A Linguagem Semiótica no centro do golpe em curso no Brasil

Nunca imaginei que teria de recorrer tanto ao aprendizado em Semiótica quando fiz Jornalismo para entender a linguagem de signos e significados (mensagem subliminar) que a mídia nos aplica todos os dias em conluio com os conspiradores que querem a queda de Dilma. E o mês de abril é emblemático nesta leitura.

Os fatos e a História

Às vésperas do Dia 21 de abril, quando relembramos a morte por enforcamento de Tiradentes, o Senado recebe a votação do impeachment da Câmara dos Deputados. Tiradentes foi condenado à forca no movimento que mais tarde ficou conhecido como Inconfidência Mineira.

Imediatamente com o movimento do Brasil atual, o vice-presidente é tachado de Silvério dos Reis, o traidor na emboscada de Tiradentes. Mas quem foi esse cidadão? Considerado o patrono dos delatores, do movimento, “Inconfidência Mineira”, só restou o ideal, porque os conspiradores foram denunciados pelo coronel Joaquim Silvério dos Reis, que contou o plano ao Visconde de Barbacena, traindo os companheiros em troca de pensão para o resto da vida, perdão de suas muitas dívidas, cargo, mansão e medalha para o peito infame. O Visconde de Barbacena imediatamente suspendeu a “Derrama” e mandou prender os inconfidentes.

Dia 22 de abril: Data que marca o (re)descobrimento do Brasil, mesma data em que Dilma discursou no ONU em 2016 e denunciou o golpe em curso no Brasil. E é perseguida por dois tiranos deputados enviados por Eduardo Cunha para vigiar seus passos na ONU e contrapor a sua fala para tentar desfazer para o mundo a tese de golpe no Brasil, denunciada pela mídia internacional e colocando a Globo no epicentro do golpe, como fez a emissora em 1964 quando se instalou no Brasil o regime militar, a ditadura.

Em 22 de abril de 1500 chegava ao Brasil 13 caravelas portuguesas lideradas por Pedro Álvares Cabral. À primeira vista, eles acreditavam tratar-se de um grande monte, e chamaram-no de Monte Pascoal.
No dia 26 de abril de 1500 (dia em que serão escolhidos presidente e relator da comissão de impeachment no Senado), foi celebrada a primeira missa no Brasil (fundamentalismo religioso que assistimos à exaustão na votação do Impeachment na Câmara).

Após deixarem o local em direção à Índia, Cabral, na incerteza se a terra descoberta se tratava de um continente ou de uma grande ilha, alterou o nome para Ilha de Vera Cruz. Após, no conceito continente passou a chamada de Terra de Santa Cruz. Somente depois da descoberta do pau-brasil, ocorrida no ano de 1511, nosso país passou a ser chamado pelo nome que conhecemos hoje: Brasil.

Dia 12 de maio, véspera da abolição da escravatura no Brasil, ocorrida em 13 de maio. A Lei Áurea foi decretada pela Princesa Isabel em 1888 para acabar com a questão da escravidão no Brasil Império.

Pois bem. No dia 12 de maio é a data prevista para ser votada no plenário do Senado a admissibilidade ou não do impeachment de Dilma. Se vingar, ela ficará afastada do cargo por até 180 dias, podendo voltar, ou não. O que isso quer dizer? A turma dos conspiradores liderados por Cunha e Temer Silvério dos Reis querem deixar a marca na História.

São sinais que se essa dupla assumir, haverá praticamente a volta da escravidão, porém, em outros moldes do capitalismo atual, travestida de terceirização e retirada de todos os direitos trabalhistas e enxugamentos dos direitos sociais como Bolsa Família, ProUni, Minha casa Minha Vida e outros. Além da venda das nossas riquezas, como o pré-sal, para o Capital Internacional (rendição ao imperialismo dos EUA).

E outra: notificar Dilma de seu provável afastamento em 13 de maio tem um significado enorme. Retira o PT do poder, seguindo a defesa e o sentimento do antipetismo criado na sociedade com a ajuda da grande mídia, justamente no dia 13 (mesmo número da legenda) exatamente numa sexta-feira, que, segundo tradição, era alusivo ao Dia das Bruxas. Ao mesmo tempo, ilustra o retrocesso nas políticas públicas, demonstrando que a chamada Ponte para o Futuro não passa de uma pinguela para o atraso.

Roberto Carlos Dias é jornalista, historiador, pós-graduado em Jornalismo Político e secretário de Comunicação do PCdoB Caxias do Sul (RS).

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