Cerca de 200 policiais militares e bombeiros ocupam, desde a quarta-feira, 26, a Câmara Municipal de São Luís, capital do Maranhão, para reivindicar a abertura de diálogo com o governo do estado para cobrar direitos trabalhistas. A Central dos Trabalhadores e Trabalhadores do Brasil (CTB), secção do Maranhão, está apoiando categoria que reivindica a valorização salarial e cobra melhorias no ambiente de trabalho.
Para o presidente estadual da CTB/MA, Júlio Guterres, que acompanha de perto a luta dos militares, a reivindicação é legítima e justa. “Uma categoria que merece respeito e deve ser valorizada, porque garante a segurança da sociedade, arriscando a própria vida. A CTB está dando todo o apoio à greve e cobrando celeridade do governo no atendimento da pauta”, afirma.
A iniciativa de ocupar o Legislativo Municipal, com barracas e colchões, surgiu, na quarta-feira, 24, após três reuniões que não tiveram sucesso. Os trabalhadores tentam abrir, desde o início do ano, uma negociação com o governo do estado para discutir as reivindicações da categoria.
Entre elas estão a anistia administrativa e irrestrita aos trabalhadores que estão em greve, o reajuste salarial de 18%, que foi concedido aos demais servidores públicos do estado em 2014, e o retorno do índice salariais de 1992.
Além disso, os militares também reivindicam o cumprimento da jornada de trabalho semanal. Segundo eles, atualmente o trabalhador não tem uma jornada fixa e pode ser convocado, a critério dos superiores, a qualquer momento, o que prejudica a qualidade de vida. “Outras instituições públicas evoluíram, enquanto a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros ainda estão com um regimento da época da ditadura. Também precisamos conquistar os direitos que outros trabalhadores já adquiriram”, ressalta o cabo Mendonça, um dos representantes do movimento.
Os militares prometem ficar acampados até o governo iniciar o diálogo com a categoria. Eles criticam a governadora Roseana Sarney (PMDB) pela iniciativa de considerar o movimento como eleitoreiro e não apresentar soluções aos problemas. “No lugar de ir a Assembleia Legislativa, optamos pela Câmara Municipal, que é um ambiente mais neutro em relação ao governo do estado. Sabemos do momento pré-eleitoral e queremos apenas resolver os problemas da categoria”, afirma o Cabo Mendonça.
De acordo com dados do comando de greve, em todo o estado, cerca de 85% do bombeiros e policiais estão em greve. O comando ainda acrescenta que, em alguns municípios, a mobilização atinge 100% do efetivo e já tem causado mudança na rotina da cidade.
Por falta de segurança nas ruas da capital maranhense, os rodoviários decidiram, em assembleia, que vão retirar, a partir da sexta-feira (28), todos os ônibus em circulação após às 18h. Os trabalhadores temem que a falta de policiais nas ruas possa aumentar o índice de assaltos, que está em cerca de 50 registros por mês. Segundo o Sindicato dos Rodoviários, a medida vai continuar até que a segurança se restabeleça.
