Entidades e lideranças brasileiras lançam manifesto contra anistia a opositores venezuelanos

Em resposta à visita dos deputados Luis Florido e Williams Dávila ao Brasil, ambos eleitos em dezembro e membros da oposição venezuelana, entidades estudantis, sindicais, dos movimentos sociais e de direitos humanos brasileiras emitiram um manifesto em repúdio aos projetos defendidos pelos parlamentares, que fazem oposição agressiva ao atual governo de Nicolás Maduro.

A delegação venezuelana integra a Comissão de Política Exterior, Integração e Soberania que será recebida pelo chanceler brasileiro, Mauro Vieira, nesta quinta-feira (25), além de se encontrar com senadores do PSDB e ter uma audiência no Senado. Florido e Williams Dávila, deputados dos partidos de direita Voluntad Popular e Ación Democratica, se reuniram também com o presidente da Fiesp, Paulo Skaf (na foto acima), em São Paulo, na primeira etapa da viagem.

O manifesto afirma que a direita brasileira, na figura de lideranças do PSDB e do empresariado, “está se aliando aos deputados venezuelanos no pedido de liberdade e anistia aos responsáveis pelo assassinato de 43 pessoas em ações violentas e antidemocráticas promovidas pela oposição contra o governo”.

Um dos principais motivos da visita ao Brasil, segundo os deputados venezuelanos, é denunciar a “crise de direitos humanos” que vive a Venezuela e angariar apoio internacional para uma Lei de Anistia, em debate na Assembleia Nacional. Esta lei “perdoaria” criminosos como Leopoldo López, que instigou a violência golpista que resultou em hospitais e escolas públicas depredadas e na morte de dezenas de pessoas.

O documento assinala ainda que ambos, Florido e Dávila, representam a ultradireita conservadora e que estiveram à frente da fracassada tentativa de golpe ao então presidente Hugo Chavez, em 2002, e de ações violentas chamadas de “guarimbas, que causaram motins e mortes no estado de Merida. Confira a íntegra do manifesto: 

Manifesto de solidariedade à Venezuela e repúdio à anistia dos golpistas e assassinos das Guarimbas

Os deputados venezuelanos Luis Florido y Williams Dávila – oposicionistas do governo de Nicolás Maduro e da Revolução Bolivariana e atuais membros da Comissão de Política Exterior da Assembleia Venezuelana – estão em missão no Brasil para realizar diversas reuniões com o objetivo de angariar apoios para suas ações golpistas e antidemocráticas, que já caracterizam a biografia de ambos.

Luis Florido é membro da ultradireita venezuelana, do Partido Voluntad Popular, o mesmo de Leopoldo López, condenado e preso por delitos durante as ações conhecidas como “guarimbas”, em fevereiro de 2014, que tinham por objetivo desestabilizar o país, rompendo a ordem institucional e dando um golpe ao Governo de Nicolás Maduro. Essas ações provocaram a morte de 43 pessoas. Já Williams Dávila é o máximo representante do golpismo no estado de Mérida, envolvido no fracassado Golpe de Estado a Hugo Chávez em 2002 e nas “guarimbas” em seu estado.

Como parte de sua “missão” ao Brasil, de 23 a 25 deste mês, os golpistas venezuelanos já realizaram reuniões em São Paulo, com o governador Geraldo Alckmin, do PSDB, e com presidente da FIESP, Paulo Skaf, e, em Brasília, com o senador tucano Aécio Neves. Também está prevista na capital federal agenda dos dois deputados com a Comissão de Relações Exteriores do Senado brasileiro, hoje presidida pelo senador do PSDB, Aloysio Nunes Ferreira – que esteve presente em atos pedindo a volta da Ditadura Militar e o Impeachment da Presidente Dilma.

Isso demonstra claramente a articulação entre representantes do golpismo, do conservadorismo e do retrocesso na Venezuela e do Brasil, que ademais fazem parte desta ofensiva conservadora que têm vivido os governos progressistas da América Latina.

Segundo declarações dos próprios deputados venezuelanos, um dos principais motivos de sua visita ao Brasil é denunciar a “crise de direitos humanos” que vive a Venezuela, angariando apoio internacional para uma Lei de Anistia, em debate na Assembleia Nacional, que perdoaria criminosos como Leopoldo López, que instigou a violência golpista que resultou em hospitais e escolas públicas depredadas e na morte de 43 pessoas inocentes.

Denunciar uma crise de direitos humanos no país latino-americano que mais teve conquistas nos direitos humanos nos últimos 15 anos é no mínimo uma ironia. A República Bolivariana da Venezuela, sob a liderança de Hugo Chávez e de Nicolás Maduro, conquistou direitos básicos para a vida de sua população, como a educação (acabando com o analfabetismo no país), a moradia, a universalização da saúde, um sistema político e eleitoral eficiente, seguro e reconhecido internacionalmente, dentre tantos outros.

São inumeráveis as conquistas sociais e democráticas que a Revolução Bolivariana trouxe à população venezuelana. Hoje o país luta contra os ataques da direita, contra o pensamento único da mídia internacional e contra a crise econômica, de dimensão internacional, que atinge fortemente o país pelas baixas dos preços do petróleo. E, ainda assim, segue firme em seus ideais e valores da Revolução Bolivariana, e acaba de propor um conjunto de medidas de enfrentamento a esse difícil momento, sem recorrer à cartilha neoliberal e sem penalizar os trabalhadores por uma crise que é do capital internacional.

Diante desse quadro, os movimentos populares brasileiros e os intelectuais, artistas, cidadãos e cidadãs abaixo assinados reafirmamos nossa solidariedade à Revolução Bolivariana e nosso apoio à continuidade do projeto que trouxe tantos benefícios ao povo venezuelano e à integração latino-americana. Ademais, repudiamos todos os atos de violência que pretendem desestabilizar o país e promover o golpismo e a proposta de Lei de Anistia que perdoaria assassinos, golpistas e delinquentes.
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*Enviar adesões até 25/02, 5ª Feira, 17h, para o email secretaria@albamovimientos.org.br
** O Manifesto será publicado na atividade de Lançamento do Livro “Agitprop. Cultura Política”, no Teatro de Arena em São Paulo – SP.

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ASSINAM:
Fernando Morais, escritor, São Paulo.
João Pedro Stédile, MST, Via Campesina.
CMP – Central de Movimentos Populares
CONEN – Coordenação Nacional de Entidades Negras
Consulta Popular
CTB – Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil
Levante Popular da Juventude
MAB – Movimento dos Atingidos por Barragens
Marcha Mundial das Mulheres
MMC – Movimento de Mulheres Camponesas
MPA – Movimento dos Pequenos Agricultores
MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
UNE – União Nacional dos Estudantes
União da Juventude Socialista (UJS)
Via Campesina Brasil

Portal CTB

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