A cegueira política

Existiram no Estado do Rio de Janeiro, nas décadas de 80 e 90, dois tipos de cegueira política: a do brizolismo e a pior de todas, o antibrizolismos. A primeira era o pirilampo em volta da lâmpada, que via Leonel Brizola como “a luz” a tudo iluminar e aquecer (até mesmo o bolso de alguns espertos – à revelia do Lider de notória honestidade), e que pouco contribuiu para o fortalecimento do projeto que Brizola anunciava, a outra, o preconceito ao político popular que tinha o olhar voltado às grandes questões nacionais, como o combate ao monopólio da mídia, a defesa dos direitos humanos para os pobres (já que os ricos sempre tiveram “direitos demais” no Brasil) e a defesa da EDUCAÇÃO PÚBLICA – foi dele a mais generosa proposta de ensino para as crianças pobres do estado do RJ, que tive a oportunidade de testemunhar: uma escola descente, idealizada por Oscar Niemeyer, prédios suntuosos à sinalizar que o futuro chegara, uma educação emancipadora, por Darcy Ribeiro, de tempo integral.

Os antibrizolistas odiavam Brizola por isso e, mais, pelos seus postulados de esquerda, odiavam pelas suas virtudes, em abundância, e não pelos seus defeitos. O legado do Lider não pode sucumbir à cegueira.

O que vemos hoje, no Brasil, diante da decadência do PT e seus líderes: o lulapetismo, a busca de esconder seus erros, anteriormente tão combatidos nos adversários e hoje generalizado no PT, com seus principais dirigentes na cadeia e o distanciamento de bandeiras históricas, como a defesa da classe trabalhadora e do projeto nacional soberano, para o povo, este, “a carta aos brasileiros”, tratou de sepultar em 2002 para ganhar a eleição e que nos levou a esta tragédia que se abateu sobre a vida nacional. Os erros do PT que atingiu de morte o projeto da frente popular e toda a esquerda.

Não me refiro à corrupção, que perpassa por todos os partidos, sistêmica, eleitoreira, mas, a cegueira que impede o PT de fazer autocrítica, tão necessária para a esquerda corrigir rumos, e que talvez seja tarde demais para o PT com seu hegemonismo e exclusivismo. Do outro lado temos o antipetismo. O ódio ao PT tem muitos significados: a construção e a liderança no campo da esquerda; a chegada ao poder do “sapo barbudo”, intolerável para as elites que o tem atravessado na garganta; dói mais para as elites, o sucesso inicial do governo da frente Brasil Popular, a inclusão da população pobre através das políticas sociais; o avanço da renda da população e do emprego. É Isso que eles odeiam, a pssibilidade um governo de viés popular dar certo. Mesmo assim, não nos enganemos o ódio ao PT (que tem um monte de defeitos), é o ódio a esquerda, as politicas de inclusão, distribuição e a defesa da soberania diante da sanha do capital.

Diferente do PT. Sobre a presidente Dilma nada justificam os ataques, afinal, sobre ela nada se comprovou de desvio que justifique a tentativa de impedimento. É também pelas suas virtudes que a direita quer impedi-la de cumprir o seu mandato legitimado pelo voto do povo.

Que as esquerdas abram bem os olhos.

Joilson Cardoso, vice-presidente nacional da CTB e secretário nacional sindical da SSB

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