Os conflitos da adolescência, em filme sensível

Léo (Ghilherme Lobo) só escuta Bach, Beethoven e outros clássicos, não sabe nada de música pop. Ainda não deu o primeiro beijo, não sabe o que fazer do futuro e quer se tornar independente, como todo adolescente. Mas o mundo de Léo é ainda mais particular: ele é cego. O filme toca sutilmente nos preconceitos cotidianos, como em relação aos deficientes físicos, à orientação sexual ou, simplesmente, gosto musical.

“Hoje eu quero voltar sozinho” é um filme sobre autoconhecimento. No momento em que tudo começa a mudar, o protagonista entra em atrito com os pais, quer conhecer coisas novas; chega Gabriel (Fábio Audi) para ser não mais um guia em sua vida, papel exercido pelos pais e pela melhor amiga, Giovana (Tess Amorim), mas um companheiro, parceiro. O início da amizade o fará sentir coisas até então desconhecidas, será obrigado a lidar com o ciúme da melhor amiga e, principalmente, o que é desejar alguém. E mais: do mesmo sexo que ele.

O filme mostra de forma sensível as descobertas e conflitos desse personagem que é naturalmente deslocado. Trata o diferente como protagonista e suas particularidades com naturalidade.

O filme marca a estreia de Daniel Ribeiro como diretor de longas-metragens e já ganhou o prêmio de Crítica do júri de Berlim, além de ser escolhido para representar o Brasil no prêmio ainda inédito de Melhor Filme Estrangeiro do Oscar. É baseado no curta “Eu Não Quero Voltar Sozinho”, de 2010, que repercutiu no YouTube, com mais de 3 milhões de visualizações.

Por Raul Duarte, publicado originalmente no Olho Crítico, ed. 04

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