará que se atacam diuturnamente, de forma até desrespeitosa neste momento se unem, calando e não divulgando qualquer coisa a respeito dessa greve. É preciso divulgar essa luta, através dos demais jornalistas brasileiros, dos trabalhadores, estudantes, movimentos sociais e sindicais para que se possa ampliar nossa voz que a mídia procura calar. Reproduza, divulgue, comente, compartilhe, inclua essas informações nos sites de suas entidades.

Nesse processo já ocorreram duas demissões na última semana. A produtora da TV RBA Cristiane Paiva após reproduzir no Facebook uma cópia de seu contra-cheque e o repórter Leonardo Fernandes dispensado sem justificativa, tendo trabalhado cinco anos na empresa – dois deles sem carteira assinada, por sua participação na campanha do Sindicato.

O presidente da CTB-PA, Marcão Fonteles, apresentou no Fórum Nacional de Democratização da Comunicação, reunido em sua XVII Plenária Nacional, em Brasília (DF), no dia 22.09.2013, moção onde o FNDC manifesta seu apoio a greve dos Jornalistas do Grupo RBA, Jornal Diário do Pará e DOL que busca conquistar piso salarial digno, condições de trabalho adequada e respeito profissional.

A Plenária do FNDC aprovou a proposta por unanimidade e está exigindo a abertura imediata das negociações entre a direção do Grupo RBA e seus trabalhadores para a avaliação da pauta de reivindicações apresentada pelos trabalhadores.

Também exige a imediata interrupção dos processos de demissão em curso e todo tipo de retaliação a funcionários que se manifestam a favor de melhores condições trabalhistas e cancelamento dessa perseguição antissindical, com o retorno dos jornalistas demitidos.

Da mesma forma exige que se assegure um local adequado e seguro para o exercício da profissão, como cadeiras e computadores suficientes e em condições de uso e um ambiente saudável com a implantação de água mineral/potável na copa e de papel higiênico, papel toalha e higiene nos banheiros.

Fonte: CTB-PA

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