Por Professora Francisca
O Brasil se tornou independente de Portugal há 202 anos, no dia 7 de setembro, quando – conta a história oficial – Dom Pedro I, deu o Grito do Ipiranga, no que é hoje São Paulo, a maior metrópole da América do Sul.
A data é importante porque mudou a história do país que deixou de ser colônia e se transformou num Império. Manteve a escravidão intacta, no entanto, porque os donos do poder na época derrotaram os independentistas mais avançados, que lutavam pela República e pelo fim da escravidão.
O processo de luta pela independência foi árduo com muitas guerras travadas, muitas insurgências contra a coroa portuguesa e contra o sistema escravista, lutas nas quais a classe trabalhadora sempre esteve presente.
Em toda a nossa história, os povos originários resistiram à opressão europeia, assim como os milhões de escravizados, trazidos à força do continente africano, travaram lutas contra o sistema que os oprimia. As trabalhadoras e os trabalhadores se levantaram contra toda a opressão, mas não tiveram força suficiente para impor transformações mais profundas em nossa sociedade.
Mudanças mais avançadas vieram após a Abolição, em 1888, e a República em 1889. Mesmo assim, as velhas oligarquias se mantiveram no poder. Os seus alicerces só foram balançados com a Revolução de 30, com Getúlio Vargas na liderança.
Apesar de promover o Estado Novo em 1937, uma ditadura, o governo de Getúlio visou o fortalecimento da identidade nacional. Foi derrubado em 1945, voltou eleito em 1950, suicidou-se em 1954 e evitou o golpe de Estado que ocorreria dez anos depois.
Em 1964 João Goulart foi deposto por um golpe de Estado articulado com amplos setores da burguesia nacional e as Forças Armadas, sob a custódia do governo dos Estados Unidos. Essa ditadura ferrenha durou 21 anos.
O Brasil passou a respirar ares democráticos a partir de 1985 e com mais força a partir da promulgação da Constituição em 1988. Mas o grito de independência ecoou mais forte com a eleição do presidente Lula em 2002, com amplo poio popular.
A burguesia entreguista novamente articulou um golpe que obteve êxito em 2016 com a deposição da presidenta Dilma Rousseff. Dois anos depois era eleito Jair Bolsonaro com apoio de quase toda a direita brasileira. Foram quatro anos de desgoverno e entreguismo absolutos.
Após seis anos de fortalecimento das ideias fascistas, a nossa bandeira e a democracia foram retomadas em 2022, com a terceira eleição do presidente Lula. Mas continuamos enfrentando essa extrema-direita que ainda tem força em amplos setores da sociedade.
Dessa forma, a luta pela independência se faz todos os dias nas ruas e nas redes. Sem a nossa resiliência e resistência, o futuro vira uma incógnita submetido a ideias fascistas e de submissão ao capital financeiro. A conclusão que se faz é que quem faz a independência do Brasil somos nós. Vamos à luta hoje e sempre.
Professora Francisca é diretora da Secretaria de Assuntos Educacionais e Culturais da Apeoesp – Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo, da Saúde da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Educação (CNTE), secretária de Finanças da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e diretora da CTB-SP.