“Nesta ofensiva neoliberal, é nossa obrigação apontar caminhos à classe trabalhadora”, diz Adilson Araújo no FSM

A plenária estadual da CTB, intitulada “Os desafios dos trabalhadores diante da Crise e da Ofensiva Neoliberal”, marcou a abertura do Fórum Social Mundial Temático, que ocorre de 19 a 23 de janeiro em Porto Alegre (Rio Grande do Sul) e antecede o Fórum Social Mundial. O evento completa 15 anos desde a sua primeira edição, em 2001. A atividade organizada pela Central aconteceu no auditório da Fetag e contou com a presença de lideranças sindicais vindas de diversas regiões do país, além de parlamentares, trabalhadores e curiosos sobre o assunto.

A mesa presidida pela secretária-geral da CTB-RS, Eremi Melo, contou com personalidades de peso do movimento sindical que contribuíram para um debate enriquecedor. O primeiro a falar foi o presidente da CTB-RS, Guiomar Vidor, que ao saudar o público, destacou a importância do Fórum. “O Fórum Social Mundial cumpriu um papel estratégico no momento de sua criação em que o neoliberalismo se apresentava como uma ideologia única. Conseguimos, naquela época, mostrar que outro mundo era possível”.

Guiomar acrescenta que, a partir de então, iniciou-se um ciclo de governos democráticos que enfrentaram a tese do neoliberalismo. “Conquistamos muitos avanços sociais e econômicos. Não podemos perder essas conquistas. Esse é o debate que a CTB busca fazer nessa plenária. A ofensiva do neoliberalismo e as opções que temos para enfrentar esse momento político. Temos como centralidade trocar ideias e solidificarmos opiniões para que possamos enfrentar esse 2016 que prevê grandes batalhas. A CTB tem um papel fundamental para que possamos de fato construir vitórias para a classe trabalhadora e sociedade brasileira. Desejo um Fórum com bons debates para que possamos avançar nas conquistas dos trabalhadores brasileiros que são quem realmente produzem a riqueza do nosso país. A CTB acredita que outro mundo é possível”, defendeu Vidor.

Também compondo a mesa, o vice-presidente nacional da CTB, Vicente Selistre, afirmou que o desafio é grande e o debate é extremamente importante para que se possa enfrentá-lo. “O Fórum é o momento ideal de fazermos grandes reflexões”, disse. Já o vice-presidente da CTB-RS, Sérgio de Miranda, também diretor da Fetag, falou em nome da federação sobre a alegria de acolher diversas categorias e pessoas vindas de muitos estados, no auditório da entidade. Miranda também aproveitou a oportunidade para trazer alguns questionamentos à tona.

“Desde que o Fórum foi criado vivemos grandes avanços, mas também nos deparamos com algumas tentativas de retrocessos. Trabalhadores do campo e da cidade estão expostos com a atual Câmara dos Deputados e Senado, conservadores ao extremo. O debate sobre reforma agrária saiu da pauta de discussões do Congresso e quando mostrado em reportagens é retratado de forma negativa. Precisamos retomar essas discussões. 2016 será um ano de muita luta, em que devemos garantir que ninguém mexa nos direitos dos trabalhadores”, ratificou.

A integrante do Coletivo de Mulheres da CTB-RS e presidente do Conselho Nacional dos Direitos da Mulher, Silvana Conti, defendeu que a questão central do Fórum é como elaborar a luta contra o imperialismo. “Nós, da classe trabalhadora, temos o objetivo central de fazermos a luta de classe, mas cada um tem as suas especificidades, então essa reunião de homens e mulheres vindos de várias partes do mundo traz um elemento essencial para a discussão proposta no Fórum. Parece que os golpistas estão adormecidos, mas engana-se quem pensa assim. Precisamos seguir lutando pela democracia e legitimando a presidente mulher que temos. Não podemos permitir nenhum retrocesso e devemos seguir em busca da igualdade de gêneros”.

Também participaram da plenária, o secretário de relações internacionais da CTB, Divanilton Pereira, e um convidado internacional da Federação Sindical Mundial, vindo do Uruguai, Eduardo Burgos. Aproximadamente, 250 pessoas participaram da atividade, com presença expressiva das mulheres.

Adilson Araújo: “O FSM é o momento do movimento sindical apontar aos trabalhadores qual o melhor caminho a seguir”

O presidente nacional da CTB, Adilson Araújo, veio a Porto Alegre especialmente para participar do Fórum. Na Plenária, contou para os participantes sobre a decisão tomada pela diretoria de participar do evento. “Iniciamos um diálogo interno na CTB e percebemos que seria muito importante participar desse momento ímpar. O mundo reclama de uma grave crise internacional e com o agravamento dessa crise compete à classe trabalhadora enfrentar esse quadro. Nunca foi tão importante fazer uma análise de conjuntura e tirar conclusões”, afirmou.

Araújo falou sobre passado e presente do movimento sindical. “Conseguimos sobreviver ao ano passado cheio de cachorros loucos. O quadro é bastante adverso. Precisamos de fato analisar com mais propriedade os elementos que se apresentam e que tem relação direta com a crise do capitalismo. É nossa obrigação apontar qual será o caminho que os trabalhadores devem seguir nessa ofensiva do neoliberalismo. Nenhuma crise dura para sempre, precisamos apostar numa política de desenvolvimento. A classe trabalhadora precisa de conhecimento e rebeldia. Se dependermos da agenda do Cunha perderemos esse ciclo virtuoso que possibilitou que criássemos esse movimento de valorização do salário mínimo nacional. Mesmo com todo esse conservadorismo, o Governo encerrou o ano aprovando um reajuste para o salário mínimo nacional acima da inflação”, relembrou.

“Diante do fator crise, precisamos resistir. Esse Fórum é um elemento importante, mas ele não pode mais se limitar a contestar o problema. Hoje, é necessário saber qual o caminho. A América Latina está sofrendo um cerco total. É ingenuidade achar que todos os problemas do Brasil são em consequência apenas de erros da presidenta Dilma. A orientação neoliberal é quebrar a esquerda brasileira e junto o movimento sindical, por isso, precisamos nos encorajar”, defendeu Adilson.

O presidente nacional da CTB também criticou o governador Sartori pela indefinição sobre o reajuste do piso regional para este ano. “No ano passado, conseguimos consagrar uma política de valorização do mínimo regional que ficou 30% acima do salário mínimo nacional e como é que esse governo de hoje nos trata? Reivindicamos 11,55% e o que nos é oferecido pelos empresários fica bem abaixo da inflação. Vamos lutar pelo reajuste digno aos trabalhadores gaúchos. O Brasil sobreviverá se fizermos a opção de lutar contra o golpismo e pela democracia, com o intuito de salvaguardar os reais interesses da nação que passa sobretudo pela manutenção do mandato da presidente Dilma Rousseff”, finalizou.

Texto: Aline Vargas – CTB-RS

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