Abre alas para o dia da alegria que a festa popular vai passar

O carnaval chegou ao Brasil através do entrudo português no século 17. Ganhou feições nacionais e se transformou na maior festa popular do país. Inicialmente restrita aos círculos da nobreza em seletos clubes, a folia ganhou as ruas, de onde nunca mais saiu. Assim como o futebol, o carnaval se incorporou à alma dos brasileiros e atrai milhões de turistas todos os anos. No Rio de Janeiro casou-se tão bem com o samba que o desfile das escolas de samba cariocas já é considerado o “maior espetáculo da terra” e faz parte do Guinness Book assim como o Galo da Madrugada de Recife como o maior bloco do mundo.

A folia se desenvolveu de formas diferentes nas regiões brasileiras. No Rio de Janeiro os desfiles das escolas de samba ganharam destaque com a criação da primeira escola do país, a Deixa Falar, em 1928. Chamada de escola de samba porque os Sambistas se reuniam perto de uma escola de normalistas (que formava professoras para o ensino primário na época) e o compositor Ismael Silva disse que eles formariam a escola de samba então. Os desfiles de escolas de samba se transformaram na mais importante representação carnavalesca de diversas cidades brasileiras.

Os números são grandiosos. No período do carnaval (a terça-feira é sempre 47 dias antes do domingo de Páscoa, antecedendo a Quaresma cristã) espera-se a circulação de quase 7 milhões de turistas pelo território nacional, boa parte de estrangeiros, injetando mais de R$ 6,1 bilhões na economia. Somente no Rio, estima-se aproximadamente 1,3 milhão de pessoas, em São Paulo, quase isso. Nas cidades nordestinas de Salvador, Recife e Olinda perto de 2 milhões de turistas acompanham as folias.

Com toda essa grandiosidade, o carnaval foi mudando com o tempo. Na década de 1970, o carnavalesco Joãosinho Trinta inaugurou nos desfiles cariocas a era dos carros alegóricos monumentais, o que gerou polêmica. O jornalista Sandro Moreyra questionou essa nova estratégia, questionando a falta de samba no pé nos desfiles, além de tirar da festa quem mais trabalha pela sua realização, as comunidades locais. Surgiu a famosa frase atribuída a Joãosinho: “pobre gosta de luxo. Quem gosta de lixo é intelectual”. a quem o gurpo d erock paulistano Titãs respndeu cantando: “Não é por não falar/em felicidade/Que eu não goste/de felicidade”, na canção Não É Por Não Falar, de 1991.

Polêmica vencida, a festa popular se agigantou, mas o carnaval de rua continua mais vivo do que nunca. A grandiosidade dos desfiles principalmente do Rio e de São Paulo conquistam cada vez mais fãs, mas o “nosso samba ainda é na rua” como canta Chico Buarque em Quem Te Viu, Quem Te Vê, em 1966 onde complementa: “Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria/Quero que você assista na mais fina companhia/Se você sentir saudade, por favor não dê na vista/Bate palmas com vontade, faz de conta que é turista”.

Milhões de foliões vão atrás dos trios elétricos e blocos fazendo o maios espetáculo popular do planeta, antigamente em três dias, hoje cinco, seis ou mais e o principal é que “nós não vamos pagar nada”, como acentua o roqueiro Raul Seixas. Somente na capital paulista a programação da prefeitura garante blocos desfilando em todos os bairros paulistanos. Os desfiles de escolas de samba ganharam o país em muitas cidades, mas os maiores dstaques são para o Rio e SãoPaulo, ilcusive o Sambódromo carioca completa 30 anos neste carnaval

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As principais festas carnavalescas do país concentram-se, além do Rio, em São Paulo, Salvador, Recife e Olinda. Na capital paulista se assemelha ao Rio com forte destaque para o desfile das escolas de samba. Em Salvador, Dodô e Osmar saíram em cima de um carro tocando em instrumentos adaptados. Anos mais tarde incorporaram mais um elemento a dupla e em cima de um caminhão circulavam pelas ruas da capital baiana. Surgia o trio elétrico. Também surgiram diversos blocos de afoxé, dos quais existem dezenas de blocos soteropolitanos, dentre eles o Filhos de Gandhy que completa 65 anos em 2014. Em Recife e Olinda o carnaval fez seu casamento com o frevo, ritmo mais velho que o samba. A folia pernambucana cresceu com os gigantescos blocos e bonecos semelhantes aos desfiles europeus. Ninguém fica indiferente ao carnaal brasileiro, goste ou não de sua alegria.

A música popular brasileira se identificou com a folia, incorporado ao calendário da igreja católica na Idade Média. Desde os primórdios do carnaval no país começaram a surgir marcinhas feitas especialmente para a festa. A primeira foi Ô Abre Alas, de Chiquinha Gonzaga, em 1899. Daí todos os anos diversos compositores principalmente no Rio compunham marchinhas exclusivamente para a folia. Muitas delas, porém, são cantadas ainda hoje devido ao seu valor e atualidade. A sensível Pastorinhas, de 1934, de Noel Rosa e João de Barro é uma das mais lembradas.

Vários sambas-enredos não perderam o compasso e caíram nas braços do povo como Kizomba (palavra angolana que significa festa popular) da escola de samba carioca Vila Isabel, que cantava meses antes da promulgação da Constituição em 1988: “Sacerdote ergue a taça/Convocando toda a massa/Neste evento que congraça/Gente de todas as raças/Numa mesma emoção/Esta Kizomba é nossa Constituição”. Dentre centenas de sambas-enredos clássicos da MPB, Caetano Veloso gravou É Hoje, de Didi e Mestrinho, da escola Ilha do Governador (RJ) em 1982. Este samba sintetiza a ideia do carnaval feito no Brasil: “É hoje o dia da alegria/E a tristeza, nem pode pensar em chegar.”

Marcos Aurélio Ruy – Portal CTB

Vídeos de músicas carnavalesca:

 Ô Abre Alas (Chiquinha Gonzaga)

É Hoje (Didi e Mestrinho)

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